4 fatos sobre o Mosteiro Pskov-Petchiórski

Viagem
ALEKSANDRA GÚZEVA
Quase na fronteira com a Estônia, na cidade de Petchióri, fica um dos maiores e mais famosos mosteiros ortodoxos do mundo. É o único na Rússia que jamais foi fechado, nem mesmo na época soviética.

1. O mosteiro que nasceu nas cavernas

O nome do mosteiro contém a palavra “petchióri”, que em russo antigo significa “cavernas”. Esse mosteiro foi construído dentro das cavernas, que talvez tenham surgido de forma natural. Os primeiros monges começaram a viver nessas cavernas, enterrando os mortos no subsolo.

Não se sabe exatamente quando e quem foi o primeiro a morar nessas cavernas. De acordo com uma versão, os monges do Mosteiro Kiev-Petchiórski (também uma caverna) mudaram para este local no norte fugindo dos ataques dos tártaros da Crimeia.

Segundo a versão mais aceita pelos historiadores, a história deste mosteiro na fronteira ocidental da Rússia começou em 1473, quando o primeiro monge construiu uma igreja em homenagem à festa da Dormição da Mãe de Deus. Com o tempo, foi formada uma rede de cavernas no mosteiro, labirintos subterrâneos que se estendem por muitos quilômetros, onde os monges foram sepultados e suas relíquias permaneceram intactas.

2. Uma verdadeira fortaleza

O mosteiro ficava na fronteira ocidental da Rússia Antiga, a caminho da antiga cidade de Pskov. Portanto, foi atacado muitas vezes pelos vizinhos ocidentais. Na maioria dos casos, o mosteiro foi alvo dos cavaleiros da Ordem da Livônia. Isso porque o castelo de Neuhausen da Livônia ficava a apenas 20 quilômetros do mosteiro.

No século 16, os monges ergueram poderosas muralhas de pedra ao redor do mosteiro. A nova fortaleza foi sitiada várias vezes: pelo rei polaco Esteban Báthory, pelos intervencionistas durante o Tempo das Dificuldades e pelas tropas lituanas.

3. O único mosteiro que nunca foi fechado

Em 1920, de acordo com o tratado de paz, a Rússia Soviética transferiu o distrito de Petchiora, na região de Pskov, incluindo o mosteiro, para a Estônia. Isso acabou salvando o mosteiro, porque, no final da década de 1920, o governo soviético começou a combater a religião e fechou todos os mosteiros na URSS. Sob a jurisdição da Estônia, o Pskov-Petchiórski não foi fechado.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Estônia se tornou parte da URSS, mas durante este período o regime soviético não teve tempo para fechar os mosteiros. Além disso, pouco depois a região foi ocupada pelos nazistas. O mosteiro foi atacado várias vezes; após a guerra, vários monges e um abade do local foram presos e condenados por ajudar os ocupantes.

Por muitos anos, depois do conflito, somente dois mosteiros continuaram funcionando na URSS: o Lavra da Trindade de São Sérgio, que foi reaberto na década de 1940, e o Mosteiro Pskov-Petchiórski.

4. Um lugar famoso por seus anciãos

Existem muitas lendas sobre os habitantes e abades do mosteiro. Acredita-se que os monges se distinguiam pela obediência e feitos monásticos.

Muitas relíquias foram preservadas nas cavernas, inclusive as do fundador do mosteiro, São Iona. No século 16, o local floresceu sob o abade Cornelius, que, segundo a lenda, foi morto por ordem de Ivan, o Terrível, e canonizado pela Igreja como um venerável mártir, ou seja, um monge que aceitou o martírio por sua fé.

Ao longo de sua história extensa, existiram vários outros monges cujos milagres foram objeto de lendas. Mas o mais famoso é o arquimandrita Ioann (Krestiánkin). Ele se tornou padre na década de 1940, quando isso era perigoso. Foi preso pelo governo e passou três anos em campos de trabalhos forçados no norte da URSS. Após ser libertado, serviu em mosteiros, mas não se estabeleceu em lugar algum até acabar no Mosteiro Pskov-Petchiórski.

Lá, residiu por mais de 40 anos até a sua morte. Por sua sabedoria e alta espiritualidade, foi reverenciado como um santo durante sua vida, e fiéis vinham de todo o país em busca de sua benção e conselhos.

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