5 lendas sobre o Baikal, o lago mais profundo do mundo

Viagem
ELEONORA GOLDMAN
Histórias misteriosas sobre um dragão das águas, as reservas de ouro perdidas do Império Russo e um túnel para a terra do nunca. Algumas delas são verdadeiras.

O lago Baikal, na Sibéria, é o mais antigo e profundo do planeta. Os moradores locais o veneram há séculos e repassam, de geração a geração, histórias cheias de mistério. Se são verdade ou pura lenda, decida por si mesmo, ou melhor ainda – visite o Baikal.

A lenda do terrível dragão

O Baikal tem seu próprio “Nessie” e é uma história bem assustadora, para falar a verdade. Há várias descrições de um “dragão das águas” que “habita” a baía Mukhorski, a parte mais quente do lago, e leva os pescadores para seu reino subaquático. 

Segundo alguns rumores, é algo como um enorme esturjão com cara de mal; outros, que é um monstro-lagarto com garras e “armadura” nas costas, mas há quem sugira que se parece com um antigo ictiossauro, o ancestral dos crocodilos. 

Para aplacar a fera, os locais “ofereciam” peles, joias e comida ao monstro do Baikal apenas alguns séculos atrás. Alguns até praticavam sacrifícios de sangue.

A propósito, na década de 1980, pesquisadores soviéticos registraram um objeto de 30 metros em movimento  no leito do lago. Os dispositivos de ecolocalização não foram capazes de esclarecer exatamente o que era. Entusiastas russos e estrangeiros continuam tentando encontrar o “monstro”. Fotos com manchas borradas de criaturas obscuras surgem de tempos em tempos nas redes sociais. Talvez, seja apenas um tipo desconhecido de fauna.

A lenda do ouro do Império Russo

Um dos grandes mistérios não solucionados da história russa – onde foram parar as reservas de ouro do Império Russo após a Revolução de 1917? O país mergulhou em uma guerra civil entre partidários do regime tsarista (os Brancos) e apoiadores do novo regime (os Vermelhos). O ouro do Império foi sendo cada vez mais empurrado Sibéria adentro e passou de um lado para o outro. Quando enfim caiu nas mãos dos bolcheviques em 1919, descobriu-se que algumas das caixas continham tijolos em vez de barras de ouro. Cerca de 180 toneladas foram “perdidas”. Alguns entusiastas de lendas acreditam que o tesouro afundou no lago, quando o trem Circum-Baikal, que o transportava ao longo do lago, colidiu.

Não é à toa que, várias vezes, submersíveis Mir viajaram ao fundo do Lago Baikal, onde localizaram restos de caixas centenárias e até barras com pó dourado. No entanto, esses achados nunca foram recuperados devido ao solo movediço.

A lenda do rio Angara

Esta é provavelmente a lenda mais romântica e popular sobre o Baikal. Trezentos rios e riachos deságuam neste lago, mas apenas um rio, o Angara, nasce dele. É um dos principais rios da Sibéria e, nos contos antigos, é considerado a “filha” do Baikal.

Os moradores retrataram Baikal como um bogatir que coletava “impostos” das terras vizinhas e sua filha Angara imediatamente devolveu tudo. Ela tinha apenas um colar, que não mostrava a ninguém. Ela estava guardando para seu futuro marido. Então, Baikal disse a todos os bogatirs vizinhos que queria que sua filha se casasse. Ele escolheu um jovem chamado Irkut, apesar de ela gostar do cavaleiro Ienissei. Mas, a palavra final era a do pai. Eventualmente, Angara fugiu de casa, levando o colar consigo e jogou as contas sob seus pés, dando o tesouro para as pessoas. No ponto do caminho onde encontra Irkut, ergueu-se então a cidade de Irkutsk; onde ela jogou as contas, outras cidades apareceram; e onde ela encontra o Ienissei, forma-se uma flecha – o Angara deságua no Ienissei.

Lenda de outro mundo

O Baikal é o lago mais profundo do mundo e os locais sabiam disso antes mesmo da pesquisa científica oficial. Eles acreditavam que existe um abismo sem fundo que leva ao oceano aberto ou a um submundo. Acredita-se que, para além deste ponto, um redemoinho aparece na superfície do lago, e que este pode ter aprisionado barcos que passavam. Foi possível calcular uma profundidade mais ou menos exata do lago na década de 1930, depois constantemente atualizada. Descobriu-se que a profundidade média do Baikal é de 740 metros, mas existem rachaduras no fundo, bem como um ponto com 1642 metros de profundidade. O tal “abismo sem fundo” estaria exatamente no local de uma falha tectônica.

Lenda do nome

Os cientistas ainda não entraram em consenso sobre a idade do lago Baikal. De acordo com a teoria principal, tem de 25 a 35 milhões de anos. Mas há quem sugira ter cerca de 150.000 anos, e outros, apenas 8.000 anos. Também não se tem certeza sobre a sua origem – se já foi um vulcão ou o fluxo do núcleo do manto da Terra. Sabe-se que as pessoas viviam em torno deste lago no século 2 a.C. e eram povos distintos. Mas eles chamaram este lago por nomes muito semelhantes. Bai, em muitas línguas, significa “grande”. No idioma buriato, Baigal-dalai quer dizer “grande massa de água, como um mar”; em iacuto, baihal, ou baig'al significa “água grande e profunda”. Há uma lenda de que o Baikal foi formado no local de uma “montanha que cospe fogo”, ou seja, um vulcão – e seu nome significa “De pé, fogo”.

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