As primeiras viagens do empresário Sergey Dolya foram a negócios. E gostou tanto de ver a Rússia e o mundo que estruturou sua empresa de modo que pudesse gerenciar as operações remotamente. A partir de então, passou a viajar cada vez mais, assim como cresceu seu interesse por fotografia e vídeo. Dolya rapidamente se tornou um dos blogueiros de viagem mais populares do Runet (internet russa).
Em 2014, fez sua jornada mais longa e difícil: a expedição de carro Rossiya (Rússia), que começou em Ástrakhan e terminou em Vladivostok. A missão? Por dois meses, a equipe “desenhou” a palavra “Rossiya” em um mapa do país a bordo de seus veículos usando GPS. Desde 2019, Dolya também apresenta seu próprio programa de viagens na TV.
O Russia Beyond pediu ao viajante, fotógrafo e apresentador de TV Sergey Dolya que listasse seus lugares favoritos na Rússia. No seu pódio ficaram: Manpupuner, Chara Sands e Wrangel Island.
Poucos russos, quanto mais turistas estrangeiros, ouviram falar de Manpupuner, muito por conta do difícil acesso. Para chegar a esta formação rochosa, situada na República de Komi, só viajando de helicóptero a partir de Perm ou Ukhta, ou oito dias a pé.
Sergey sonhava há muito tempo em visitar este lugar, mas só conseguiu chegar lá na terceira tentativa. As duas primeiras tiveram que ser abandonadas devido ao nevoeiro e ao mau tempo. A palavra “Manpupuner” significa “pequena montanha de ídolos” na língua local mansi. Já foi uma grande montanha, mas, com os efeitos do tempo e da erosão, apenas sete pilares enormes permanecem, cada um com a altura de um edifício de 14 andares.
Na opinião de Sergey, Manpupuner é a atração natural mais interessante da Rússia, comparável em escala ao Grand Canyon ou à Grande Barreira de Corais australiana.
Mas essas não são as únicas montanhas de resíduos na Rússia. Nem são as únicas capturadas pelas lentes de Sergey Dolya. Tchukotka, por exemplo, é o lar de rochas incomuns conhecidas como kekuri. Esta palavra, provavelmente da língua nenets, pode ser traduzida aproximadamente como “elevação” e foi usada para designar a área.
Outra “solução arquitetônica” da Mãe Natureza é o arco do Cabo Velikan, na Ilha Sacalina.
Sentinelas de pedra guardam a margem do rio Kotuikan, no planalto de Anabar, na península de Taimir (território de Krasnoiarsk).
Em Kamtchatka há uma pedra arqueada de basalto chamada Arco de Steller.
As rochas “Três Irmãos” na Baía de Avatcha, em Kamtchatka, são um símbolo de Petropavlovsk-Kamtchatski.
Outros dois “irmãos” ficam do outro lado da Rússia – na península de Kola, na região de Murmansk.
O segundo lugar mais incrível da Rússia, segundo Dolya, são as Areias de Tchara, no território Transbaikal. Também fora dos roteiros mais turísticos, elas são o menor e mais setentrional deserto do mundo.
A área é separada da civilização por um rio e um pântano intransponível, por isso só pode ser acessada por algumas semanas na primavera ou outono.
A borda do deserto é invadida por uma floresta de coníferas e, do topo das dunas de areia, uma vista de rochas cobertas de neve se abre.
Nevar em deserto não é uma ocorrência comum, mas nas Areias de Tchara, sim. Para Sergey, as dunas lembram as dobras de um cobertor. Por serem tão altas e “pontiagudas”, até mesmo de jipe é difícil chegar ao topo.
Além de veículos, os viajantes podem percorrer a área a pé ou de snowboard.
Não acredita? Veja o vídeo aqui.
Entre as viagens memoráveis pela Rússia, Sergey destaca também a Ilha Wrangel, onde pôde ver os ursos polares. “Já se passaram cinco anos desde que visitei os ursinhos, mas ainda me lembro deles”, diz.
O Ártico oferece várias atrações incomuns, e uma delas é andar em um bloco de gelo. Morsas ou ursos polares podem ser vistos frequentemente neles. “As pessoas costumam se divertir mais andando em um bloco de gelo do que ao encontrar baleias ou morsas e ursos polares”, escreveu Sergey no Instagram. “Uma coisa é observar, outra é perceber que você está no meio do oceano em um pequeno pedaço de gelo, totalmente sozinho.”
Sergey também observou ursos polares em Tchukotka.
“Os ursos polares são, na verdade, pretos. Sua pele é preta para melhor absorver o calor em dias ensolarados”, escreve Sergey. “A pelagem não é branca, mas transparente. Cada vilosidade [cabelo] é como um pequeno canudo de coquetel. Só parece branco, mas com a idade pode ficar amarelado, ou mesmo esverdeado se entupido de algas.”
Em Kamtchatka ele pôde ver ursos-pardos de pertinho. A península é considerada a terra dos ursos. Mas, contrariando as expectativas, nem sempre é tão fácil avistá-los.
Sergey relembra, por exemplo, como um urso teve medo dele, e não o contrário. “Ele nos viu antes de nós o vermos, e simplesmente fugiu. Várias vezes tentou escalar as pedras laterais para se afastar do mar, mas sem sucesso”, diz Dolya. Depois de passar alguns minutos tirando fotos a longa distância, Sergey e o grupo partiram para não perturbar mais o urso.
Já nas ilhas Chantar, Sergey tropeçou acidentalmente em um urso na floresta – uma experiência inesperada e bastante assustadora, segundo descreveu. Ele não tinha apito ou arma à mão. Mas nada aconteceu, o urso simplesmente correu de volta para a floresta.
Fato é que, em suas viagens, ele pode observar todos os tipos de animais selvagens. Baleias em Tchukotka, por exemplo, tanto as cinzentas quanto as jubartes.
Na Ilha de Wrangel, ele conseguiu fotografar uma baleia-jubarte se alimentando.
Também encontrou papagaios-do-mar com chifres e cristas, dois membros incomuns da família dos papagaios-do-mar.
Nas Ilhas Comandante, no Oceano Pacífico, hordas de gaivotas acompanharam o navio de cruzeiro.
As Ilhas Comandante também são habitat de lontras-marinhas.
Na costa de Tchukotka, Sergey se deparou com o maior viveiro de morsas que já tinha visto na vida.
As morsas vivem em grandes rebanhos. “Enquanto o rebanho se deita e dorme, há sempre várias ‘sentinelas’ de guarda monitorando os arredores. Quando um predador se aproxima, digamos, um urso polar, uma baleia assassina ou um ser humano, as sentinelas começam a berrar”, descreve Sergey. A propósito, as morsas do Pacífico são maiores que as do Atlântico. E para que exatamente elas precisam das presas, os biólogos não sabem afirmar com certeza. “Certa vez eu vi uma morsa fincar suas presas em um bloco de gelo para não ser levada pelo vento forte ou pelas ondas”, conta Dolya.
Nas Ilhas Curilas, ele encontrou outro rebanho, desta vez de focas curiosas.
Além de raposas-do-Ártico.
“Qual país é o mais bonito? Rússia, é claro! E digo isso não como um patriota, mas como alguém que viu a maior parte do nosso planeta”, escreve Sergey. “Viajar na Rússia nem sempre é fácil, mas se você conseguir sair dos lugares mais manjados, será imensamente recompensado com o que vir.”
Confira abaixo mais fotos incríveis das belezas naturais da Rússia retratadas por Dolya:
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