Floresta é o que mais se vê durante uma viagem pela Transiberiana. Às vezes as linhas infinitas de árvores se seguem por horas a fio. Muitos passageiros veem isso como um tipo de meditação, acompanhada do som rítmico das rodas nos trilhos.
No entanto, as florestas não são iguaizinhas em todos os lugares. Já no primeiro dia de viagem, uma floresta de bétulas é substituída por enormes abetos. No segundo, o trem se aproxima dos Montes Urais, e o que você verá pela janela são pequenos pinheiros crescendo entre gargantas e fendas das cadeias de montanhas.
“Para mim, os vales do rio Vichera são as paisagens mais bonitas que vimos, de todos os seis dias”, diz o jornalista Iúri Lépski.
O leste da Sibéria e o Extremo Oriente são dominados pela taiga conífera, e é ali que vivem os ursos e os tigres de Amur. No entanto, é improvável que você os aviste da janela do trem.
Estepes da região de Omsk.
Aleksandr BeliaevNo final do segundo dia, quando o trem cruza a cordilheira dos Urais e entra na parte asiática da Rússia, ele se aproxima da fronteira com o Cazaquistão. De repente, as florestas, já bastante esparsas, simplesmente desaparecem e a paisagem torna-se quase desértica. A plana estepe é imutável por uma hora e meia. É assim que começa a Sibéria Ocidental.
Ponte "do diabo" no Extremo Oriente russo.
A. L. (loading) (CC BY-SA 4.0)O nome da ferrovia fala por si só: ela atravessa toda a Sibéria. Na maior parte da viagem, é isso que você verá da janela do trem, a infindável Sibéria. No entanto, a Sibéria não é feita só de taiga e neve.
Ela também comporta cidades, montanhas e muito mais — na verdade, quase toda a Rússia. “A Sibéria é colorida: as bétulas são bege e os campos arados de um azul escuro”, diz o fotógrafo norte-americano Todd Selby, que viajou ao longo da Transiberiana, proveniente ainda de Paris e chegando até Xangai.
Rio Ienissei.
Ninaras (CC BY-SA 4.0)O trem passa por todo o país, atravessando os principais rios da Rússia: Kama, Ob, Ienissei, Amur, além de vários rios menores. O trem atravessa as pontes lentamente, e os grandes rios podem, assim, ser admirados em toda a sua glória.
Ponte sobre o rio Ienissei.
Legion MediaAliás, até recentemente a Transiberiana passava por uma ponte ferroviária sobre o rio Ienissei, em Krasnoiarsk, que tinha recebido uma medalha de ouro na Exposição de Paris de 1900. O júri foi presidido por Gustave Eiffel em pessoa.
Nos tempos soviéticos, duas novas pontes foram construídas atravessando o Ienissei para aumentar a capacidade de tráfego e, em 2007, a antiga ponte "tsarista" foi desmontada.
“Amei o pôr do sol sobre os grandes rios Volga e Amur. Era algo lindo de morrer!”, diz o fotógrafo austríaco Georg Wallner, que fez uma viagem pela Transiberiana em 2019.
Esta viagem é um verdadeiro sonho para quem gosta de trens e ferrovias. Nas grandes estações, um viajante inexperiente pode se surpreender com o grande número de trilhos principais e alternativos, assim como vagões sem fim, trens de carga com carvão, tanques e uma grande variedade de mercadorias. E, claro, com os trens de passageiros e passageiros de diferentes partes do país.
Estação da Transiberiana.
Legion MediaJá as estações ferroviárias incluem construções que personificam o requinte e o monumentalismo soviético, enquanto outras datam da época dos tsares. Há também, por exemplo, a estação na cidade de Sliudianka, toda em mármore.
Estação na cidade de Sliudianka.
Legion MediaNas grandes cidades, o trem para por muito tempo, às vezes por até uma hora (a parada mais longa é em Khabarovsk, de 70 minutos). Assim, os passageiros têm a oportunidade de explorar ao máximo as estações.
Lago Baikal a partir do trem.
Legion MediaNo final do terceiro dia de viagem, ao sair de mais um túnel, o trem de repente surge no Lago Baikal.
Lago Baikal.
Legion MediaA ferrovia Circum-Baikal oferece ao viajante a possibilidade de admirar por mais de duas horas um dos maiores lagos do mundo.
Não perca essa chance, em que passará entre a supramencionada estação Sliudianka e a estação Missovaia.
Ferrovia Circum-Baikal.
Legion MediaAs montanhas começam depois de Perm: o trem atravessa a “bacia hidrográfica” da Rússia - a cordilheira dos Urais - e segue para o sul, onde pode-se ver de longe o topo das montanhas Saian. Ao sul do Lago Baikal, pode-se ver a cadeia de montanhas Khamar-Daban.
Picos de montanhas também podem ser vistos quando o trem passa pela Buriátia, de Ulan-Ude a Tchita, capital do Território Transbaikal. No Extremo Oriente – na região de Amur e na Região Autônoma Judaica - o trem atravessa a cordilheira Khingan e passa pelos sete túneis Khingan — alguns deles, com 2 km de extensão.
No trecho Ussuriski da rota, ao passar pelas regiões de Khabarovsk e Primorski, é possível avistar a cordilheira Sikhote-Alin, muito próxima à fronteira com a China.
Ulan-Ude.
Legion MediaA Ferrovia Transiberiana passa por 90 cidades e aldeias russas. A partir de Moscou, o trem passa:
Finalmente, a viagem termina nas cidades mais asiáticas da Rússia, Khabarovsk e Vladivostok.
Além dessas grandes cidades, também é possível ver casas de madeira rústicas, vilas abandonadas e igrejas antigas pela janela do trem, assim como veem os muitos russos que moram ao longo da ferrovia, trabalham e viajam por ela.
LEIA TABÉM: Por que a Rússia construiu a Ferrovia Transiberiana?
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