As 8 reformas mais importantes da história da Rússia

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Desde o tsar Ivã, o Grande, até o presidente Boris Iéltsin, país teve inúmeras reformas radicais. O Russia Beyond compilou uma lista das oito mais importantes delas.

1.  O “Coletor das Terras da Rússia”

Ivã 3°, também conhecido como Ivã, o Grande, foi o Grão-Príncipe de Moscou de 1462 e até sua morte. Apelidado de "Coletor das Terras da Rússia", Ivã 3° terminou o domínio de mongóis sobre as terras russas e triplicou o tamanho de seu país.

Ivã 3° subordinou os principados da Rus antiga a Moscou, uniu todas as terras sob o governo de um único monarca e tentou introduzir um sistema de órgãos de governo conhecidos como "prikázi" - instituições semelhantes aos modernos ministérios e que coordenavam políticas em diferentes esferas da vida e em diferentes regiões do país.

2. Expansão da Rússia e conquista da Sibéria por Ivã, o Terrível

Em 1547, o Grão-Príncipe de Moscou, Ivã, o Terrível, tornou-se o primeiro tsar da Rússia. O primeiro governador de todo o país expandiu o seu território através da conquista dos Canatos de Kazan, de Astrakhan e da Sibéria, transformando a Rússia em um Estado multiétnico e multirreligioso que abrangia quase um bilhão de hectares.

Ivã 4° também reuniu o Concílio dos Cem Capítulos, um importante fórum de clérigos para resolver muitas questões e problemas da Igreja Ortodoxa Russa. Esse conselho emitiu suas decisões sob o nome de “Stoglav”, um texto que se tornou o primeiro manual para os clérigos russos.

Sob o governo de Ivã, o Terrível, em 1550 foi emitido o “Sudebnik”, o primeiro código de leis no país que deveria ser obedecido como o único e mais alto código de leis, superior a qualquer lei ou ato local.

3. A reforma monetária de Aleksêi Romanov

Antes de 1654, o sistema financeiro na Rússia era rudimentar, as grandes transações eram muito complicadas, porque moedas de grandes denominações simplesmente não existiam. As pessoas tinham que contar milhares de moedas pequenas. Ao mesmo tempo, o pequeno comércio foi dificultado pela ausência de moedas de câmbio de baixa denominação. Essa inflexibilidade do sistema monetário limitou drasticamente o desenvolvimento econômico do país.

Em 1654, o tsar Aleksêi Romanov mandou introduzir a moeda do rublo em todo o território do país. Na ausência da indústria de mineração e de produção de metais preciosos na Rússia, não havia metal suficiente para fazer novas moedas, e os primeiros rublos foram feitos a partir de táleres europeus. Embora, inicialmente, a reforma monetária tenha sido mal implementada e tenha resultado em inflação e aumento das tensões, foi o primeiro passo crucial que permitiu criar o sistema financeiro e econômico do país.

O tsar Aleksêi também é conhecido por sua reforma do sistema militar. Ele começou a convidar especialistas militares da Europa que assumiram vários postos no exército e aprimoraram as habilidades de combate dos russos.

4. Criação do Império Russo por Pedro, o Grande

Pedro 1°, também conhecido como Pedro, o Grande, foi o primeiro tsar russo a visitar países europeus. Durante sua primeira viagem ao exterior entre 1697 e 1698, Pedro 1° percebeu que a Rússia tinha ficado para trás em relação à maioria dos países europeus, em praticamente todas as esferas: social, econômica, cultural e, a mais importante, militar.

Ao retornar, Pedro começou radicais reformas em quase todas as esferas da vida na Rússia - uma iniciativa que transformaria o país em um império comparável em poder e influência às grandes potências europeias.

Pedro, o Grande, iniciou o desenvolvimento de várias indústrias que não tinham existido no país, entre elas, a de construção naval e de fiação de seda.

O primeiro imperador russo introduziu, em 1722, a "Tabela de Patentes" para funcionários civis e militares do Estado, que deveria reger a ascensão aos postos governamentais. A ideia era criar uma carreira com elementos de meritocracia que obrigasse os nobres do império a prestar serviços ao Estado concorrendo também com pessoas que não tinham origens nobres.

