Todas as repúblicas russas – assim como cidades federais, regiões, territórios, distritos autônomos e a Região Autônoma Judaica – estão igualmente sujeitas à Federação Russa, conforme descrito na Constituição. Há, no total, 85 divisões administrativas na Rússia.
A palavra “república”, neste caso, não implica a soberania do Estado. Trata-se mais de uma tradição histórica e nacional. As repúblicas modernas da Federação Russa são frequentemente herança das repúblicas socialistas soviéticas autônomas (RSSA) da União Soviética e dos territórios autônomos. E as RSSAs eram uma forma de autonomia para as minorias nacionais que habitavam a União Soviética.
A União Soviética era composta por 15 repúblicas socialistas soviéticas (ou simplesmente repúblicas da URSS), cada qual com a sua própria divisão administrativo-territorial. Por isso, algumas dessas repúblicas tinham suas próprias repúblicas autônomas.
Como nasceu este sistema?
A reorganização administrativa e territorial em larga escala na Rússia atual e seus vizinhos começou após os eventos revolucionários de 1917, quando os povos do antigo Império Russo começaram a lutar por diferentes formas de autonomia nacional. Os territórios maiores (o Grão-Ducado da Finlândia e o Reino da Polônia) se tornaram independentes da Rússia. Os territórios menores buscavam autonomia dentro do país, reivindicando direitos sobre sua própria língua e órgãos do Poder Executivo. Nas décadas de 1920 e 1930, as fronteiras e o status das divisões administrativas estavam em constante mudança: os distritos se fundiam, eram transformados em oblasts autônomos e estes, em repúblicas autônomas.
Na Rússia (então chamada República Socialista Federativa Soviética Russa, dentro da União Soviética), houve em diferentes momentos até 19 repúblicas autônomas.
Por exemplo, o Turquestão soviético, que, juntamente com a Bachquíria soviética, é considerado a primeira república autônoma da República Socialista Federativa Soviética Russa (RSFSR), existiu apenas até 1924. Porém, deu origem a duas repúblicas da URSS: Uzbequistão e Turcomenistão. Em 1941, a República Socialista Soviética Autônoma dos Alemães do Volga foi dividida nas províncias de Saratov e Stalingrado (atual Volgogrado); em 1945, a RSSA da Crimeia tornou-se a província da Crimeia e, em 1954, passou a integrar a República Socialista da Ucrânia. Em 1956, a República Socialista Carelo-Finlandesa foi rebaixada para RSSA da Carélia, dentro da Rússia soviética. Mas também aconteceu o contrário, quando algumas RASS foram promovidos a status de repúblicas da URSS – como, por exemplo, a RSSA do Cazaquistão (em 1936) e a RASS do Quirguistão (1926).
Em 1961, o número de RSSAs foi fixado em 16 e assim permaneceu até 1990. A transformação das RSSAs em repúblicas russas seguiu-se à formação da Federação Russa e à independência de várias repúblicas soviéticas diante da queda da URSS.
Algumas das atuais repúblicas da Federação Russa (Adigueia, Altai, Carachai-Circássia, Cacássia, Tchetchênia e Inguchétia) adquiriram esse status pela primeira vez nos anos 1990.
Diferenças das repúblicas russas para outras regiões
O líder de uma república é oficialmente chamado de chefe da república. O Tatarstão era exceção: lá, o chefe era um presidente. Mas, segundo decreto presidencial de 12 de julho de 2022 sobre a introdução de mudanças no Conselho de Estado da Federação Russa, essa posição também foi substituída pela de chefe. A cidade principal de cada república russa é chamada de capital, enquanto outras divisões possuem centros administrativos.
Os passaportes dos residentes de algumas repúblicas como Tatarstão, Bascortostão e Iakútia apresentam inserções nacionais no idioma local.
Junto com o russo, as repúblicas reconhecem os idiomas de seus povos como línguas oficiais. Em alguns lugares há apenas uma outra língua; já no Daguestão, há 13. Na Carélia, por outro lado, apenas o russo tem o status de idioma oficial. De acordo com a legislação, os alfabetos da língua oficial da Federação Russa (russo) e das línguas estaduais das repúblicas devem ser baseados no alfabeto cirílico. Os povos indígenas da Carélia usam carélio, vepes e finlandês, línguas com escritas latinas que não podem se tornar línguas oficiais de Estado (a menos que a lei seja alterada). Assim mesmo, suas línguas têm status oficial no território da Carélia, e seus habitantes, assim como os representantes de todos os povos da Rússia, têm pleno direito de usar e preservar suas línguas nativas.
Todas as repúblicas russas têm seus próprios hinos e variam muito. Enquanto a versão oficial do hino do Daguestão não possui letra, a da Carélia é apenas em russo.
LEIA TAMBÉM: Como eram as vestimentas tradicionais dos povos da URSS?
Caros leitores e leitoras,
Nosso site e nossas contas nas redes sociais estão sob ameaça de restrição ou banimento, devido às atuais circunstâncias. Portanto, para acompanhar o nosso conteúdo mais recente, basta fazer o seguinte:
Inscreva-se em nosso canal no Telegram t.me/russiabeyond_br
Assine a nossa newsletter semanal
Ative as notificações push, quando solicitado(a), em nosso site