Kalitki são tradicionais tortas recheadas que durante séculos foram uma sobremesa comum na região russa da Carélia. De acordo com uma explicação etimológica, o nome deriva da antiga palavra “калита” (“kalita”), que significa “bolsa de dinheiro”, porque a forma da torta se assemelha a sacos de dinheiro abertas.
Essas tortas também costumavam ser populares na vizinha Finlândia, onde eram chamadas “kalitad” ou “kalitkad”. Embora a questão da origem do nome permaneça um mistério, não se pode dizer que o termo se trata de um mero empréstimo entre as línguas. Seja como for, no entanto, a kalitki continua sendo popular em ambas as regiões, e hoje já não é mais possível determinar o local exato de sua origem.
As receitas russas e finlandesas de kalitki diferem quanto à formato das tortas: a versão finlandesa tem bordas viradas para cima, enquanto os russos simplesmente beliscam as laterais. Essa técnica decorativa proporcionou às tortas um aparência única, que não era menos valorizada do que o sabor em si.
“Uma boa anfitriã deve fazer quarenta beliscões em uma kalitka”, diz um antigo aforismo culinário que é mais uma descrição da técnica do que uma instrução direta, embora retrate a maneira comum de preparar o doce. Essa recomendação deve ter sido criada para a versão grande e alongada de kalitki, que lembra um barco. O tipo mais comum, menor e mais redondo da torta tinha de dez a quinze “raios” em média.
Assada com farinha de centeio, a kalitki é tradicionalmente considerada um simples lanche de camponês. Os ingredientes eram comuns, produzidos em casas agrícolas ou colhidos na natureza. Além disso, ainda que fosse um item habitual das refeições diárias, a kalitki também era preparada como um deleite festivo.
A kalitki pode variar em termos de recheio – por exemplo, milho, arroz e batatas; e outras receitas incluem queijo de fazendeiro ou cogumelos.
Para nossa versão, escolhemos o mirtilo, porque transforma esse lanche comum em uma sobremesa vistosa. Em vez de mirtilo, você também pode usar morango, amora ou framboesa – todas essas frutinhas já figuraram em diferentes receitas antigas.
Ingredientes:
3 copos de farinha de centeio
1 colher de sopa de farinha de trigo ou amido
1 copo de mirtilo
150 ml de nata/coalhada
1 ovo
1 colher de sopa de óleo
100 ml de mel
1 colher de chá de açúcar
½ colher de chá de sal
1 pitada de bicarbonato de sódio
Modo de preparo:
1. Peneire a farinha em uma tigela, e adicione sal e açúcar. Em seguida, acrescente a coalhada, o ovo e óleo. Misture os ingredientes e sove a massa.
2. Depois de lavar e secar os mirtilos para o recheio, reserve metade. Com a ajuda de um pilão, soque uma das porções e misture com mel até se tornar uma pasta homogênea. Na sequência, misture a massa com as bagas intactas, adicionando farinha de trigo ou amido de milho.
3. Divida a massa em pequenas partes, abrindo cada uma delas. Coloque uma colher de chá de recheio no centro de cada uma e dobre as bordas.
4. Unte uma assadeira com óleo e distribua as tortas. Leve ao forno pré-aquecido a 190º C por 20 minutos, em média.
Atenção: Tenha em mente que a massa de centeio dificilmente muda de cor quando assada, portanto, observe cuidadosamente para evitar que as tortas fiquem ressecadas.
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