Das florestas aos picos das montanhas, todos os cantos da Rússia contribuem para a paleta de sabores de mel.
Valentyn Volkov/Getty ImagesEste é um tipo raro de mel coletado em Primorski, no Extremo Oriente do país. Dimorphanthus (ou Calopanax semilopastny) é uma árvore relíquia, raramente encontrada na natureza e listada no Livro Vermelho das Plantas (ameaçadas de extinção). Sua principal peculiaridade é que ela floresce apenas uma vez a cada três ou quatro anos, por isso o mel dela é bem caro.
O mel da Dimorphanthus apresenta uma cor escura e um aroma profundo com notas amadeiradas e frutadas. Contém adaptógenos tônicos, que os especialistas comparam às propriedades do ginseng. É também rico em aminoácidos, antioxidantes, enzimas e vitaminas. Recomenda-se consumi-lo em caso de atividade física intensa e/ou estresse.
Cerca de 100 anos atrás, o viajante e etnógrafo francês Paul Labbé escreveu em seu livro “Pelas estradas da Rússia: Do Volga aos Urais”: “Às vezes nos deparamos com degraus largos e ásperos cortados com machado em troncos de árvores, nos quais os basquires sobem de 10 a 12 metros de altura, onde está localizada a colmeia. O tronco gigante, à primeira vista perfeitamente saudável, revelou-se, na verdade, oco: as abelhas dos Urais vivem nas cavidades de abetos, tílias e plátanos [o autor chamou de plátano o bordo de folhas pontiagudas ou planas - nota do Ed.], e o mel de tília é considerado o melhor e o mais perfumado de todos”.
Raríssimo, este mel basquire é extraído das colmeias localizadas em cavidades ocas de árvores, embora o método tradicional de produção de mel em favos removidos também seja difundido na região.
Os cientistas também ressaltam o tipo especial de abelhas basquires, que se caracterizam pela resistência à geada e a muitos parasitas. A diversidade da vegetação local também tem impacto – cerca de 300 espécies de plantas melíferas (isto é, produtoras de mel) crescem no Bascortostão.
Em termos de número de enzimas por volume, o mel basquire supera significativamente os concorrentes de outras regiões – seu número de diástase (enzima produzida pelas abelhas e transferida ao néctar) é de 22 a 50; o mel do sul da Rússia tem de 5 a 8, o mel de Altai, 18. Devido aos seus benefícios para a saúde, este mel está incluído na dieta dos cosmonautas.
Em Altai, pedaços de chifres de ‘maral’ (grandes cervos siberianos) são adicionados ao mel de flores para obter um produto com efeitos tônicos e antimicrobianos. Os chifres de ‘maral’ têm uma estrutura tubular cheia de sangue, e sua superfície é coberta por uma pele fina com penugem.
Contêm um complexo de substâncias ativas – gorduras, cálcio, magnésio, ferro, fósforo, silício, sódio, potássio, bem como aminoácidos e fosfolípidos.
Acredita-se que os chifres de ‘maral’ tenham efeito benéfico para o fígado, estimulando a sua regeneração. O mel com chifres de ‘maral’ tem um sabor levemente ácido com um toque final tônico e refrescante.
Altai produz vários tipos de mel, porém o mais valioso, ecologicamente puro e difícil de extrair é o mel da montanha. Este é um mel polifloral, ou seja, colhido a partir de várias ervas que crescem no sopé das montanhas de Altai.
Graças à variedade de ervas em sua composição (trevo, cipreste, acácia, madressilva, abrunheiro, orégãos, framboesa silvestre), este mel possui um aroma rico e o sabor é multifacetado: agridoce-amargo. Na maioria das vezes, o mel local é amarelo claro, mas também pode ser marrom-avermelhado. Fortalece o sistema imunológico e ajuda a combater resfriados.
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