7 perguntas sobre Sputnik V, a primeira vacina russa contra covid-19

Serguêi Malgavko/TASS
Reunimos abaixo as dúvidas mais comuns.

1. Como está sendo conduzida a campanha de vacinação na Rússia?

A vacinação na Rússia é gratuita e está sendo realizada com a Sputnik V, desenvolvida pelo tradicional Instituto Gamaleya. Os cidadãos russos de todas as regiões do país que queiram tomar a vacina podem fazer um registro pelo site Gosuslugi (para “serviços governamentais”) ou por telefone. Em Moscou, a vacina está sendo dada não apenas em clínicas, mas também em shopping centers, por ordem de chegada – com apenas a exigência de passaporte.

De acordo com a diretora do Rospotrebnadzor (Serviço Federal Russo de Supervisão da Proteção dos Direitos do Consumidor e Bem Estar Humano) Anna Popova, a expectativa é que 60% da população total do país (146 milhões de habitantes) esteja vacinada até o outono de 2021 (meados do segundo semestre). Os especialistas acreditam que as estimativas são verossímeis, desde que as pessoas “entendam a necessidade de se vacinar”, como destaca a diretora do Instituto de Economia da Saúde, Larissa Popovitch.

2. Há doses suficientes para todos?

A Rússia já produziu um lote com 6,5 milhões de doses da Sputnik V e fabricará mais 33 milhões até o final de março, de acordo com o ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov. “Enviaremos 2,1 milhões de doses para as regiões russas até o final de janeiro, mais 5,7 milhões de doses em fevereiro e quase 9 milhões de doses em março”, disse.

Algumas regiões, como Perm, Leningrado e Volgogrado relataram escassez do imunizante. As autoridades alegam que o déficit se deve à extensão do território russo e ao fato de a produção ainda não ter atingido sua capacidade total. Os especialistas também observam que não há equipe médica suficiente em todas as regiões do país.

A disponibilidade da vacina é maior em Moscou (e respectiva região), Sacalina, Distrito Autônomo de da Iamália-Nenétsia e Tchukotka (curiosamente, os três últimos estão entre as regiões mais remotas da Rússia e distantes da capital russa).

3. Quantos russos querem ser vacinados?

De acordo com a agência de notícias TASS, mais de 2 milhões de pessoas já haviam recebido a vacina. O número exato de vacinados por região ainda não foi divulgado. Também não está claro se este número inclui quaisquer cidadãos estrangeiros no país.

Posto de vacinação em shopping center de Moscou

Os dados já liberados pelas autoridades regionais são os seguintes: 300 mil vacinações em Moscou (de 12 milhões de residentes) em 31 de janeiro de 2021; 50 mil vacinações na região de Moscou (de 7,6 milhões de pessoas, tirando a capital) em 25 de janeiro; e 62 mil vacinações em São Petersburgo (de 5 milhões de pessoas) em 30 de janeiro.

De acordo com pesquisas do Centro Russo para o Estudo da Opinião Pública (VTsIOM) e do Centro Levada, apenas 38% dos russos estavam dispostos a receber a vacina, e a maioria destes com a vacina de fabricação russa. A vacinação é aguardada sobretudo por cidadãos com 55 anos ou mais; entre os que não desejam receber o imunizante, a maioria está na faixa etária com menos de 34 anos.

Fila no posto de vacinação em Moscou

Os motivos da recusa incluem o desejo de “esperar até o final dos ensaios” (todos os ensaios já foram, porém, concluídos), o receio dos efeitos colaterais ou a negação da eficácia de vacinas. Os especialistas acreditam que alguns se sentem desestimulados porque continuam sendo orientados a usar máscaras e obedecer a restrições, mesmo depois da imunização.

4. O presidente russo Vladimir Putin já foi vacinado?

Ainda não, mas ele disse que planeja fazê-lo. Em meados de dezembro de 2020, o presidente russo disse que não havia recebido a vacina por causa de sua idade. Na época, apenas pessoas de 18 a 60 anos podiam ser vacinadas, e Putin tem 68 anos. Recentemente, a Sputnik V foi aprovada para pessoas com mais de 60 anos também. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, o presidente irá informar a todos sobre sua data de vacinação.

5. Onde exatamente a Sputnik V é fabricada?

Atualmente, a Sputnik V está sendo produzida em seis fábricas na Rússia, localizadas em Moscou, na região de Vladimir e em São Petersburgo. A inauguração de uma sétima fábrica em Iaroslavl está planejada para breve.

O imunizante russo também vem sendo produzido na Índia (5 plantas), Coreia do Sul (1), Brasil (1) e China (3) para exportação. No final de janeiro passado, o Cazaquistão também iniciou a produção local da vacina russa – mas para uso no próprio país.

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6. Quais outros países estão usando a Sputnik V?

Mais de 40 países demonstraram interesse pela vacina russa, cujas doses encomendadas ultrapassam 1,2 bilhão. O preço de exportação é inferior a US$ 10 por dose, o que é metade do valor das vacinas da Pfizer e Sinopharm, e 2,5 vezes mais barato do que a da Moderna.

O primeiro Estado estrangeiro a começar a vacinação em massa com Sputnik V foi a Bielorrússia: as autoridades locais assinaram um contrato para recebimento de 170 mil doses. Atualmente, apenas profissionais de saúde estão recebendo o imunizante no país.

Chega de primeiro lote da Sputnik V no aeroporto El Alto, na Bolívia, em 28 de janeiro

O segundo país foi a Argentina, que, no final de dezembro de 2020, acertou a compra de 10 milhões de doses da Sputnik V. O presidente argentino Alberto Fernandez e a vice-presidente Cristina Kirchner já foram vacinados

A Sérvia encomendou 6,5 milhões de doses, porém de diferentes fabricantes – sendo 2 milhões de doses da Sputnik V. De acordo com o Ministério da Saúde do país, a decisão se justifica porque 40% dos cidadãos dizem preferir ser vacinados com a vacina russa, enquanto 28% com a da Pfizer; os demais afirmam não ter preferência por nenhuma.

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Nesta segunda (1º de fevereiro), o Cazaquistão também deu início à vacinação em massa.

7. Quais são os efeitos colaterais da Sputnik V?

Nenhum efeito colateral grave foi registrado até o momento. Os efeitos podem ser sintomas semelhantes aos de um resfriado: febre, fraqueza e dor de cabeça. De acordo com o Ministério da Saúde argentino, apenas 1% dos vacinados apresentaram algum efeito colateral: febre, dor de cabeça e reações na pele ao redor do local da injeção.

Entre as contraindicações oficiais para a vacinação estão pessoas que sofreram acidente vascular cerebral, portadores de tuberculose, hepatite B e C, sífilis e HIV. O Ministério da Saúde russo afirma ainda que a vacinação pode ser arriscada para indivíduos em tratamento de câncer, porque não houve testes suficientes em pessoas sob tais condições.

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