Parada de revolucionários na Praça Vermelha , Moscou, em 4 de março de 1917.
Autor desconhecido/Arquivo estatal russo de documentos de foto e vídeo/Domínio públicoEm apenas nove meses, em 1917, ocorreram duas revoluções na Rússia que mudaram para sempre o destino do país. Em fevereiro, a monarquia russa entrou em colapso e, liderados por Vladímir Lênin, os bolcheviques, que defendiam a revolução socialista e a instalação da ditadura do proletariado, com uma aliança entre operários e camponeses, tomaram o poder no país.
Lênin (esq.) e Stálin (dir.), 1922.
SputnikLênin queria criar a URSS como uma associação de repúblicas independentes e igualitárias que seria a base da unidade de todos os países socialistas. Lênin não queria um Estado centralizado, dizendo que isso seria antidemocrático. Mas, no final das contas, quem venceu foi Stálin, segundo líder soviético, com seu plano de transformar a URSS em um Estado autoritário e centralizado, encabeçando uma ditadura e repressões em massa.
Metalúrgica, 1931.
Aleksandr Rôdtchenko/MAMM/MDF/Russia in photoEm 1928, a URSS iniciou sua industrialização. Como resultado, a indústria virou o setor predominante da economia. Na economia planejada, foram introduzidos os planos quinquenais (ou seja, de cinco anos). Mas eles foram realizados em quatro anos, o que teve um poderoso valor de propaganda. Porém, isto impôs um fardo insuportável ao povo soviético.
Fazendas coletivas
Com o início da industrialização, a população começou a deixar as aldeias e a se mudar para cidades. Houve um enorme êxodo rural e não havia trabalhadores suficientes no campo.
Isso tudo provocou uma grande fome no país, e para tentar repará-lo o governo começou o processo de coletivização. Assim, as fazendas coletivas estatais se tornaram objetos estratégicos.
O Estado promovia a agricultura e romantizava a vida no campo por meio de cartazes e do cinema. Após a proibição das fazendas privadas, os kolkhozes (fazendas coletivas) se tornaram os principais produtores de alimentos.
O Estado controlava as fazendas coletivas estritamente, e todas as safras e lucros foram nacionalizados.
Parada de fisioculturistas em Moscou, na Praça Vermelha, 1935.
Nikolai Kubeev/TASSPara melhorar a economia do país, o governo soviético precisava melhorar a saúde da população. Assim, os esportes eram incentivados pelo governo desde a infância.
O culto ao esporte atingiu seu apogeu na URSS na década de 1930, quando desfiles extravagantes começaram a ser realizados na Praça Vermelha.
Escola no Extremo Oriente russo, 1934.
Mikhail Prekhner/MAMM/MDF/Russia in photoAlguns anos antes da revolução, apenas 20% da população russa sabia ler e escrever. Havia, portanto, a necessidade de alfabetizar e educar proletários e camponeses, os membros da nova classe dominante, para que participassem da vida pública e aumentassem sua produtividade.
Por isso, uma das primeiras e mais amplas campanhas dos bolcheviques foi a de eliminação do analfabetismo e promoção da educação. Assim, de acordo com o censo populacional de 1926, cerca de 50% da população russa já estava alfabetizada. Em 1939, esse número chegou a quase 90%.
Trabalhador com a família na dátcha, na região de Moscou, em 1953.
David Cholômovitch/SputnikTer uma datcha (casa de campo) era um sonho de cada cidadão soviético. Muitas vezes estas casas de verão não tinham sequer água corrente ou esgoto, eram praticamente um chalé, com comodidades mínimas, e ficavam vazias e frias durante a maior parte do ano. Mas era ali que o homem soviético se sentia verdadeiramente feliz!
O primeiro homem a ir ao espaço, Iuri Gagarin. Foto de 1961.