Pedro, o Grande, reformou o exército, construiu a primeira frota russa poderosa e introduziu um modo de vida europeu, obrigando os russos a se barbearem e usar roupas de estilo europeu.

Além de tudo isso, foi Pedro quem fundou São Petersburgo, a nova capital destinada a coroar o status da Rússia como potência europeia.

5. Carta Régia da Nobreza da Catarina, a Grande

Embora tenha sido seu marido, Pedro 3°, quem inicialmente libertou a aristocracia russa do serviço obrigatório ao exército, esse classe social surgiu oficialmente apenas durante o reinado de Catarina 2° (1762-1796).

Conhecida também como Catarina, a Grande, ela emitiu um documento conhecido como "Carta dos Direitos, Liberdades e Privilégios da nobre aristocracia russa", concedendo privilégios especiais à aristocracia russa, agora isenta do serviço militar obrigatório e com um status especial, o direito ao comércio (mesmo no exterior) e direito de formar órgãos locais autônomos subordinados à imperatriz.

A reforma mudou a vida no Império Russo e contribuiu muito para a ascensão da cultura clássica russa.

6. A emancipação dos servos por Alexandre 2°

Em 1649, foi publicado na Rússia o primeiro código legal proibindo os camponeses de deixar seus senhores a qualquer momento. Foi assim que surgiu a servidão legal na Rússia. Vender camponeses era uma prática normal da nobreza russa, que também tinha o direito de punir seus servos por delitos.

Em 1861, Alexandre 2° - que entrou na história como Alexandre “o Libertador”, embora por uma razão diferente - decretou o fim da servidão na Rússia. O Estado emprestou terras aos camponeses recém-libertados com juros de 5% a 6% por ano e, assim, criou uma nova dependência financeira. Como resultado, a reforma, que começou com as melhores intenções, levou indiretamente à Revolução, que acabou com o reinado dos Romanov em 1917.

7. Industrialização e coletivização na URSS

Quando os soviéticos chegaram ao poder, a vida no país mudou drasticamente. O novo governo nacionalizou imediatamente todos os bancos e grandes empresas e declarou que a terra devia pertencer apenas aos camponeses e fábricas, ou seja, aos trabalhadores.

A reforma mais abrangente dos comunistas foi, sem dúvida, a industrialização e coletivização. Em 1927, foi realizada a transformação forçada de fazendas camponesas privadas em fazendas coletivas, os chamados “kolkhózes”. No final de 1937, quase 93% das fazendas privadas já tinha se tornado partes de grandes "kolkhózes" - o que permitiu bater novos recordes de produção em massa, embora a um custo humano enorme.

Além disso, o novo governo teve que tomar medidas radicais para impulsionar o desenvolvimento industrial do país. A maior atenção foi dedicada ao desenvolvimento do setor militar e de defesa. Como resultado da industrialização, a União Soviética conseguiu superar muitos problemas sócio-econômicos que tinham contribuído para o colapso do regime tsarista, mas estabeleceu uma forma totalitária de governo.

8. Privatização e transição para economia de mercado por Borís Iéltsin

Na União Soviética, a economia era totalmente regulada pelo Estado. Volumes de produção e preços eram determinados pelo governo. Mas, em 1991, logo após o colapso da URSS, os russos se encontravam novamente em uma economia de mercado livre.

O velho sistema econômico socialista provou ser ineficiente e o novo governo teve que adotar medidas radicais para facilitar a sobrevivência da Rússia no novo mundo capitalista.

Justificando a necessidade de medidas radicais imediatas pelo desejo de evitar uma possível crise de abastecimento alimentar, o economista e ministro da Economia e Finanças, Egor Gaidar, convenceu o presidente russo Boris Iéltsin a implementar a liberalização imediata da moeda nacional e a privatização da maior parte dos ativos controlados pelo Estado. A reforma ajudou a resolver o crescente problema de déficit orçamentário. 

Embora as vendas dos ativos estatais durante a privatização tenham sido permeadas de corrupção e dado origem a uma oligarquia na Rússia, essas reformas foram fundamentais para a criação de um mercado livre na Rússia e permitiram integrar a economia do país ao mercado mundial.

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