Do século 17 à infância de todo russo: pãezinhos doces de semente de papoula

Comida
VASSILÍSSA MALINKA
Fáceis de cozinhar e com ingredientes básicos, quitutes servem tanto de sobremesa como para complementar aquele chazinho no fim de tarde.

Até o final da década de 1990, todo bairro tinha pelo menos uma padaria ou confeitaria que vendiam, entre outras coisas, bolinhos e pasteizinhos. Quando os salgados e doces saíam do forno, uma ou duas vezes por dia, havia filas para comprá-los ainda fresquinhos. Ao entrar neles, era impossível sair de mãos vazias: um biscoito de amêndoa, uma torta de massa folhada ou um simples pão de açúcar. Um dos clássicos, porém, era um pãozinho de semente de papoula – tão fresquinho e fofo, sem falar do recheio — surpresa. A pasta crocante e docinha no interior do bolinho era o ápice desse quitute.

Conhecidos na Rússia desde o século 17, esses bolinhos eram feitos tanto nas casas de nobres como plebeus; era sempre possível encontrá-los em feiras e bazares, geralmente durante a celebração de um feriado ortodoxo chamado “Medóvi Spas” (“mel da salvação”, em tradução livre); a festa acontecia em 14 de agosto, dia em que se inicia a colheita de mel no país. Até então, as flores de papoula já estão maduras, sendo fácil combinar os dois ingredientes do recheio – o principal.

É bem simples de fazer e bem menos demorado do que parece. É também é provável que você jamais tenha experimentado sementes de papoula desse jeito antes.

Ingredientes

Para a massa:

Para o recheio:

Modo de preparo

Coloque o leite (temperatura ambiente ou morno) em uma tigela e adicione o fermento. Misture até que a levedura seja dissolvida. Acrescente então farinha, sal, açúcar, ovos e manteiga (temperatura ambiente).

Sove a massa por cerca de 10 minutos, até que todos os ingredientes estejam bem incorporados, e ela não grude mais na tigela. Embrulhe a massa em papel filme e deixe-a descansar em local quente por 2 a 2,5 horas, até que dobre de tamanho.

Enquanto isso, prepare o recheio: comece lavando as sementes de papoula. Em uma panela pequena, derreta o mel e adicione as sementes. Mexa por 10 a 15 minutos, até que o mel seja absorvido e a pasta assuma uma aparência úmida. Deixe esfriando.

Para tirar o ar da massa, é preciso sovar e abri-la algumas vezes – nessa hora vale a pena até descontar a raiva, já que, quanto mais forte apertar a massa, melhor será o resultado final. Coloque-a de volta na tigela e cubra novamente com papel filme. Deixe descansar (para que cresça mais um pouco) por 40 a 50 minutos.

Separe a massa em pedaços pequenos, com cerca de 80 g cada. Faça bolinhas com cada pedaço, e abra-os sobre uma superfície plana polvilhada com farinha.

Segure a massa com a mão e coloque uma generosa colher do recheio no miolo. Dobre com cuidado as bordas em direção ao centro e aperte bem para selar a pasta de papoula em seu interior.

Espalhe os bolinhos de cabeça para baixo sobre uma assadeira coberta com papel manteiga. Cubra a assadeira com papel filme e deixe que cresçam por mais 30 a 40 minutos. É essencial cobrir os bolinhos para que a massa não resseque.

Pincele a superfície dos bolinhos com ovos (batidos com um pouco de água) e asse-os em forno pré-aquecido a 190°C por 25 a 30 minutos, ou até que fiquem dourados.

Retire do forno, passe um pouco de manteiga sobre os pãezinhos e, agora, a parte mais difícil: espere para que esfriem um pouco! É possível conservá-los por alguns dias, mas não há nada melhor que comê-los fresquinhos com uma xícara de chá.

Priátnogo appetita!

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