Na era de ouro da URSS, jamais se ouviria as expressões “estrela do showbiz”, ou “símbolo sexual”. Essas mulheres não eram conhecidas por seu comportamento ostensivo, roupas reveladoras ou postura política. As únicas ferramentas à disposição eram sua beleza e talento artístico extraordinários.
1/ Anastassia Vertinskaia
Apelidada de “Greta Garbo da União Soviética”, Anastassia Vertinskaia era uma mulher tão bela quanto inteligente. A atriz soviética conquistou papéis principais em inúmeras adaptações clássicas; ficou famosa aos 15 anos, com sua atuação em “Velas Escarlates” (1961). Depois vieram “Anna Karenina”, “Guerra e Paz” e “O Mestre e Margarita”, além do protagonismo em dois dos principais teatros da Rússia simultaneamente. No seu auge, Vertinskaia era objeto de inveja em toda a URSS.
2/ Natália Varlei
Natália Varlei é única: a jovem de cabelos castanhos do clássico cult “A Prisioneira do Cáucaso” (1967) não era apenas uma atriz (que ainda está ativa hoje), mas uma trapezista no Circo de Moscou. A ascendência paterna no século 19 remonta a um jóquei galês, convidado à Rússia para gerir uma fábrica de criação de cavalos. Do lado materno, tem origens francesas e alemãs. A beldade também é parente distante do escritor Aleksêi Tolstói. Quando adolescente, Varlei tinha um problema no coração e não podia praticar esportes, mas resolveu se arriscar no circo antes de passar para as telonas em 1965, quando sua trupe visitou Odessa, na URSS ucraniana, e foi notada por sua inimitável personalidade no palco.
3/ Viktória Fiodorova
Poucas histórias do universo do cinema soviético são tão trágicas quanto à de Viktória Fiodorova. A artista nasceu em 1946, fruto da união do almirante norte-americano Jackson Tate e da famosa atriz russa Zoia Fiodorova. Seu pai, então adido do Departamento de Estado dos EUA em Moscou, havia sido alertado pela Polícia Secreta Soviética para encerrar o caso, mas, quando a notícia chegou a Iossef Stálin, Tate foi declarado persona non grata, e a mãe foi enviada para a Sibéria por oito anos. Somente a morte de Stálin garantiu sua libertação. Tate nem sequer sabia de Viktória (que recebeu tal nome em referência ao Dia da Vitória), até que um professor da Universidade de Connecticut soube de sua história e o contatou, levando a uma campanha para o governo soviético permitir que a filha se mudasse para os EUA. E ela o fez – casando-se em junho de 1975, poucos dias antes de seu visto expirar. Entre as obras de destaque de Fiodorova está uma adaptação de 1970 de “Crime e Castigo”. A atriz morreu de câncer de pulmão em 2012, em Greenwich, na Pensilvânia.
4/ Natália Andreitchenko
A “Mary Poppins da União Soviética” tornou-se uma espécie de ícone do cinema do final da União Soviética, à medida que o sexo se tornava um aspecto mais comum. Com seu primeiro papel de peso no épico “Siberíada” (1979), as coisas só melhoraram, ganhando reconhecimento nacional. Sua capacidade de mudar completamente de aparência era notável: da beleza acidental até uma Mary Poppins de aparência quase britânica, antes de mostrar tudo na quase pornográfica “Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk”, uma adaptação do romance homônimo. Hoje, aos 62 anos, Andreitchenko, continua atraindo olhares – talvez, devido a dieta crua e ioga.
5/ Natália Negoda
Mais uma Natália em nossa lista, com a pequena diferença de que esta foi a primeira exportação da União Soviética para a revista americana “Playboy”. Junto com seus contemporâneos, Negoda não só testemunhou o fim da União Soviética, como pode saborear seus frutos – entre eles, assumir papéis muito arriscados, como em “A Pequena Vera”, quando ganhou fama como a primeira mulher soviética a tirar a roupa em uma produção caseira. O filme continua sendo o exemplo mais escandaloso do cinema soviético, e Negoda é frequentemente referida como a última de suas estrelas.
6/ Irina Alfiorova
Uma das mulheres mais bonitas do cinema soviético, Irina Alfiorova ficou famosa por seu papel como Constance de Bonacieux em “D’Artagnan e os Três Mosqueteiros” (1978). É comum dizer que ela definiu a beleza russa na década de 1970. Aos 17 anos, Alfiorova mudou-se de Novosibirsk para Moscou e se matriculou em uma escola de teatro, onde os colegas a apelidaram de “a garota com osolhos”. Aliás, “lábios e olhos, e nada mais...” é o que alguns diretores pensavam. No entanto, isso não impediu que sua aparência a transformasse em uma lenda soviética.
7/ Liubov Polischuk
Uma das coisas especiais sobre Liubov Polischuk era sua capacidade estranha (e, verdade seja dita, não russa) de aparentemente desconhecer sua própria beleza. Polischuk nunca se esquivou de parecer tola na telas. A atriz de cinema e teatro nascida em Omsk continuou na ativa até sua morte prematura por câncer em 2006, com apenas 57 anos. Ela permanecerá para sempre nos corações russos por seus papéis na adaptação do romance russo “As Doze Cadeiras” (1971) e outros clássicos.
8/ Liubov Orlova
Durante décadas, Liubov Orlova foi considerada pelos russos o epítome da beleza, estilo e graça. Orlova tinha aquela rara aparência aristocrática com a qual só se pode nascer. Mas a trilha da Artista do Povo da URSS e vencedora do Prêmio Stalin até o estrelato foi espinhoso. A infância pobre e os sonhos frustrados de se formar no Conservatório de Moscou acabaram por levá-la a um encontro casual com seu futuro marido, o diretor Grigôri Aleksandrov, com quem se casou enquanto seu então esposo cumpria pena na Gulag. Filmes como “Uma multidão divertida”, “Circo” e “Volga Volga” (1934, 1936 e 1938) ficarão para sempre gravados na consciência coletiva soviética. Orlova faleceu em 1975, após uma batalha contra um câncer de estômago.