1. Da aldeia ao Kremlin
Mólotov foi batizado como Viatcheclav Skriabin. Apenas mais tarde ele mudou seu nome para "Môlotov" ("môlot" significa "martelo" em russo), para torná-lo mais agradável aos ouvidos alheios e lidar com a própria gagueira.
Nascido em uma família de comerciantes na Rússia Central, ele se uniu ao movimento revolucionário no início da década de 1910 e passou muitos anos na prisão.
Seu primeiro amigo entre os proeminentes líderes bolcheviques foi Iossif Stálin, e essa relação definiu o resto da vida de Mólotov. Independentemente do cargo que ocupasse, Mólotov era devotado e leal.
2. Adorava Stálin
Como lembrou o escritor soviético Konstantin Símonov: "Mólotov era o único homem que tinha lágrimas nos olhos enquanto falava no funeral de Stálin [em 1953]... mesmo que ele tivesse mais razões para se sentir aliviado com a morte dele do que qualquer outro".
No final da década de 1940, Mólotov, um stalinista ferrenho, caiu em desgraça. Com o líder ainda vivo, ele foi demitido do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. Stálin ordenou ainda a prisão da mulher dele, Polina Jemtchújina e depois a exilou no Cazaquistão como "espiã sionista" (algo que ela não era).
Mólotov amava a mulher, mas ficou em silêncio e permaneceu leal; nem mesmo essa traição o fez mudar de atitude em relação a Stálin.
Seu biógrafo, Valentín Berejkov, escreveu: "Mólotov costumava fazer apenas três brindes: 'A Stálin! A Polina! Ao comunismo!' Quando perguntado 'por que a Stálin? Ele prendeu Polina e quase o destruiu!' Molotov respondia que 'ele era um grande homem'".
3. Mandou diversas pessoas à morte
Durante o Grande Expurgo de Stálin, no final da década de 1930, as sentenças extrajudiciais eram comuns, e Mólotov participou muito delas.
Sua assinatura está em 372 das “listas de execução de Stálin” - listas de pessoas condenadas ao fuzilamento -, assim como da prisão de líderes soviéticos importantes sem julgamento. Até Stálin assinou menos sentenças (357).
Mais tarde, quando se aposentou, Mólotov admitiu que algumas das pessoas executadas eram inocentes.
"É claro, podemos ter exagerado nas coisas. Seria absurdo dizer que Stálin não sabia de nada sobre isso, mas seria errado dizer que ele foi o único culpado. Não tínhamos controle sobre os serviços de segurança”, disse ele a um jornalista.
4. Fez discurso à nação quando a guerra começou
No verão de 1939, o ministro dos Negócios Estrangeiros Mólotov e seu par alemão, Joachim von Ribbentrop, assinaram um acordo de neutralidade entre os dois países, que ficou conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop.
O documento falava na invasão e divisão da Polônia pela URSS e pela Alemanha. O acordo com Hitler, no entanto, não funcionou bem, e dois anos depois, em 22 de junho de 1941, a Alemanha invadiu a URSS.
Assim começou a Grande Guerra Patriótica, como é chamada localmente a participação soviética na Segunda Guerra Mundial.
No primeiro dia de guerra, que tomou o Exército Vermelho de surpresa e o levou a graves derrotas, foi Mólotov quem falou com o povo soviético em nome do governo, já que Stálin se recusou a fazê-lo.
"Nossa causa é justa. O inimigo deve ser derrotado. A vitória será nossa", concluiu Mólotov.
E foi o que aconteceu - depois de quase quatro anos e milhões de pessoas mortas.
5. Perdeu tudo
Logo após a morte de Stálin, Mólotov caiu mais uma vez em desgraça - desta vez, após conflito com o novo líder, Nikita Khruschov.
Ele perdeu todos os cargos no governo e viveu o resto da vida como um aposentado comum.
Em 1961, Mólotov foi expulso do Partido Comunista. Apenas 23 anos depois, em 1984, Molotov foi reabilitado e, mais uma vez, obteve adesão ao Partido.
As pessoas costumavam zombar, na "gerontocracia soviética", que o então líder soviético Konstantin Tchernenko, aos 73 anos, via Mólotov, de 94 anos, como seu sucessor.
Na realidade, Mólotov morreu dois anos depois, em 1986, apenas quatro anos antes de completar 100 anos.
6. Marca internacional
Durante a Guerra de Inverno travada entre Finlândia e URSS de 1939 a 1940, os finlandeses usaram bombas de gasolina para aniquilar tanques e caminhões soviéticos.
Essas garrafas em explosão eram preenchidas com uma mistura de etanol, alcatrão e gasolina, e foram apelidadas de "Coqueteis Molotov".
Era "uma bebida para acompanhar a comida", já que as bombas jogadas pelos soviéticos na Finlândia foram ironicamente chamadas de "cestas de pão Molotov" - o ministro dos Negócios Estrangeiros soviético afirmava, hipocritamente, que a URSS estava jogando comida, e não bombas, sobre a Finlândia.
Mólotov ganhou diversas outras homenagens. De 1940 a 1957, por exemplo, a cidade de Perm (1.400 km a leste de Moscou) foi batizada em sua homenagem.
Hoje, seu nome remete principalmente ao coquetel bélico, mas há também bandas como a "Molotov", de rock mexicano, e a "Molotov Solution", norte-americana de Deathcore.
Embora seja improvável que o ministro de Stálin fosse apreciar este emprego de seu nome, as bandas, assim como ele, são bastante brutais.
Quer saber mais sobre a participação soviética na Segunda Guerra? Leia “Mistério sobre ataque alemão permanece”.