5 maldições que assombraram a família Romanov

História
GUEÓRGUI MANÁEV
Em uma história de 300 anos, a dinastia Romanov viveu dezenas de previsões e profecias sobre seu futuro e destino. Escolhemos as cinco mais assustadoras...

Maldição de Marina Mniszech

O reinado da dinastia Romanov começou em tempos sangrentos. Uma criança de três anos foi executado a seu mando, em 1614, apenas um ano depois que Miguel 1° se tornou tsar. O menino era conhecido como Ivan Voriônok (“Ворёнок”, que significa “Ladrãozinho”) e era filho do Falso Dmítri 2° e de sua esposa polonesa, Marina Mniszech. Mas por que os Romanov fariam uma coisa tão horrível?

O menino foi enforcado porque sua mãe, Marina Mniszech, foi coroada como tsarina em Moscou em 1606 — portanto seu filho tinha direitos ao trono, ainda que vagos esses direitos. Os Romanov, apoiados pela Assembleia da Terra, negavam esses direitos e mandaram matar o bebê, preferindo o infanticídio a viver sob a ameaça de outro período sombrio como o Tempo de Dificuldades (1598-1613).

Ao saber da terrível morte de seu filho, Marina Mniszech ficou furiosa. Ela batia a cabeça contra as paredes de sua cela e proferia maldições aos gritos. Ela teria dito então que a dinastia, que começou seu reinado com o enforcamento de uma criança inocente, terminaria exatamente como começou: com a morte cruel de crianças.

A maldição de Marina Mniszech veio à tona novamente em 1918, quando o mundo soube da terrível execução da família Romanov em Iekaterimburgo e Alapaevsk.

Mas isso pode não passar de lenda, pois não há registros sobre onde e como a própria Marina Mniszech morreu: depois que ela foi presa, em 1614, ela nunca mais foi vista ou ouvida.

Maldição de Eudóxia Lopukhina (“São Petersburgo ficará vazia!”)

Eudóxia Lopukhina, primeira esposa de Pedro, o Grande, foi tonsurada à força e transformada em freira em 1698. Anteriormente, seu pai e dois tios foram reprimidos por participar de uma conspiração contra o governo.

Pedro se afastou de repente de sua primeira esposa, que foi criada seguindo estritas tradições russas e era a mãe do malfadado Aleixo Petróvitch (1690-1718), que tinha apenas oito anos quando a mãe foi separada dele e enviada para o Convento Suzdal-Pokrovski.

A tsarina Eudóxia teria dito à cunhada, irmã de seu marido, Maria Alexeievna, que São Petersburgo não se manteria e ficaria “vazia”. Maria Alexeievna transmitiu esse recado ao filho de Pedro e Eudóxia, Aleixo, conforme ele mesmo relatou durante um interrogatório em 1718.

Mas, em São Petersburgo, em 1722, membros do clero foram condenados por espalhar rumores sobre a mesma profecia, uma das mais assustadoras na história de São Petersburgo. Felizmente, a cidade continua intacta e cheia de gente.

Previsão do monge Abel sobre a morte de Catarina, a Grande

Vassili Vassiliev, o monge Abel, viveu na segunda metade do século 18. Na década de 1780, fez os votos monásticos, mas teve uma vida errante, permanecendo em vários claustros ao longo do caminho.

O livro de profecias encontrado na cela de Abel no Mosteiro Nikolo-Babaev, onde ficou em 1796, afirmaria que a imperatriz Catarina, a Grande morreria em oito meses.

Abel foi preso e a previsão foi relatada à imperatriz. Após um interrogatório da Expedição Secreta, órgão de segurança do Estado, Abel foi enviado à fortaleza de Shlisselburg. Mas sua profecia se tornou realidade quando Catarina morreu em novembro de 1796 e Paulo 1° se tornou o imperador.

Abel foi solto por ordem pessoal de Paulo. No entanto, ele logo continuou prevendo o futuro em troca de dinheiro e foi preso e exilado novamente. Em um entra e sai intenso da prisão, Abel acabou sendo enviado para o mosteiro de Suzdal “Spaso-Evfimiev”, onde morreu em 1841, já com cerca de 80 anos. Não se sabe se outras profecias de Abel se confirmaram, e muitas delas foram atribuídas a ele por boatos após sua morte.

Profecia de Rasputin

Grigori Rasputin foi morto em dezembro de 1916, menos de três meses antes da dinastia Romanov terminar seu reinado. Somente após sua morte, Nicolau 2° soube de uma carta que Rasputin lhe enviara. O secretário de Rasputin, Aron Simanovitch, escreveu em suas memórias que a carta continha uma profecia, que reproduzimos:

“Tsar da terra russa, quando você ouvir os sinos tocando informando sobre a morte de Grigori, saiba: se assassinos me matarem, os camponeses russos, meus irmãos, e você também, o tsar russo, não devem temer ninguém. Fique em seu trono e reine. Mas se seus parentes cometerem o assassinato, ninguém de sua família, ou seja, filhos e parentes, viverá mais de dois anos. O povo russo vai matá-los.”

Aron Simanovich diz ter entregado a carta à imperatriz Alexandra. Ela a teria lido, mas não a mostrou a Nicolau 2° até depois da morte de Rasputin.

Realmente, um dos parentes de Nicolau 2°, seu primo e grão-duque Demétrio Pavlovitch, fez parte da conspiração contra Rasputin e esteve entre seus assassinos. No entanto, ele morreu em 1942 na Suíça. Porém, Nicolau 2° e seus filhos e outros parentes não viveram mais de dois anos: eles foram assassinados em 1918 em Iekaterimburgo e Alapaevsk.

É importante saber, no entanto, que os historiadores consideram as memórias de Simanovitch uma fonte não confiável e a história provavelmente tenha sido inventada – não há vestígios da carta e da “profecia” de Rasputin em outras fontes.

O Mosteiro Ipatiev e a Coincidência da Casa Ipatiev

Esta não é realmente uma profecia de ninguém, mas simplesmente uma estranha coincidência na história russa: o reinado da dinastia Romanov começou no Mosteiro Ipatiev (região de Kostroma, Rússia), em 1613, e o último tsar da dinastia e sua família foram mortos em 1918 na Casa Ipatiev, em Iekaterimburgo.

O mosteiro Ipatiev, em Kostroma, recebeu o nome de São Hipácio de Gangra. Em 1613, Miguel Romanov e sua mãe, a tsarina Marta, moravam ali, a salvo da turbulência do Tempo de Dificuldades. Quando a Assembleia da Terra elegeu Miguel como o novo tsar, uma delegação foi de Moscou ao Mosteiro Ipatiev. Foi ali, na Catedral da Trindade, que foi realizada uma cerimônia de “convocação” de Miguel ao tsarismo.

A Casa Ipatiev, em Iekaterimburgo, foi assim chamada porque pertencia a Nikolai Ipatiev, oficial do exército e engenheiro. Em 1918, quando os bolcheviques chegaram ao poder, eles tomaram a casa de Ipatiev e levaram para lá Nicolau 2°, sua família e seus servos. Em 17 de julho de 1918, o tsar e sua família foram executados no mesmo local e, em 22 de julho, Nikolai Ipatiev recebeu de volta as chaves de sua casa, mas nunca mais voltou a morar no local.

Embora o mosteiro e a casa não tenham qualquer ligação, não se pode negar a coincidência. E, se a maldição de Marina Mniszech realmente existiu, também acabou se tornando realidade.

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