A União Química vai começar a produzir a vacina russa contra o coronavírus Sputnik V no Brasil antes da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de acordo com declaração do CEO da farmacêutica brasileira, Fernando Marques, na sexta passada (7).
“Vamos pegar um lote do componente ativo de Moscou na semana que vem [esta semana - nota do Ed.] e começaremos a engarrafar a vacina na fábrica de Guarulhos”, disse. “Começaremos a produção imediatamente após o recebimento dos componentes e ficaremos aguardando o registro que nos permita iniciar seu uso no país”, acrescentou Marques.
A produção do componente ativo no Brasil deve começar após deliberação do Centro de Pesquisa Gamaleya, o desenvolvedor da vacina. “Receberemos os equipamentos no final de maio, o que vai nos permitir escalonar os volumes de produção”, acrescentou.
Anvisa envia novas informações ao STF
Na noite desta segunda (10), a Anvisa encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) informações relativas aos documentos pendentes para análise do pedido de autorização de importação e distribuição da Sputnik V no Brasil.
A petição havia sido protocolada pelo governo do Maranhão e acatada pelo ministro Ricardo Lewandowski nesta segunda, que concedeu prazo de 48 horas para a Anvisa se posicionar.
“Preliminarmente, informe a Anvisa, em 48 horas, de maneira pormenorizada, quais os documentos faltantes para uma análise definitiva do pedido de autorização excepcional e temporária de importação e distribuição da vacina Sputnik V, subscrito pelo estado do Maranhão, sem prejuízo de franquear-lhe, de imediato, o pleno acesso aos autos do Processo SEI no 25351.908872/2021-00, o qual, segundo alega, tem sido obstado pela agência”, decidiu.
Junto com as novas informações enviadas, a Anvisa relatou que o estado do Maranhão terá amplo acesso aos autos do processo administrativo em tramitação na agência.
No último dia 26 de março, a Anvisa proibiu a importação e uso da vacina russa Sputnik V no país, após decisão aprovada por unanimidade pelos membros do conselho diretivo. Segundo os técnicos brasileiros, além da ausência de informações importantes para a análise do pedido de uso emergencial, os dados recebidos e a visita a instalações de produção na Rússia dariam margem a dúvidas sobre aspectos do imunizante e seus respectivos estudos.
A expectativa em torno da decisão era grande, uma vez que milhões de doses já haviam sido acertadas por municípios, Estados (sobretudo do Nordeste) e pelo próprio governo federal com o intuito de acelerar a campanha nacional de vacinação e reduzir o número de mortes.
Após as declarações da diretoria da Anvisa, o Instituto Gamaleya divulgou uma nota para esclarecer o que chamou de “campanha de desinformação contra a Sputnik V”.
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