A Paixão de Angélica (1993)
Em “Strasti po Anjelike” (que foi lançado em inglês como “Angelica’s passion”), Angélica tem uma síndrome estranha e rara, a hiperexcitabilidade sexual, que é desencadeada pelo som do trovão. Em uma tempestade, os centros de controle de seu cérebro se desligam e ela faz sexo com qualquer homem que estiver por perto – e depois disso fica com amnésia.
Esta comédia erótica de Aleksandr Polinnikov mistura elementos de misticismo com uma história de detetive e só poderia surgir nos primeiros anos pós-soviéticos, quando absolutamente tudo era possível. Tanto que, às vezes, o filme é pura pornografia. Um dos personagens chega até a explicar essa permissividade: "Em outros lugares, pode ser pornô, mas aqui é uma ajuda visual!".
Este filme maluco é um reflexo incrivelmente preciso de seu tempo, com sua total falta de educação sexual e cultura.
Retrato no Crepúsculo (2011)
Em “Portret v sumerkakh” (lançado em inglês como “Twilight Portrait”), Marina, uma assistente social, inicialmente frequenta os arredores de uma cidade da província para se encontrar com o amante, um amigo da família, no apartamento dele, alugado. Mas, depois de uma dessas noites, ela é estuprada por um policial local e inicia um caso secreto de amor com ele.
O filme de Angelina Nikonova segue uma linha forte sobre uma patologia sexual semelhante à síndrome de Estocolmo, uma obsessão que a vítima pode desenvolver quanto ao agressor, e que o assemelha a “Último Tango em Paris”. Mas o filme, apesar de pesado, também é um bom estudo psicológico, e explora temática semelhante ao filme “Elena”, de um dos queridinhos de Cannes, Andrêi Zviaguintsev.
Gafanhoto (2014)
Em “Sarántcha” (título russo que foi lançado em inglês como “Locust”), uma garota interessante e popular de Moscou inicia um caso secreto com um trabalhador da construção civil do interior, o que leva a cinco anos de corrupção mútua, degradação moral e alguns cadáveres.
Os produtores descreveram “Gafanhoto”, de Egor Baranov, como um thriller erótico - mas não se deve esperar a mesma quantidade de tensão erótica que, por exemplo, em “Instinto Selvagem”. Aqui, o sexo está mais para uma metáfora da corrupção espiritual e moral nas grandes cidades e não é mostrado com tanta frequência. Mesmo assim, quando ele exibido, isto é feito com mais requinte artístico e sensual do que era de se esperar do cinema russo de 2014.
Concubinas (2019)
A estreia do controverso diretor teatral Konstantín Bogomolov na TV com “Soderjânki” (ainda não lançado em outras línguas) virou sensação ao retratar o sexo e a concubinas como fenômeno estabelecido da alta sociedade de Moscou. A típica história da garota do interior que conquista a cidade grande foi lançada como série de TV em duas temporadas.
No final do segundo episódio, a novata ocupa com seu “lugar sob o sol”, e seguem-se as vicissitudes cotidianas de uma amante entrelaçadas em um enredo de crimes.
Em termos de quantidade de nudez filmada com habilidade, tanto feminina quanto masculina, a série de TV de Bogomolov está pau a pau com o número de assassinatos em Game of Thrones. O elenco é cheio de belas e talentosas estrelas de cinema russas: Alexandr Kuznetsov, Sofia Ernst, Aleksandra Rebiônok... Esta série de TV será um verdadeiro achado para os amantes de cenas eróticas sensuais e proibidas!
Fidelidade (2019)
“Vernost” (lançado em inglês como “The fidelity”) é a tentativa mais recente e séria – além de bem-sucedida - do cinema russo moderno de explorar o gênero do drama erótico.
Foi com este filme que Niguina Saifullaeva estreou recentemente no Kinotavr, o principal festival de cinema independente da Rússia, onde recebeu inúmeras resenhas positivas. O crítico Aleksêi Filippov, por exemplo, observou o surgimento de um nicho único para o cinema russo, “onde as pessoas sabem fazer sexo, falam como na vida real e existem para além dos julgamentos morais”.
A história de um homem e uma mulher casados, em Kaliningrado, exclave russo na Europa, não é sobre emancipação sexual, mas sobre conversas frágeis, de coração para coração, dentro de uma família atingida por uma crise. Aqui, o sexo é parte integrante da vida espiritual, e não corporal, e o resultado é de cair o queixo!
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