“Moscou tem muitas estrelas, mas nenhuma estrela Michelin ainda”, brincou Serguêi Sobiânin, o prefeito da cidade, na cerimônia de abertura da edição Michelin de Moscou. A capital tem raízes gastronômicas históricas. Comerciantes e nobres gastavam até seu último rublo para tratar os hóspedes com dignidade. Nos tempos soviéticos, muitas tradições foram perdidas, e restaurantes de primeira classe foram transformados em cantinas soviéticas. Na década de 1990, Moscou (e a Rússia como um todo) começou a se recuperar e surgiram centenas de restaurantes que surpreendiam os visitantes com a sofisticação de seus pratos.
Moscou se torna agora a primeira cidade da CEI com restaurantes e cafés premiados com estrelas e outros troféus Michelin, enquanto a Rússia se tornou o 33º país a aderir à lista.
Por que a Rússia agora?
Segundo Gwendal Poullennec, diretor internacional dos guias Michelin, o trabalho em relação ao guia de Moscou começou há cinco anos. Os especialistas visitaram restaurantes anonimamente e os avaliaram de acordo com os padrões internacionais, baseando-se em diversos critérios: qualidade dos produtos, o domínio das técnicas culinárias, as habilidades do chef, a relação qualidade e preço e a consistência entre as visitas ao restaurante. A pandemia fez toda a diferença no processo de avaliação e na divulgação dos resultados.
“Este projeto foi um desafio para todos nós por causa da pandemia, restrições de viagens e cancelamentos de eventos. Mas, no final, concluimos. Temos a satisfação de dizer que Moscou, como uma das cidades para turismo gastronômico, tem grandes perspectivas de desenvolvimento. A cidade certamente tem sua própria identidade culinária; muitos chefs trabalham com produtos locais, preservando a herança culinária de sua região. A primeira edição em Moscou incluirá 69 restaurantes”, declarou Gwendal Pullenek durante a apresentação do guia em Moscou na última quinta-feira (14). Segundo ele, este é apenas o começo, o que deve dar estímulo extra ao setor local de restaurantes.
Duas estrelas: o melhor dos melhores
Dois restaurantes em Moscou foram premiados com duas estrelas Michelin. O prêmio significa que o restaurante é tão bom que vale a pena visitá-lo, mesmo que não seja do seu agrado (ou do seu orçamento).
Uma dessas estrelas foi para o restaurante ‘Twins Garden’, comandado pelos irmãos Ivan e Serguêi Berezutski. O Twins Garden já ganhou vários prêmios internacionais e, neste mês de outubro, ficou em 30º lugar na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo. Os irmãos promovem a simbiose entre ciência e natureza, e a maioria dos produtos do restaurante são provenientes de sua própria fazenda.
O segundo restaurante foi ‘ARTEST - Chef’s Table’, um estabelecimento novo (inaugurado em fevereiro passado) e requintado do chef Artiom Iestafiev e do restaurateur Arkádi Novikov.
Iestafiev mudou-se recentemente de São Petersburgo para Moscou, mas já conseguiu conquistar o público da capital russa com sua abordagem gastronômica. O chef dá especial atenção aos produtos locais, e usa cogumelos selvagens e raros. Antes de ingressar na ARTEST, ele estagiou no restaurante do chef francês Alain Ducasse, cujos estabelecimentos já foram galardoados com estrelas Michelin mais do que uma vez.
Uma estrela: vale a pena visitar
Sete restaurantes da capital russa receberam uma estrela Michelin. São eles:
- ‘Selfie’, um restaurante de cozinha autoral comandado pelo chef Anatóli Kazakov (um dos 100 melhores chefs, segundo o ranking internacional ‘The Best Chef Awards 2021’);
- Restaurante ‘Beluga’ de iguarias russas, onde se pode saborear duas dúzias de tipos de caviar, apreciar a vista deslumbrante da Praça Vermelha e deliciar-se com o menu explosivo do chef Evguêni Vikentiev;
- Restaurante e vinícola ‘Grand Cru’, nas Lagoas do Patriarca, com David Emmerle no comando;
- Restaurante ‘White Rabbit’, no centro de Moscou, com o chef Vladímir Múkhin e sua abordagem inovadora da culinária russa (25º nos ‘50 melhores restaurantes do mundo’);
- Bistrô gastronômico ‘Biologie’, com sua postura cuidadosa em relação à natureza e Ekaterina Alekhina à frente da cozinha;
- Restaurante ‘Sakhalin’, com sua incrível variedade de frutos do mar e comandado pelo chef Aleksêi Kogai;
- Restaurante ‘Savva’, no edifício histórico do hotel Metropol, bem no centro de Moscou, sob o comando de Andrei Chmakov.
Estrelas verdes
O Guia Michelin concede este prêmio aos restaurantes que se preocupam com o consumo consciente, com a redução do desperdício alimentar e que levam em consideração a sazonalidade dos ingredientes usados no preparo. Os restaurantes Biologie (da chef Ekaterina Alekhina), Twins Garden (irmãos Berezutski) e o restaurante de culinária do norte da Rússia ‘Bjorn’ (Nikita Poderiaguin) em Moscou receberam uma estrela verde Michelin.
Boa comida por um valor razoável
Quinze restaurantes fazem parte da BIB Gourmand, que lista os locais onde se pode fazer uma refeição deliciosa por 2.000 rublos (aproximadamente 150 reais). Entre eles estão ‘Sevicheria’, ‘Delicatessen’, ‘Bjorn’, ‘Eva’, ‘Erwin.RekaMoreOkean’, ‘Flor’, ‘Geraldine’, ‘Hibiki’, ‘Kazbek’, ‘Lucky Izakaya bar’, ‘Rybtorg’, ‘Tilda’, ‘Ugolek’, ‘Vani’ e ‘Uilliams’.
Outros 45 restaurantes também fazem parte da lista de recomendações do Guia Michelin.
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