TASSA partir da década de 1950, a corrida espacial passou a ser levada a sério por milhões de soviéticos. As pessoas choraram de felicidade quando a União Soviética se tornou o primeiro país na história a enviar o homem ao espaço (Iuri Gagarin, em 1961), quando o cosmonauta Aleksêi Leonov foi o primeiro a sair para o espaço sideral (em 1965) e Valentina Tereshkova foi a primeira mulher a ir ao espaço (1963).
50° subbôtnik comunitário nas ruas de Moscou, 1969.
Boris Uchmáikin/SputnikA limpeza da neve, a retirada do lixo e a varredura de folhas de árvores, assim como o plantio de árvores e flores estão hoje a cargo das prefeituras e de ativistas ecológicos. Mas, na União Soviética, a cada primavera, quase toda a população trabalhava sem receber nada por isso, apenas para tornar agradável seu bairro, escola ou universidade após os longos invernos russos.
Isso se chamava “subbôtnik”, já que geralmente acontecia aos sábados (“subbôta”, em russo, significa "sábado"). Mais tarde, os “subbôtniks” se tornaram obrigatórios.
Máquinas automáticas no GUM, em Moscou, 1959-1964.
Harrison Forman/Arquivo de Leonoro Karel/Russia in photoHavia máquinas de venda automática de refrigerantes em todos os parques: depois de se encher de algodão doce e sorvete, as pessoas acabavam com muita sede. Assim, ela normalmente podia escolher entre água com gás ou com calda.
O assustador é que todos bebiam no mesmo copo de vidro, que era apenas enxaguado com água!
Implosão da catedral de Cristo Salvador em Moscou, 1931.
TASSA religião e a Igreja eram consideradas sérios obstáculos à criação do novo "homem soviético". Assim, o governo da URSS declarou uma verdadeira guerra àquele que era considerado o "ópio do povo".
As terras da Igreja foram nacionalizadas e iniciou-se uma campanha para confiscar objetos de valor da Igreja, perseguir e executar clérigos. De acordo com estimativas diversas, até 100 mil pessoas teriam sido vítimas das repressões contra a Igreja Ortodoxa na URSS.
Cantina de fábrica em Leningrado, 1969.
Blokhin Maksim, Pável Fedotov/TASSAs cantinas públicas eram uma característica distintiva do novo país. A ideia era que elas libertassem a mulher soviética da escravidão da cozinha, com todo o tempo que perdiam à beira do fogão preparando refeições. Assim, as mulheres poderiam utilizar seu tempo na construção do socialismo.
Parada do primeiro de maio em Moscou, 1957.
David Cholômovitch/SputnikO dia 1º de maio, feriado que celebra o dia do trabalho e o início da primavera, apareceu ainda nos tempos tsaristas, mas se tornou um dos mais importantes na época da URSS.
Grandes e coloridas demonstrações eram realizadas na data nas principais praças de todo o país, reunindo adultos e crianças. A participação na manifestação era obrigatória, e quem tentava evitá-la levantava suspeita de não ser um cidadão confiável.
24 de junho de 1945.
Maks Alpert/TASSA primeira Parada da Vitória foi realizada na Praça Vermelha logo após a guerra, em 1945. O país perdeu quase 27 milhões de cidadãos na guerra contra os nazistas.
Fila no funeral de Stálin, 1953.
SputnikEm março de 1953, morreu o ditador soviético Ióssif Stálin. Dezenas de milhares de pessoas foram a Moscou para ver o corpo do líder, mas o governo não conseguiu organizar o funeral.
O resultado foi um enorme tumulto causado por uma superlotação. Até agora, as estimativas de quantos morreram naquele dia variam de algumas dezenas a vários milhares de pessoas.
Cena do filme documentário "Os moscovitas em 1941". Mulheres soviéticas nas fábricas.
