Os brinquedos mais interessantes dos imperadores russos

Domínio público
Um dos tsares carregou sua paixão de infância por toda a vida e a transmitiu ao filho. Os Romanov também tinham um brinquedo que era passado de geração em geração.

Pedro 1º, o Grande (1672-1725)

Pedro 1º nasceu como o príncipe-herdeiro muito esperado e, no seu primeiro aniversário, recebeu como presente um cavalo de brinquedo. Esses cavalos eram tradicionalmente o primeiro presente para crianças de famílias nobres, o brinquedo simbolizava o antigo rito de iniciação dos meninos quando eram montados em um cavalo pela primeira vez. O cavalo foi feito pelo “artesão de madeira entalhada, o velho Ippolite” de madeira de tília, foi coberto com “couro branco de potro e, para que a pele não cheirasse a umidade, foi untado com óleo de canela... O cavalo foi montado em quatro rodas de ferro estanhado”.

Aos três anos, o príncipe recebeu do boiardo Artamon Matveev uma pequena carruagem, que foi atrelada a quatro pôneis. Tinha “vidros de cristal com imagens de reis de todas as terras”, e interior de veludo vermelho. Nessa carruagem, o pequeno Pedro, em setembro de 1675, partiu em peregrinação ao principal mosteiro russo Lavra da Trindade de São Sérgio.

A carruagem de Pedro, o Grande, no Museu Histórico.

Pedro também tinha um monte de brinquedos militares: pistolas de madeira, carabinas, tambores, uniformes infantis e um arsenal de canhões de madeira. Ele adorava brinquedos militares, costumava adormecer com um sabre e colocava um fuzil de madeira perto da cama, “para defesa e proteção da saúde”.

Leia mais sobre o primeiro imperador russo e porque ele foi chamado de “o Grande” aqui.

Paulo 1º (1754-1801)

O próximo imperador cuja infância foi bem descrita é Paulo 1º. Ele também ganhou um cavalo e soldados de madeira como os seus primeiros brinquedos. Os soldados, nos quais eram desenhadas letras e números, ajudaram o tutor Fiódor Bekhteev a ensinar o futuro imperador leitura e aritmética.

O cavalo de balanço, presente de Catarina 2ª ao seu filho Paulo, sobreviveu a várias gerações da casa Romanov, chegando aos seus últimos proprietários.

A infância de Paulo terminou rapidamente; aos seis anos de idade, em 1760, ele começou a receber educação formal, e quase não teve mais tempo para brinquedos. No entanto, de tempos em tempos ganhava brinquedos na forma de presentes educacionais. Por exemplo, aos 10 anos, recebeu um modelo de um navio de 4 metros de altura, com equipamento, convés e mobília reais.

Retrato de Paulo Petrovitch quando criança. Artista desconhecido. 2ª metade do século 18. Museu de História Local de Kostromá.

Leia mais sobre o imperador Paulo 1º e sobre como ele se tornou um cavaleiro maltês aqui.

Alexandre 1º (1777-1825)

Os primeiros brinquedos do imperador Alexandre 1º, segundo o historiador Ígor Zimin, foram “uma espada em miniatura feita por [imperatriz] Catarina 2ª com um alfinete e uma pequena espada com lâmina de madeira”. Mais tarde, ele ganhou outros brinquedos militares: sabres infantis em bainhas de couro dourado, “uma caixa com cinco armas infantis e pistolas pequenas”.

Alexandre 1º da Rússia quando criança. Atribuído a Voille.

Um lugar importante na educação do príncipe foi ocupado pelo trabalho manual. “Não é engraçado que os futuros soberanos sejam criados por aprendizes de carpintaria?”, escreveu a imperatriz Catarina. O tutor alemão Payer ensinou os grão-duques Alexandre e Constantino a aplainar e serrar, arar, cortar grama, construir canteiros e dominar cavalos. Além disso, aos seis anos de idade, Alexandre já sabia ler e escrever em russo e inglês.

Leia mais sobre a história de vida do imperador Alexandre 1º aqui.

Nicolau 1º (1796-1855)

O pequeno Nicolau foi criado por sua mãe, a imperatriz Maria Feodorovna, que não queria que o filho tivesse apenas brinquedos militares. Desde a infância, Nicolau gostava de cavalos. Uma de suas primeiras lembranças, antes dos cinco anos de idade, foi quando o Conde Rostopchin deu a ele “uma pequena carruagem dourada com um par de cavalos escoceses e um jóquei”.

Nicolau 1º da Rússia quando criança, 1797. Vladímir Borovikôvski.

Dois hobbies de infância de Nicolau — construir fortalezas e colecionar soldadinhos de chumbo — influenciaram toda a sua vida posterior. No verão, quando ele e seu irmão mais novo, Miguel, viviam nas residências fora da capital, Nicolau cavava diligentemente e arrastava areia, construindo fortalezas, portos e pontes, enquanto o seu irmão mais novo as destruía. Mais tarde, ele receberia a educação de engenheiro militar e Miguel, de artilheiro.

