A farmacêutica brasileira União Química, que participa do consórcio para produção da vacina russa contra covid-19, a Sputnik V, começou a produzir o imunizante em território nacional, de acordo com o presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), Kirill Dmitriev.
Por enquanto, a planta se restringe à produção de um lote-teste do ingrediente ativo necessário para fabricar o imunizante. Segundo especialistas, caso a experiência seja bem-sucedida, isso permitiria produzir a vacina inteiramente no Brasil a partir de abril.
“Esta semana já iniciamos um lote piloto de aprendizado de produção de IFA [ingrediente farmacêutico ativo]. [A produção atual] não é para uso”, explicou o cientista-chefe da União Química, Miguel Giudicissi, à agência Reuters.
Atualmente, o Brasil depende das exportações de ingredientes ativos da China para produção local dos imunizantes contra covid-19, dentre eles o russo.
No entanto, o acordo entre as partes brasileira e russa prevê a transferência de 100% da tecnologia e material celular, que chegou ao Brasil este mês, para a produção da Sputnik V.
Tanto a Fundação Oswaldo Cruz como o Instituto Butantan anunciaram a expectativa de iniciar a fabricação integral de suas vacinas (da AstraZeneca e a Coronavac, respectivamente) no Brasil apenas no segundo semestre de 2021.
Vacina para exportação
Outro objetivo da União Química é exportar a vacina produzida no Brasil para outros países da América Latina. Em entrevista a Reuters, o diretor de negócios internacionais da farmacêutica, Rogério Rosso, alegou que a empresa “não precisa de registro no Brasil para exportar”.
Quatro países da região – Argentina, Bolívia, Paraguai e Venezuela – já aprovaram o uso da Sputnik V em caráter emergencial e iniciaram as respectivas vacinações.
A parceria entre a empresa brasileira e o fundo russo foi anunciada oficialmente no último dia 13 de janeiro, com a promessa de envio de 10 milhões de doses da vacina russa ao Brasil ainda no primeiro trimestre de 2021. No entanto, as partes estão em intensas conversações desde o último sábado (16), quando a Anvisa solicitou mais informações sobre o imunizante russo. Na ocasião, a agência afirmou que a solicitação não atendia aos critérios mínimos para aprovação imediata, o que não significaria a recusa de uma aprovação futura.
Após um novo encontro com representantes da União Química, nesta quinta-feira (21), a Anvisa divulgou uma nota reiterando o interesse “em cumprir todas as etapas regulatórias exigidas pela agência para avançar com os estudos clínicos no Brasil”.
Também nesta quinta, a Hungria foi o primeiro país da União Europeia a aprovar o uso emergencial da vacina russa Sputnik V. Apesar disso, o bloco europeu tem se esforçado para tomar decisões conjuntas sobre o tema; até o momento, a UE autorizou apenas o uso dos imunizantes norte-americanos da Moderna e da Pfizer-Biontech.
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