SputnikA URSS era um país de igualdade de gênero. Desde o início, os bolcheviques igualaram os direitos de homens e mulheres no nível legislativo. A mulher recebeu o direito de escolher sua ocupação e local de residência, estudar, casar e divorciar-se, além de ter um salário igual ao dos homens. Mas as mulheres também realizavam trabalhos físicos pesados, trabalhavam como operárias de máquinas pesadas, lavravam campos e trabalhavam nas minas.
Fila para comprar vodca, 1985.
Aleksandr Abaza/MAMM/MDF/Russia in photoNa URSS era necessário esperar anos para comprar um carro ou até mesmo móveis para casa. Alimentos e roupas também eram escassos em todo o país. Filas intermináveis eram uma coisa comum para todo o povo soviético.
"O velho e o novo", anos 1960.
Ivan Cháguin/МАММ/МDF/Russia in photoQuando um grande número de pessoas migrou para as cidades, o problema da moradia se tornou crítico. Apenas o líder soviético Nikita Khruschov conseguiu resolvê-lo, com a construção de prédios de cinco andares idênticos por todo o país. Esses edifícios de painéis de concreto armado passaram a ser chamados de “khruschovkas”.
Pioneiros no acampamento Artek, 1963.
SputnikAs crianças iam para a escola aos 6 ou7 anos de idade e entravam para a organização pioneira aos 9. Esse movimento, equivalente ao dos escoteiros, era quase obrigatório.
Durante as férias de verão, as crianças também iam para os acampamentos de pioneiros. Os melhores deles, do ponto de vista do sistema comunista, estavam localizados em Artek, na Crimeia.
Prisioneiros constroem o canal dor Mar Branco-Báltico, 1933.
Aleksandr Rôdtchenko/MAMM/MDF/Russia in photoStálin criou uma enorme rede de campos de trabalho forçado por todo o país, do Círculo Ártico ao Cazaquistão, da Taiga até o Extremo Oriente. A Gulag (do russo, “Administração Geral dos Campos de Trabalho Correcional e Colônias”) incluía mais de 30.000 locais de detenção, usados também para punir prisioneiros políticos. Milhões de soviéticos cumpriram pena na Gulag e dezenas de milhares morreram nesses campos.
Spa em Sochi, 1964.
Ia. Khômin/SputnikEra o sonho de todo trabalhador soviético ganhar ou comprar para si uma viagem para o spa. Os resorts e spas soviéticos podiam acomodar 850 pessoas simultaneamente, mas nem todos tinham possibilidade de visitá-los.
Durante a Guerra Fria, a música ocidental (boogie-woogie, rock 'n' roll, jazz) era praticamente ilegal na União Soviética. No entanto, seus fãs encontraram um jeito de fazer cópias desses discos de vinil. Os soviéticos faziam discos caseiros gravados em chapas de raio-x usadas. Eles eram chamados de "gravação nos ossos", "gravação no tórax" ou simplesmente "tórax".
Loja de cosméticos francesa em Moscou após a queda da URSS.
Aleksandr Nemionov/TASSA Cortina de Ferro protegia o povo soviético do mundo capitalista e seus fúteis bens de consumo, mas, mesmo assim, alguns ainda conseguiram comprar jeans americanos. A calça jeans não era um peça de roupa qualquer para o povo soviético: era um símbolo de liberdade e sucesso, colecionada e especulada. Houve até quem fosse preso por ela.
Tentativa de golpe na URSS em 1991.
Valentin Kuzmin, Aleksandr Tchúmitchev/TASS“O antigo sistema entrou em colapso antes que o novo pudesse funcionar. A crise social aumentou ainda mais”: foi assim que Mikhail Gorbatchov, o primeiro e último presidente da URSS (os líderes anteriores tinham o posto de secretário-geral do Partido Comunista), explicou o colapso da União Soviética em seu discurso ao povo, em 25 de dezembro de 1991.
LEIA TAMBÉM: As 8 reformas mais importantes da história da Rússia
Para ficar por dentro das últimas publicações, inscreva-se em nosso canal no Telegram
Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: