Limpeza de tapetes na neve
A obsessão soviética com os tapetes era grande. Eles não cobriam só o chão, mas também as paredes, juntado uma poeira braba. Por isso, tinham que ser batidos para liberarem todo o pó.
Assim, foram criadas construções especiais nos pátios dos prédios soviéticos para pendurar os tapetes (algumas dessas construções, aliás, ainda existem).
Elas eram especialmente úteis no inverno, quando o tapete podia ser limpo com o uso da neve.
Anos mais tarde, os mesmos tapetes continuam a cobrir solos e paredes dos apartamentos, e os russos, por hábito, continuam a limpá-los usando o método popular: levando o tapete para o pátio e dando-lhe uma boa “surra”.
Pintar as paredes só até a metade. De verde ou azul
Este estranho costume era originalmente ditado pela economia: as paredes eram pintadas até a altura de um humano médio ou logo abaixo — o suficiente para proteger as paredes da sujeira.
Isso se aplicava mais a locais públicos: varandas, hospitais, centros culturais, cantinas, banheiros etc. As cores utilizadas nesses casos eram, principalmente, azul ou verde: essas tinturas estavam sempre à venda, pois eram produzido em enormes quantidades para as necessidades da indústria automotiva, da defesa e ferroviária.
Além disso, essas cores escondiam melhor vandalismos, sujeira, defeitos de construção e outras imperfeições.
Apesar da mudança de tempos, os halls de entrada e outros lugares continuam a ser pintados assim. Geralmente, os moradores de prédios podem escolher as cores das paredes dos espaços comuns, mas se eles não tomarem a iniciativa e a empresa de gestão não for notificada, em 90% dos casos a entrada será pintada de verde ou azul e só até a metade – seguindo a tradição soviética.
Louça que ninguém usa para comer
Ter um serviço de cristal ou porcelana trancado em um armário era típico nas casas soviéticas.
Na URSS, esses conjuntos eram bens escassos e um símbolo de riqueza, por isso só eram retirados dos armários em ocasiões muito especiais, na frente dos convidados. Em outros momentos, a família utilizava pratos mais baratos.
Este hábito prossegue na Rússia. A louça de mesa "para os feriados" pode ficar na caixa em que veio por anos esperando uma ocasião especial, e muita gente não suporta a ideia de deixar os cristais dos avós para trás.
Arte pós-soviética em canteiros de flores
O "Prédio Exemplar da Cultura Doméstica " era uma competição na URSS pelo título de pátio mais limpo e bem conservado. Os prédios vencedores eram premiados com placas de "prédio exemplar". Não havia como subornar alguém para ganhar o título: só o trabalho duro e uma criatividade excepcional podiam garanti-lo.
Para tanto, os moradores tentavam decorar os pátios dos prédios como podiam.
Tudo, desde latas velhas e pneus até as tábuas cortadas, virava “arte”: cegonhas, crocodilos, cisnes etc. Nem mesmo as multas por trabalhar com pneus nesses objetos na Rússia contemporânea (eles exalam substâncias perigosas classe 4) conseguem impedir esses artesãos dos pátios!
Decoração de entrada
Os moradores também tentavam (e continuam tentando) tornar as entradas dos prédios mais aconchegantes com flores, cadeiras e bancos e às vezes até mesmo tapetes.
As entradas modernas de prédios na Iakútia revelam que esse costume soviético continua em voga entre os russos.
Varanda-depósito
As habitações soviéticas não eram muito espaçosas, por isso cada centímetro de espaço importava. Mas as pessoas precisavam de algum lugar para armazenar objetos sazonais, como esquis, trenós de neve, pneus de inverno, etc.
Como resultado, a sacada era transformada em um depósito, que ficava uma bagunça o ano todo.
Subbôtnik, a limpeza comunitária de sábado
O trabalho gratuito em benefício da comunidade entrou em prática no início da URSS. Ele era realizado em abril, no aniversário de Lenin, dia em que todos trabalhavam de graça, mas também nos prédios: ir fazer um “subbtnik”, limpando uma área, era ter um comportamento exemplar.
No início, o “subbôtnik” foi, realmente, uma manifestação de entusiasmo revolucionário. Mas, com o tempo, tornou-se obrigatório.
Este hábito de limpeza coletiva permaneceu, mas já vem definhando também: em um país capitalista e liberal que deixou entrar um número sem par de multinacionais (ainda que muitas o tenham deixado neste ano), a ideologia das pessoas mudou e elas acreditam que esse tipo de trabalho deva ser feito por empresas terceirizadas ou serviços municipais.
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