1. Como está sendo conduzida a campanha de vacinação na Rússia?
A vacinação na Rússia é gratuita e está sendo realizada com a Sputnik V, desenvolvida pelo tradicional Instituto Gamaleya. Os cidadãos russos de todas as regiões do país que queiram tomar a vacina podem fazer um registro pelo site Gosuslugi (para “serviços governamentais”) ou por telefone. Em Moscou, a vacina está sendo dada não apenas em clínicas, mas também em shopping centers, por ordem de chegada – com apenas a exigência de passaporte.
Dmitri Feoktistov / TASS
De acordo com a diretora do Rospotrebnadzor (Serviço Federal Russo de Supervisão da Proteção dos Direitos do Consumidor e Bem Estar Humano) Anna Popova, a expectativa é que 60% da população total do país (146 milhões de habitantes) esteja vacinada até o outono de 2021 (meados do segundo semestre). Os especialistas acreditam que as estimativas são verossímeis, desde que as pessoas “entendam a necessidade de se vacinar”, como destaca a diretora do Instituto de Economia da Saúde, Larissa Popovitch.
2. Há doses suficientes para todos?
A Rússia já produziu um lote com 6,5 milhões de doses da Sputnik V e fabricará mais 33 milhões até o final de março, de acordo com o ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov. “Enviaremos 2,1 milhões de doses para as regiões russas até o final de janeiro, mais 5,7 milhões de doses em fevereiro e quase 9 milhões de doses em março”, disse.
Algumas regiões, como Perm, Leningrado e Volgogrado relataram escassez do imunizante. As autoridades alegam que o déficit se deve à extensão do território russo e ao fato de a produção ainda não ter atingido sua capacidade total. Os especialistas também observam que não há equipe médica suficiente em todas as regiões do país.
A disponibilidade da vacina é maior em Moscou (e respectiva região), Sacalina, Distrito Autônomo de da Iamália-Nenétsia e Tchukotka (curiosamente, os três últimos estão entre as regiões mais remotas da Rússia e distantes da capital russa).
3. Quantos russos querem ser vacinados?
De acordo com a agência de notícias TASS, mais de 2 milhões de pessoas já haviam recebido a vacina. O número exato de vacinados por região ainda não foi divulgado. Também não está claro se este número inclui quaisquer cidadãos estrangeiros no país.
Aleksandr Avilov/ Agência Moskva
Os dados já liberados pelas autoridades regionais são os seguintes: 300 mil vacinações em Moscou (de 12 milhões de residentes) em 31 de janeiro de 2021; 50 mil vacinações na região de Moscou (de 7,6 milhões de pessoas, tirando a capital) em 25 de janeiro; e 62 mil vacinações em São Petersburgo (de 5 milhões de pessoas) em 30 de janeiro.
De acordo com pesquisas do Centro Russo para o Estudo da Opinião Pública (VTsIOM) e do Centro Levada, apenas 38% dos russos estavam dispostos a receber a vacina, e a maioria destes com a vacina de fabricação russa. A vacinação é aguardada sobretudo por cidadãos com 55 anos ou mais; entre os que não desejam receber o imunizante, a maioria está na faixa etária com menos de 34 anos.
Aleksandr Avilov/ Agência Moskva
Os motivos da recusa incluem o desejo de “esperar até o final dos ensaios” (todos os ensaios já foram, porém, concluídos), o receio dos efeitos colaterais ou a negação da eficácia de vacinas. Os especialistas acreditam que alguns se sentem desestimulados porque continuam sendo orientados a usar máscaras e obedecer a restrições, mesmo depois da imunização.
4. O presidente russo Vladimir Putin já foi vacinado?
Ainda não, mas ele disse que planeja fazê-lo. Em meados de dezembro de 2020, o presidente russo disse que não havia recebido a vacina por causa de sua idade. Na época, apenas pessoas de 18 a 60 anos podiam ser vacinadas, e Putin tem 68 anos. Recentemente, a Sputnik V foi aprovada para pessoas com mais de 60 anos também. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, o presidente irá informar a todos sobre sua data de vacinação.
5. Onde exatamente a Sputnik V é fabricada?
Atualmente, a Sputnik V está sendo produzida em seis fábricas na Rússia, localizadas em Moscou, na região de Vladimir e em São Petersburgo. A inauguração de uma sétima fábrica em Iaroslavl está planejada para breve.
Serguêi Kisselev/Agência Moskva
O imunizante russo também vem sendo produzido na Índia (5 plantas), Coreia do Sul (1), Brasil (1) e China (3) para exportação. No final de janeiro passado, o Cazaquistão também iniciou a produção local da vacina russa – mas para uso no próprio país.
6. Quais outros países estão usando a Sputnik V?
Mais de 40 países demonstraram interesse pela vacina russa, cujas doses encomendadas ultrapassam 1,2 bilhão. O preço de exportação é inferior a US$ 10 por dose, o que é metade do valor das vacinas da Pfizer e Sinopharm, e 2,5 vezes mais barato do que a da Moderna.
Aleksandr Kislov
O primeiro Estado estrangeiro a começar a vacinação em massa com Sputnik V foi a Bielorrússia: as autoridades locais assinaram um contrato para recebimento de 170 mil doses. Atualmente, apenas profissionais de saúde estão recebendo o imunizante no país.
AP
O segundo país foi a Argentina, que, no final de dezembro de 2020, acertou a compra de 10 milhões de doses da Sputnik V. O presidente argentino Alberto Fernandez e a vice-presidente Cristina Kirchner já foram vacinados.
A Sérvia encomendou 6,5 milhões de doses, porém de diferentes fabricantes – sendo 2 milhões de doses da Sputnik V. De acordo com o Ministério da Saúde do país, a decisão se justifica porque 40% dos cidadãos dizem preferir ser vacinados com a vacina russa, enquanto 28% com a da Pfizer; os demais afirmam não ter preferência por nenhuma.
Nesta segunda (1º de fevereiro), o Cazaquistão também deu início à vacinação em massa.
7. Quais são os efeitos colaterais da Sputnik V?
Nenhum efeito colateral grave foi registrado até o momento. Os efeitos podem ser sintomas semelhantes aos de um resfriado: febre, fraqueza e dor de cabeça. De acordo com o Ministério da Saúde argentino, apenas 1% dos vacinados apresentaram algum efeito colateral: febre, dor de cabeça e reações na pele ao redor do local da injeção.
Dmítri Feoktistov / TASS
Entre as contraindicações oficiais para a vacinação estão pessoas que sofreram acidente vascular cerebral, portadores de tuberculose, hepatite B e C, sífilis e HIV. O Ministério da Saúde russo afirma ainda que a vacinação pode ser arriscada para indivíduos em tratamento de câncer, porque não houve testes suficientes em pessoas sob tais condições.