Como gatos siberianos salvaram o Museu Hermitage

História
ANNA SORÔKINA
Por que existem monumentos para gatos no centro de Tiumen e em São Petersburgo? Heroísmo explica.

Bem no centro de Tiumen, há um pequeno parque que tem nome de gato siberiano e várias esculturas de gatos. Entre as estátuas está uma mãe gata com três gatinhos, gatos adolescentes e um gato adulto que escalou até o topo e está observando os demais com um olhar sério lá de cima.

Este parque e seus monumentos foram criados para celebrar os eventos trágicos associados ao cerco de Leningrado. Afinal, é em parte graças a esses bichanos que agora podemos desfrutar dos tesouros do principal museu da Rússia.

Hermitage à própria sorte

O edifício que agora abriga o maior e mais famoso museu do país tem gatos a seu serviço desde o reinado da imperatriz Isabel Petrovna. Em 1745, ela emitiu um decreto ordenando que 30 felinos para a caça de roedores fossem trazidos de Kazan (acreditava-se que os mais ferozes do Império Russo vivessem lá).

A partir de então, gatos passaram a proteger as galerias de arte e adegas do palácio (o Hermitage tem quase 20 quilômetros delas) de ratos e camundongos durante a invasão napoleônica, a Revolução Bolchevique e também sob o domínio soviético. Curiosamente, agentes químicos foram usados ​​contra ratos em momentos diferentes, mas isso não resolveu o problema. Os gatos apresentaram os melhores resultados.

Em 1941, quando a Segunda Guerra Mundial bateu às portas da Rússia, peças valiosas foram evacuadas do Hermitage para os Urais, e seus porões foram convertidos em abrigos antibombas. 

Durante o Cerco a Leningrado, que durou de setembro de 1941 a janeiro de 1944, a cidade ficou sem gatos, que morreram de fome ou foram comidos por pessoas ou outros animais famintos.

Como resultado, os porões de edifícios antigos fervilhavam de ratos, que roíam móveis, paredes, linhas de comunicação e também transmitiam doenças perigosas. Os museus que armazenavam obras de arte em seus porões não foram poupados.

Gatos prontos para guerra

Quando os moradores de outras regiões soviéticas souberam do problema, eles decidiram ajudar Leningrado (atual São Petersburgo). Os primeiros gatos chegaram de Iaroslavl em 1943, quando o bloqueio foi rompido, marcando uma virada na batalha pela libertação da cidade.

Os gatos de Iaroslavl eram considerados bons caçadores de ratos e, por isso, muito procurados, embora um bichano custasse dez vezes o preço de um pão, que era extremamente escasso na cidade sitiada.

Mas a escassez de gatos também estava causando problemas enormes.

Um dos maiores pontos de origem de gatos foi Tiumen, e moradores de várias cidades da Sibéria enviaram seus felinos de estimação como ajuda adicional para proteger o Hermitage. Na época, um trem com 5.000 gatos de Tiumen, Omsk e Irkutsk chegou a Leningrado, após uma viagem de vários dias.

Mas o plano deu certo, e os ratos do Hermitage foram exterminados. Os descendentes desses heróicos gatos siberianos ainda trabalham no museu nos dias de hoje.

Um monumento em sua homenagem também foi erguido em São Petersburgo: na rua Malaya Sadovaya, os visitantes são saudados por dois gatos de bronze, Ielissei e Vassilisa.

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