5 pratos russos que viraram estrangeiros

Comida
ANNA SORÔKINA
Ou sobre como os suecos conseguiram arruinar com todo o refinamento do prato preferido por nove a cada dez brasileiros, o estrogonofe, substituindo a carne ou frango por... salsichas!

1. Sopa Soliânka, o "legado soviético" na Alemanha Oriental

Você talvez nunca tenha ouvido falar na soliânka, mas sabia que o recorde mundial de fabricação dessa sopa foi batido na Alemanha? Em novembro de 2019, um restaurante na costa do Báltico, do chef Andre Domke, produziu 268 litros de soliânka com bacalhau. Mas o que os alemães sabem da soliânka? Eles não só conhecem o prato, como também acham que ele é parte da culinária local!

Esta sopa soviética é considerada uma especialidade culinária no leste da Alemanha. Ela surgiu nos cardápios dos restaurantes nos anos do pós-guerra, quando a Alemanha foi dividida em República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) e República Democrática Alemã (Alemanha Oriental).

Então, como ela colou ali? Provavelmente porque a cozinha tradicional alemã inclui muitos ingredientes defumados que compõem a soliânka. Até a premiê Angela Merkel certa vez confessou que a soliânka estava entre seus pratos favoritos.

Mas a soliânka russa difere da alemã. Na Alemanha, adiciona-se frequentemente mostarda, alcaparras, lecso (um guisado húngaro de legumes) enlatado e suco de limão à sopa. Existe também uma “versão da Bavária” que leva rim bovino.

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2. Pão russo (que está mais para biscoito salgado)

Se você encontrar um pacote de “Russisch Brot” (“pão russo”) em uma loja alemã, ficará muito surpreso ao descobrir o que há dentro - os alemães chamam biscoitos tradicionais em forma de letras de “Russisch Brot”. Muitos russos provavelmente comeram esses biscoitos do “alfabeto” na infância.

Acredita-se que o confeiteiro Ferdinand Friedrich Wilhelm Hanke tenha levado esses biscoitos para a Alemanha no século 19. Ele estudou em São Petersburgo, onde viu pela primeira vez biscoitos em forma de letras, e mais tarde abriu uma padaria em Dresden. Mas, é claro, os biscoitos alemães trazem letras latinas, e não o alfabeto cirílico.

3. Estrogonofe sueco de salsicha

Uma versão modificada de um dos pratos russos mais populares do mundo entrou na cozinha nacional da Suécia com o nome de “Korv Strogonoff”. Em vez de carne bovina, como o tradicional estrogonofe russo, ele leva linguiça de porco Falukorv, além de pasta de tomate, creme de leite, cebola e mostarda. Se, na Rússia, o estrogonofe de carne é servido com trigo sarraceno ou purê de batata, na Suécia costuma ser servido com arroz ou – pasme! – macarrão.

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4. Kulebiaka, uma elegante torta francesa

Esta torta russa de festas é chamada de “coulibiac” na culinária francesa. O prato surgiu lá graças ao chef Auguste Escoffier, que trabalhou em Nice na década de 1870. Foi Escoffier quem trouxe a “pedido de serviço russo” durante as refeições, ou seja, quando os pratos são trazidos um após o outro, assim como a noção de “haute cuisine” para a França.

Certa vez, Escoffier entretia marinheiros russos que sentiam muita saudade de casa e fez uma kulebiaka para eles. O prato não só foi apreciado pelos convidados russos, mas a receita se espalhou amplamente por todo o país. Até mesmo Julia Child descreveu a kulebiaka de salmão como um prato francês em seu livro de culinária francesa para o público norte-americano.

Na Rússia, a kulebiaka costuma ter vários tipos de recheio, separados por finas panquecas. Na França, esse método não é muito popular - ali, a torta é feita geralmente com salmão (Coulibiac de saumon). Arroz, ovos cozidos e ervas são acrescentados ao peixe.

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5. Vitela Orloff ou porco à francesa

Este prato é conhecido na Rússia como “carne à francesa” e, na França, como “Veau Orloff” (“Vitela Orloff”). Foi criado em meados do século 19 pelo chef francês do conde Aleksêi Orlov, Urbain Dubois.

A receita, que consiste em vitela coberta com uma camada de batatas, cogumelos e queijo, assada no molho bechamel, espalhou-se pelo mundo. Na Rússia, uma versão simplificada do prato se popularizou e é feita com carne de porco, cebolas, tomates, queijo e, claro, maionese.

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