As 3 guerreiras mais famosas da história da Rússia

Ivan Cháguin/MAMM/MDF/russiainphoto.ru
Estas mulheres defenderam bravamente a sua pátria nas guerras mais pesadas contra Napoleão e Hitler.

1. Vasilisa Kójina

“Ela é uma mulher de grande estatura e enorme força física. Tem um rosto lindo e um caráter corajoso e decidido” — assim os conhecidos descreveram uma das heroínas mais famosas da guerra russo-francesa de 1812, Vasilisa Kójina.

Retrato de Vasilisa Kójina, 1813.

Vasilisa, de 35 anos e mãe de cinco filhos, enfrentou pela primeira vez os horrores da guerra em meados de agosto de 1812, quando as tropas francesas saquearam a sua aldeia natal na província de Smolensk e mataram o seu marido, o chefe da aldeia, Maksim Kójin.

Os franceses voltaram à aldeia nove dias depois, no dia do velório. Vasilisa, eleita nova chefe pelos moradores locais, cumprimentou os franceses com gentileza e hospitalidade, convidando-os para uma mesa na cabana. Quando os soldados ficaram bêbados, ela ordenou que trancassem as janelas e as portas e queimassem os inimigos.

O destacamento partidário organizado e liderado por Kójina seguiu o “Grande Exército” francês, lidando impiedosamente com soldados e saqueadores. Em pouco tempo, os guerrilheiros do destacamento de Kójina substituíram os machados por sabres e fuzis, mas Vasilisa continuou a lutar com forquilhas. “Ela agia com tanta força que podia matar o cavalo com um golpe”, lê-se na publicação “Mulheres da Guerra de 1812”.

Certa vez, quando Kójina escoltava prisioneiros franceses, um deles começou a expressar abertamente a sua insatisfação com o fato de ser liderado por uma mulher. Vasilisa imediatamente o matou, dizendo: “O mesmo acontecerá com todos vocês, ladrões, cães, que se atreverem a mexer comigo”.

O destino de Kójina após o fim da guerra é desconhecido. Segundo a versão mais confiável, ela retornou à sua aldeia natal, onde viveu até 1840.

2. Nadejda Durova

A ‘Donzela da Cavalaria’, ‘heroína da Guerra Patriótica de 1812’, a ‘Amazona Russa’ e a primeira oficial do sexo feminino na Rússia. É assim que Nadejda Durova — ou mais precisamente, Aleksandr Aleksandrov, como era chamada no Exército e no cotidiano — é conhecida na Rússia.

Nadejda Durova

Nadejda Durova descreveu em detalhes a história de sua vida na autobiografia ‘A Donzela da Cavalaria: Diários de uma Oficial Russa nas Guerras Napoleônicas’. Ela nasceu em 1790 (em 1783, segundo algumas fontes) em Malorossia, na atual Ucrânia, então parte do Império Russo.

Nadejda admitiu que desde a infância se sentia mais atraída por jogos de meninos do que por hobbies femininos, e até tinha “aversão ao seu sexo”: “A sela foi meu primeiro berço; cavalo, armas e música regimental foram os primeiros brinquedos e diversões infantis.”

O pai de Nadejda, que gostava muito dela, partiu seu coração quando lhe disse que, se ela fosse homem, poderia ser uma força e apoio para ele em sua velhice. Foi assim que Durova decidiu, a qualquer custo, “se separar do sexo que, como eu acreditava, era uma maldição divina”.

Em 1806, quando Nadejda tinha 16 anos, ela decidiu fugir de casa. À noite, sem o conhecimento de seus pais, ela cortou o cabelo, vestiu um uniforme cossaco e foi a cavalo até o local onde um regimento cossaco que passava estava acampando. O coronel não suspeitou que o estranho fosse uma menina e cedeu à persuasão de Durova de inscrevê-la provisoriamente no regimento até que se juntassem às tropas regulares. Foi assim que Nadejda se tornou Aleksandr.

Durova participou de várias batalhas do Exército russo contra as tropas napoleônicas. Em seus “Diários”, ela descreve a sua primeira batalha, perto de Guttstadt. No decorrer do confronto, chegou a salvar a vida de um oficial que havia sido cercado por tropas inimigas após ser derrubado de seu cavalo.  A lenda de Nadejda quase foi destruída por uma carta que ela escreveu ao pai, pedindo perdão por ter fugido de casa. Ela também contava que havia se juntado a um regimento ulano e ido para a guerra. O pai, por sua vez, se assustou e enviou a carta a amigos influentes em São Petersburgo para saber se sua filha estava viva. No final, a carta chegou às mãos do imperador Aleksandr 1º, que “caiu em lágrimas”.

Nadejda foi chamada para um encontro com o imperador. Ele lhe disse que seus comandantes haviam relatado sua prodigiosa bravura em batalha e perguntou se os rumores de que ela não era um homem eram verdadeiros. Depois de ponderar, a jovem respondeu com sinceridade. O imperador agradeceu sua coragem e sugeriu que Durova voltasse para casa, mas ela se jogou aos pés dele e pediu a honra de lutar pela Pátria e por seu nome. Ele não apenas atendeu seu pedido, como lhe concedeu o direito de usar o nome masculino — assim, Nadejda Durova tornou-se Aleksandr Aleksandrov — e a Cruz de São Jorge por salvar a vida do oficial.

Durova também demonstrou coragem na lendária batalha contra Napoleão em Borodinó, em 1812, mas sofreu congelamento e uma lesão após ser atingida em uma explosão.

Nadejda foi persuadida por seu pai a se aposentar do Exército em 1816. Ainda assim, passou o resto da vida vestindo roupas masculinas, usando o nome Aleksandr Aleksandrov e referindo-se a si mesma no gênero masculino. Após voltar para casa, Durova se dedicou inteiramente às atividades literárias.

3. Liudmila Pavlitchenko

Liudmila sempre queria se tornar uma historiadora, mas acabou sendo a franco-atiradora mais prolífica da história mundial. Durante a Segunda Guerra, Liudmila Pavlitchenko matou 309 soldados e oficiais inimigos.

Antes da guerra, Ludmila se formou pela escola de franco-atiradores; quando os nazistas atacaram a URSS, ela logo pediu permissão para servir na frente.

A corajosa garota serviu perto das cidades de Odessa e Sevastopol com tanto sucesso que os alemães organizaram uma verdadeira caçada atrás dela, selecionando seus melhores atiradores para este fim. Mas, no final das contas, os próprios caçadores se tornaram vítimas: Liudmila liquidou cerca de trinta franco-atiradores alemães enviados para liquidá-la.

Em junho de 1942, Pavlitchenko foi ferida. Depois de se recuperar, ela foi enviada aos EUA para fins de propaganda, onde conheceu o presidente Roosevelt e fez uma pequena turnê pelo país e pelo Canadá. No início, os norte-americanos não a levavam a sério, enchendo-a de perguntas sobre a vida cotidiana das mulheres na frente de batalha.

Cansada das perguntas, Liudmila respondeu aos jornalistas com um desafio: "Cavalheiros, tenho 25 anos. Eliminei 309 invasores fascistas na frente de batalha. Vocês não acham que chegou a hora de parar de se esconder pelas minhas costas?”.

Depois de retornar à URSS, Pavlitchenko se tornou instrutora de armas. Em 25 de outubro de 1943, ela recebeu o título de Herói da União Soviética.

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