1. Religião
A propaganda ateísta e antirreligiosa foi um dos elementos mais importantes na criação de um "homem novo". O ideólogo da revolução, Vladimir Lênin, usou uma variação da famosa frase de Karl Marx, teórico político que desenvolveu os princípios do comunismo como um dos símbolos da revolução: "a religião é o ópio do povo". Segundo Lênin e outros líderes da URSS, a percepção de que Deus não existe permite que uma pessoa simples entenda que sua própria vida e a vida de seu povo dependem apenas de seus esforços. Ele estava correto até certo ponto, uma vez que a Igreja Ortodoxa Russa, que era a organização religiosa dominante no país no final do século 19, se transformou em um órgão que dificultava o desenvolvimento social. O sacerdócio ocupou uma posição estatal protetora, adiou e reduziu a realização de protestos sociais contra o governo.
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O novo governo considerava o sacerdócio e as tradições da Igreja Ortodoxa como parte integrante do antigo modelo de estrutura estatal e de um sistema de valores obsoleto. Os bolcheviques queriam destruir a antiga dependência religiosa da população para criar uma nova, com base na fé no comunismo e em seus líderes.
A propaganda bolchevique era uma forma rápida e barata para combater os sacerdotes e padres, chamados pelos comunistas de "pop", uma forma depreciativa de "papa", em russo. Nos pôsteres soviéticos, os clérigos eram retratados como criaturas caricaturais e repugnantes com mantos e barbas que apenas enganavam o povo.
Muitas igrejas e catedrais foram fechadas e adaptadas às necessidades econômicas. Além disso, objetos feitos de metais preciosos, molduras de ícones, cruzes e outros itens de ouro, prata ou com pedras preciosas foram confiscados e enviados para um depósito estatal especial. A maior parte desses itens foi posteriormente vendida para os países ocidentais. Leia mais sobre como os bolcheviques tentaram destruir a Igreja Ortodoxa Russa aqui.
2. Analfabetismo
De acordo com diversas estimativas, alguns anos antes da revolução apenas 20% da população russa sabia ler e escrever. Mas a nova classe dominante de trabalhadores e camponeses precisava ser alfabetizada e educada para participar da vida pública e aumentar sua produtividade. Por isso, uma das primeiras e mais amplas campanhas dos bolcheviques foi a eliminação do analfabetismo e a promoção da educação.
Em 1919, foi emitido um decreto que obrigava toda a população de entre 8 e 50 anos a aprender a ler e escrever em russo ou em sua língua nativa. Para facilitar o processo, os bolcheviques realizaram uma reforma ortográfica que simplificou as regras da língua russa. Em 10 anos, cerca de 10 milhões de pessoas foram ensinadas a ler e escrever e. De acordo com o censo populacional de 1926, cerca de 50% da população russa já era alfabetizada. Em 1939, esse número chegou a quase 90%.
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3. Desigualdade social
O governo soviético procurou construir uma sociedade com igualdade universal, na qual não deveria haver pobreza e a renda estatal fosse redistribuída. Os bolcheviques negavam o princípio do enriquecimento pessoal e da propriedade privada, que são os motores do capitalismo. Além disso, no plano ideológico, a própria possibilidade de usar alguns benefícios era condenada caso houvesse alguém perto de você que estivesse privado deles. Você tinha que compartilhar com seu vizinho tudo o que tivesse.
Aqui foi usada outra frase de Karl Marx: “De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. Não deveria haver ricos e pobres, todos teriam quase a mesma renda, todos trabalhariam em benefício uns dos outros e o resultado total deveria ser compartilhado entre todos.
De acordo com a moral soviética, uma pessoa deveria trabalhar não para enriquecimento pessoal, deveria obter prazer não do consumo de bens materiais, mas do próprio processo de trabalho e autorrealização.
4. Parasitismo
Na URSS, acreditava-se que cada pessoa deveria trabalhar e não viver da renda de aluguéis, juros de investimentos ou às custas do trabalho dos outros. Por isso os soviéticos começaram uma campanha contra o parasitismo. Lênin classificou de parasitas os ricos e os bandidos, hostis ao proletariado. "Quem não trabalha, não come" foi outro slogan soviético popular. A constituição soviética previa o direito ao trabalho e todos os cidadãos tinham emprego garantido. Na maioria das vezes, os cidadãos da URSS recebiam emprego após a graduação em uma instituição profissional.
Na década de 1960, foi emitido um decreto para “intensificar a luta contra as pessoas que evadem o trabalho socialmente útil e levam um estilo de vida parasitário antissocial”.
Muitas vezes, porém, o decreto foi usado apenas para perseguir dissidentes e pessoas que não apoiavam o partido comunista. Muitos poetas, escritores, artistas, como por exemplo o poeta Joseph Brodski, foram julgados e expulsos do país sob a acusação de parasitismo.
5. Imoralidade
Os bolcheviques tomaram muitos dos preceitos cristãos para formar um código moral do novo homem. Por exemplo, o princípio da igualdade de todas as pessoas, a necessidade de viver para o bem comum – e não para o seu benefício pessoal, a rejeição da propriedade privada, a percepção da mulher como uma pessoa igual ao homem sem distinção de gênero.
Além disso, o governo soviético teve que criar outras formas de impor moralidade. Um desses métodos foi a censura pública, ou seja, uma pessoa que cometesse um ato imoral, poderia ser chamada para uma reunião na escola, no instituto ou no trabalho para participar de uma conversa educativa sobre moral. Afinal, essa pessoa "desgraçava" não apenas a si mesmo, mas todo o seu grupo e toda a União Soviética. A censura social lutava também contra o alcoolismo e o modo de vida devasso ou libertino.
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