5 fatos sobre Alexandre 1º, o imperador que derrotou Napoleão

Russia Beyond (Foto: Royal Collection; Domínio público)
Ele costumava caminhar pelas ruas de São Petersburgo sem guardas, não confiava em seus subordinados, derrotou o temido imperador francês, mas não comandava o exército nem queria ser imperador até o final da vida.

1. O primeiro tsar chamado Alexandre na dinastia Romanov

Alexandre 1º quando criança (pintura de Jean-Louis Voille)

Primeiro filho do grão-príncipe Pável Petrovitch e Maria Feodorovna, Alexandre recebeu seu nome por escolha da avó, a imperatriz da Rússia Catarina 2ª, a Grande. Ele recebeu o nome em homenagem ao grande comandante Alexandre da Macedônia e foi batizado em homenagem ao príncipe russo Aleksandr Névski. O nome Alexandre (Aleksandr, em russo) não era típico da família Romanov; antes dele, apenas um príncipe teve esse nome, o tsarêvitch Aleksandr Petrôvitch (1691-1692), filho de Pedro, o Grande, que viveu por apenas sete meses.

Alexandre 1º em 1802-1803, por Vladímir Borovikovski

Sua avó tirou o pequeno Alexandre da mãe imediatamente após o parto, e ele passou a sua infância na residência de Catarina, a Grande, em Tsárskoie Selô. De sangue, Alexandre era quase um alemão puro e foi criado pelo general suíço Frédéric-César Laharpe. E recebeu uma excelente educação: falava francês, alemão e inglês fluentemente, conhecia história, geografia e matemática. Catarina, segundo a opinião geral dos historiadores russos, planejava transferir o trono para o seu amado neto, pulando seu filho Paulo 1º, que ela considerava inadequado para governar a Rússia.

2. Sabia da conspiração contra o pai

Alexandre 1º, por George Dawe

O iniciador da conspiração contra o imperador Paulo 1º, pai de Alexandre, foi o conde Peter Palen, governador militar de São Petersburgo e aliado mais próximo do imperador. Nos últimos meses de vida, Paulo esteve em conflito com toda a sua família, e Palen aproveitou-se da situação.

O conde Palen mostrou ao príncipe Alexandre um documento secreto assinado por Paulo, no qual o imperador concordava com a prisão dos filhos Alexandre e Konstantin e de sua mulher, a imperatriz Maria Feodorovna.

A maioria dos historiadores acredita que Alexandre não se opôs à conspiração; Palen convenceu o príncipe de que seu pai não seria morto, mas apenas removido do trono. O príncipe até pediu para adiar a data de executar a conspiração para 11 de março de 1801 — neste dia, o Regimento Semiónovski, diretamente subordinado a Alexandre, estava em serviço no Palácio.

Quando a conspiração terminou com o assassinato do imperador Paulo, Alexandre ficou chocado. Jacques de Saint-Glin, escritor e conselheiro militar, descreveu o primeiro dia do reinado de Alexandre, de 23 anos, assim: “O novo imperador caminhava lentamente, seus joelhos pareciam dobrar, os cabelos estavam soltos, seus olhos, marejados; ele olhava para frente, raramente baixava a cabeça, como se estivesse se curvando; todo o seu andar e postura retratavam um homem abatido pela tristeza e dilacerado por um golpe inesperado do destino. Ele parecia expressar em seu rosto: ‘Todos se aproveitaram da minha juventude, da minha inexperiência; Fui enganado, não sabia que, ao arrancar o cetro das mãos do autocrata, estava inevitavelmente colocando a vida dele em perigo”.

3. Tratava seus súditos de maneira completamente diferente da de seu pai

Imperador Alexandre e imperatriz Isabel Alekseevna, por volta de 1807

O reinado de Alexandre começou de forma promissora: o jovem imperador aboliu as rígidas regulamentações militares que seu pai havia introduzido em São Petersburgo, libertou muitos prisioneiros políticos das prisões e exílios, e assumiu um comportamento completamente diferente em público.

Segundo o historiador Vladímir Tômsinov, Alexandre “frequentemente andava pelas ruas a pé e sem guardas, respondendo cordialmente a cada reverência e a cada saudação dirigida a ele. Qualquer transeunte podia parar e conversar facilmente com ele. Simples, sem luxo, sempre sorridente, respeitoso ao tratar qualquer pessoa, jovem e charmoso, ele mudou completamente a ideia de um governante coroado na sociedade russa”.