Além disso, Nicolau colecionava soldados de estanho planos, chamados de “soldados de Nuremberga” desde a infância. Quando ele se tornou imperador, o hobby atingiu um novo patamar. O escultor Ernest Wilhelm Gazenberger, por ordem do imperador de 1829, começou a fazer modelos de soldados e oficiais de todos os regimentos do exército russo em gesso. As figuras de 20-30 cm de altura tinham brasões, botões e fivelas em cobre e latão. Capacetes, couraças, argolas, pistolas e rifles eram feitos de metal. Botões e uniforme eram feitos de papel dourado, e os cintos, em vez de couro, eram de papel grosso. Se a forma dos regimentos mudava, Gazenberger repintava as figuras.

Coleção de figuras de Gazenberger em Tsárskoie Selô. Artilharia montada privada do exército cossaco do Mar Negro. Coleção privada.

Os modelos ficavam no escritório e nos quartos de Nicolau no Palácio de Inverno e eram cobertos com vidro especial. O imperador precisava deles não tanto para se divertir, mas para se lembrar das cores que mudavam com frequência nos uniformes dos regimentos do Exército russo. Leia sobre por que Nicolau 1º foi apelidado de “gendarme da Europa” aqui.

Alexandre 2º (1818-1881)

Os filhos de Nicolau tiveram uma infância muito feliz; os pais consideravam seu dever socializar com os filhos, presenteando-os também com muitos brinquedos caros. Em 1830, na residência imperial no Tsárskoie Selô, perto de São Petersburgo, em uma ilha, foi construída uma Casa das Crianças com pequenos quartos, móveis e uma estação de barcos com pequenas embarcações. Os adultos não tinham permissão para entrar nessa área, mas havia guardas que ajudavam as crianças a chegar à ilha.

Alexandre 2º da Rússia quando criança. Piotr Sokolov.

A lista de presentes que Alexandre recebeu em seu 13º aniversário foi longa: “uma caixa de pistolas, um rifle, um sabre, um busto de Pedro, o Grande, um sabre turco, um uniforme de vice-comandante do regimento de cavalaria, 27 pratos e 5 xícaras com desenhos da vida do Exército russo”. O imperador Nicolau, assim como sua avó, queria que as crianças se familiarizassem com a ciência militar desde cedo. Ele comprou “canhões antigos” para as crianças, encomendou “jogos de guerra” no exterior e, é claro, deu aos filhos e netos seus soldados de Nuremberga.

Interiores do Palácio de Inverno. A Biblioteca do Imperador Alexandre 2º, 1871, Aquarela. Eduard Hau.

Alexandre 2º herdou e aumentou a coleção de soldados de gesso de seu pai. No final de seu reinado, ele havia acumulado várias centenas deles, distribuídos em vários escritórios e em diferentes residências. De acordo com o testamento do tsar, algumas das figuras foram enviadas para os respectivos regimentos após a sua morte. Cerca de 90 modelos ainda são exibidos no Museu de Artilharia de São Petersburgo.

Alexandre 3º (1845-1894)

Príncipe Alexandre (à esquerda) com seu irmão. Ballin J, 1860.

Além de soldados, canhões e cavalos, o futuro imperador Alexandre 3º, quando criança, adorava testar inovações técnicas no mundo dos brinquedos. Segundo o historiador Ígor Zimin, já em 1861, aos 16 anos de idade, Alexandre “colocava em movimento um pequeno modelo de motor a vapor”.

Casa das Crianças em Tsárskoie Selô.

Desde a infância, Alexandre gostava de desenhar e, junto com seu irmão Nicolau, inventou e desenhou a cidade de Mopsopolis. A filha de Alexandre, a grã-duquesa Olga, escreveu: “Certo dia, meu pai me mostrou um álbum muito antigo com desenhos encantadores representando uma cidade inventada chamada Mopsopolis, onde vivem só os cachorros [da raça] pug... Ele me mostrou secretamente, e eu fiquei encantada com o fato de meu pai ter compartilhado comigo os segredos de sua infância”.

Nicolau 2º (1868-1918)

Um dos primeiros brinquedos do último imperador russo foi um chocalho-apito de joias. Esse brinquedo único foi criado em 1740 para o bebê imperador Ivan 6º e, desde então, todos os herdeiros do trono russo brincaram com ele. Em 1869, a imperatriz Maria Aleksandrova deu o objeto a seu neto Nicolau.

Nicolau Alexandrovitch (mais tarde imperador Nicolau 2º) aos cinco anos de idade.

Quando crianças, Nicolau e seus irmãos eram cercados por uma grande quantidade de brinquedos. O coronel Vladímir Ollengren, amigo de infância de Nicolau 2º, descreveu o quarto de brinquedos dos grão-duques na década de 1870: “O quarto de brinquedos dos grão-duques é mágico. Há uma ferrovia no chão, pequena, mas real, com vagões de três classes, regimentos de soldados de barretinas, capacetes, cossacos de chapéus, cavalos com crinas, camelos com corcovas, um Petruchka [boneco típico russo], um urso, Ivan, o tolo [personagem do folclore russo] de calças xadrez, um tambor, armas, fuzis, uma montanha de areia”.

No entanto, a partir do seu 12º aniversário, Nicolau começou a receber só brinquedos militares, como, por exemplo, um sabre cossaco infantil do modelo de 1881 — que o futuro imperador recebeu na ocasião de sua nomeação como ataman (comandante) das tropas cossacas da Rússia.

Leia mais sobre o destino trágico do último imperador russo aqui.

O Russia Beyond está também no Telegram! Para conferir todas as novidades, siga-nos em https://t.me/russiabeyond_br

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Leia mais

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies