Traduções diretas vêm das mãos de Boris Schnaiderman, Lucas Simone e Irineu Franco Perpetuo.
depositphotos.comAdiantando-se às cartinhas para o Papai Noel, as editoras brasileiras já anunciaram seus lançamentos de novembro, que incluem nada menos que quatro títulos russos.
Na primeira quinzena do mês, a editora Aleph publicou “Piquenique na Estrada”, dos irmãos Arkádi e Boris Strugátski.
O livro de ficção científica escrito em 1971 trata das consequências de um evento extraterrestre, a “visitação”, que acontece simultaneamente em seis locações pela Terra em dois dias.
‘Mestre e Margarida’
Um dos grandes romances do século 20, “O mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgákov (1891-1940), é situado na Moscou dos anos 1930 e narra as peripécias de satã na cidade, acompanhado de um séquito infernal composto por um gato falante e fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador.
Seu caminho se cruzará com o dos amantes mestre e Margarida – ele, um escritor mal compreendido, autor de um romance sobre Pôncio Pilatos, e ela, uma das personagens mais fortes da literatura russa que, qual Orfeu, fará de tudo para reencontrar seu amado desaparecido.
Escrito entre 1928 e 1940, ano da morte do autor, mas só publicado no fim dos anos 1960, no Ocidente, e em 1973, na Rússia, o livro se tornou sucesso imediato no mundo todo e inspirou centenas de adaptações para o teatro, cinema, televisão, animação, ópera, dança e música (inclusive a famosíssima canção "Simpathy for the Devil", dos Rolling Stones).
A tradução direta pelas mãos do finalista do Jabuti de tradução Irineu Franco Perpétuo é feita a partir da mais recente edição crítica russa.
‘Diário de Kóstia Riábtsev’
Já “O Diário de Kóstia Riábtsev”, de 1926, vertido diretamente do russo por Lucas Simone, foi uma das primeiras obras soviéticas de ficção a obter repercussão mundial.
Neste romance de formação experimental, seu autor, Nikolai Ognióv (1888-1938) desloca a ação para o ambiente escolar, que se torna uma espécie de microcosmo da União Soviética.
Kóstia, o narrador do Diário, é um garoto impulsivo e franco. Seu estilo livre e sem cerimônias permite que o autor trate abertamente e com muito humor dos principais temas do período pós-revolucionário - a politização da juventude, o comportamento sexual, o alcoolismo e o problema dos órfãos desabrigados.
Conseguindo um equilíbrio perfeito entre as questões mais candentes de sua época e as desventuras da adolescência, o Diário de Kóstia Riábtsev ocupa um lugar único entre os romances da literatura soviética.
‘Inveja’
Saudada como um acontecimento radicalmente novo no ano de sua publicação, em 1927, a novela “Inveja”, do escritor russo Iúri Oliécha (1899-1960) é uma trama vertiginosa que beira o nonsense, com a ambiguidade psicológica dos personagens, a exaltação de sentimentos contraditórios (da arrogância à auto-humilhação, do amor à inveja desvairada).
A obra contrapõe um jovem idealista e sentimental, possível alter ego do autor, a um poderoso diretor de indústrias do novo regime soviético. O patético Nikolai Kavalerov se nega a aceitar os valores comunistas e é consumido pela aversão e inveja de seu benfeitor, Andrêi Babitchev, cidadão-modelo soviético que dirige uma fábrica de salsichas.
Kavalerov tenta, junto com Ivan, irmão de Andrêi, retomar os velhos sentimentos triviais que foram esmagados pelo comunismo.
Como “O Diário de Kóstia Riábtsev”, “Inveja” faz parte da série Narrativas da Revolução, da editora 34, dirigida pelo professor da USP Bruno Barretto Gomide e composta por cinco obras de ficção da década de 1920 que dialogam com a Revolução de 1917.
A obra foi vertida para o português pelo pioneiro da tradução russa no Brasil Boris Schnaiderman.
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