Obrigado a viver até os 23 anos entre as cortes beligerantes de seu pai, Paulo, e de sua avó, Catarina, Alexandre se tornou proficiente em hipocrisia e intrigas na realeza. Seu principal inimigo, Napoleão, chamava Alexandre de “verdadeiro bizantino” e “Talma do norte” (François-Joseph Talma foi um grande ator francês), insinuando a natureza astuta e secreta do imperador.

Ele tinha a mesma reputação na Rússia: “a esfinge que permaneceu um enigma até o túmulo”, escreveu o poeta Piotr Viázemski sobre o imperador. Por ter uma visão ruim desde que nasceu, Alexandre proibia que seus cortesãos usassem óculos. Na juventude, durante manobras militares, ele ficou surdo do ouvido esquerdo e, devido à sua audição reduzida, sempre suspeitava que seus ajudantes zombavam dele. E herdou uma caraterística do seu pai — Alexandre era um homem extraordinariamente orgulhoso.

4. Contava muito com conselheiros

Mikhail B. Barclay de Tolly (1761-1818). Marechal de campo russo e Ministro da Guerra. Retrato de George Dawe (1781-1829), 1829. Museu Hermitage, São Petersburgo

Desde o início de seu reinado, Alexandre sempre contou com a ajuda de amigos, parceiros e conselheiros. Até criou um Comitê Privado, que incluía os seus confidentes desde a juventude: conde Pável Stróganov, o príncipe Víktor Kotchubéi, o príncipe Adam Tchartoriski e o conde Nikolai Novosiltsev. Após 1803, Alexandre passou a recusar a ajuda deles e a apostar no jovem advogado Mikhail Speránski, a quem confiou as reformas do serviço público.

Durante a Guerra Patriótica contra a França de 1812, Alexandre demonstrou uma habilidade rara para um monarca: ele não interferiu enquanto seus comandantes militares faziam o seu trabalho. Deu a seus generais e comandantes-chefes a oportunidade de implementar o plano de vitória sobre Napoleão, desenvolvido por Mikhail Barclay de Tolly em 1810, ou seja, um plano de guerra de exaustão. Em seguida, ele liderou a campanha vitoriosa do Exército russo na Europa, que terminou com a captura de Paris.

5. Disposto a deixar o trono, morreu em circunstâncias misteriosas

Máscara mortuária do tsar Alexandre 1º da Rússia

“Na verdade, eu não ficaria insatisfeito em me livrar do fardo da coroa, que pesa terrivelmente sobre mim”, disse Alexandre 1º em 1824 ao príncipe Illarion Vasilchikov. Mesmo quando criança, o príncipe pensava que governar a Rússia não era o seu único destino. Em certa ocasião, escreveu a seu tutor, Laharpe: “Quando a Providência me abençoar para elevar a Rússia ao grau de prosperidade que desejo, a minha primeira tarefa será abandonar o fardo do governo e retirar-me para algum canto da Europa, onde desfrutarei serenamente da bondade estabelecida em minha pátria”.

Tal idealismo é compreensível em uma criança, mas estranho em um monarca adulto. Em 1819, o imperador Alexandre anunciou ao seu irmão mais novo, Nicolau, e à sua esposa Alexandra Feodorovna: “Decidi renunciar às minhas responsabilidades e me afastar... Já não sou o mesmo que era e considero meu dever sair a tempo”. Quando o tsar viu que Nicolau e Alexandra estavam prestes a chorar, ele adicionou: “tudo isso não vai acontecer agora”.

Em 1825, a imperatriz Isabel Alekseevna estava gravemente doente. Os médicos recomendaram-lhe mudar para a cidade de Taganrog, na costa do Mar de Azov. Alexandre decidiu acompanhar a esposa e saiu dois dias antes dela para garantir que o caminho seria confortável. O tsar partiu para Taganrog à noite e, antes disso, visitou o principal mosteiro russo, Lavra da Trindade e São Sérgio, onde rezou por muito tempo.

Alexandre 1º, por George Dawe

Quando o tsar morreu em Taganrog, em 19 de novembro de 1825, os rumores se espalharam por todo o país. Os assessores do imperador falecido lembraram-se de que, ao sair de São Petersburgo, Alexandre, em resposta à pergunta do seu criado: “Quando esperar o retorno de Vossa Majestade?”, ele apontou para o ícone do Salvador e disse: “Só ele sabe disso”. A misteriosa morte do imperador deu origem a boatos de que ele realmente deixou o trono e se escondeu para viver como um homem simples.

No entanto, todos os parentes e cortesãos que viram o corpo do imperador em Taganrog confirmaram que Alexandre Pávlovitch realmente morrera de uma doença desconhecida contraída durante sua viagem ao sul.

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