5 segredos sobre os enfeites de árvore de fim de ano na URSS

Maksimov/Sputnik
De Lênin a sabugo de milho, enfeites soviéticos mudavam dependendo da situação política do país.

Após 18 anos de proibição do Natal, data religiosa que ainda era considerada pelos bolcheviques como burguesa e claramente nociva, surgiu, em 1935, a tradição de festejar o Ano Novo no país. No jornal Pravda, um artigo de Pavel Postichev, um oficial do Partido Comunista, propunha devolver às crianças soviéticas a “atmosfera de conto de fadas e magia”.

Mas, apesar de a festividade ser reabilitada, todas as referências religiosas foram expurgadas. Daí em diante, as pessoas comemorariam o Ano Novo, e não o Natal, como se fazia na Rússia imperial. O principal símbolo da época continuou a se a árvore enfeitada, mas seus apetrechos mudaram consideravelmente em comparação com a era tsarista.

A tradicional estrela de Belém, por exemplo, foi substituída pela estrela vermelha de cinco pontas do Exército Vermelho. Em vez de anjos e magos, a árvore era enfeitada com brinquedos em forma de animais, plantas, torres do Kremlin, atletas e até membros do Politburo...

1. Simbolismo Soviético

Os primeiros enfeites de árvore soviéticos que surgiram após a reintrodução do Ano Novo tinham objetivos de propaganda: dirigíveis, aviões, navios e outras figuras com os dizeres "URSS, o comunismo triunfará!" Havia também símbolos do Estado soviético: estrelas vermelhas, foice e martelo.

Em 1936, em Kharkov, uma fábrica produziu uma série de bolas de vidro multicoloridas com retratos de membros do Politburo soviético. Uma das bolas, por exemplo, tinha o retrato de Lênin de um lado e o de Stálin do outro. Mas a produção desse enfeite logo cessou, já que o clima político na década de 1930 estava mudando e os heróis de ontem eram agora inimigos do povo que não deveriam ter lugar na árvore festiva.

2. Esporte e espaço

Após o lançamento do satélite Sputnik 1 pela União Soviética e o início da era espacial, as árvores soviéticas passaram a ser decoradas com figuras de cosmonautas, satélites, foguetes, estrelas e planetas.

Após as Olimpíadas de 1980 em Moscou, enfeites de vidro e folha de alumínio eram feitos em forma de atletas e pendurados nas árvores. Os jogos de verão também introduziram outro símbolo soviético famoso: o charmoso ursinho mascote Misha, que ainda é popular em muitas partes do mundo.

3. Agricultura

Durante o período que ficou conhecido como "degelo", no governo de Nikita Khruschov, muitos enfeites simbolizavam as conquistas do país na agricultura e em outros setores econômicos pacíficos. Assim, os enfeites mais comuns nas árvores representavam pepinos, pimentões, cogumelos, uvas e cenouras.

Mas os mais populares foram, sem dúvida, as espigas de milho, que ganharam popularidade durante a "campanha do milho" de Khruschov. Ornamentos de instrumentos musicais como bandolins, violinos, guitarras, flautas e tambores também eram frequentes nas árvores.

4. Cinema

Personagens e objetos que ficaram famosos em filmes também chegaram às árvores. Este foi o caso, por exemplo, do filme de Grigóri Aleksandrov “Circus”, estrelado pela sex-symbol soviética Liubov Orlova, lançado em 1936, e que gerou ornamentos de árvore em forma de palhaços, acrobatas e ginastas.

Em 1941, Ivan Piriev lançou “Encontraram-se em Moscou” e assim foram produzidos ornamentos inspirados no título que retratavam profissões tradicionais. Em 1956, Eldar Riazanov lançou “Karnavalnaia notch” (“Noite de Carnaval”), que foi, por muito tempo, um dos principais símbolos do Ano Novo na URSS. Relógios de brinquedo cujos ponteiros marcavam sempre 11h55 também se tornaram populares com o filme.

5. Motivos étnicos

Em momentos diversos, houve demanda por enfeites de árvores que refletissem as nações aliadas, além das repúblicas que formavam a União Soviética. Em meados da década de 1930, quando havia uma cooperação considerável com países do Oriente Médio, os ornamentos com motivos orientais tornaram-se muito populares: camelos de vidro pintados à mão, pássaros e animais exóticos, Aladim, belezas orientais e pessoas com roupas étnicas.

Depois que o Tratado Sino-Soviético de Amizade e Aliança foi assinado, em 1945, surgiram ornamentos retratando elementos da cultura chinesa: dragões, lâmpadas, lanternas e leques.

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