“Vodca contra covid” e outras fake news que rolam na Rússia durante a pandemia

Estilo de vida
VICTÓRIA RIABIKOVA
Para quem acha que apenas brasileiros se convencem com qualquer notícia, espere para conhecer as “máscaras faciais infestadas de nanovermes” e os “microchips da vacinação”.

O maior buscador russo, Yandex.Q, se uniu a especialistas da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e Administração Pública (RANEPA) e do Centro de Pesquisa Interdisciplinar do Potencial Humano, para identificar os principais rumores que circulam sobre o novo coronavírus na Rússia.

Os pesquisadores analisaram mais de seis milhões de postagens e compartilhamentos de informações falsas nas redes sociais por usuários russos entre o início de 2020 e meados de maio de 2021. Confira abaixo as cinco fake news mais populares sobre o assunto:

1. Em fevereiro de 2020, usuários de redes sociais e serviços de mensagens instantâneas começaram a compartilhar as recomendações de um médico fictício russo, Iúri Klimov, que supostamente trabalhava em um hospital em Shenzhen e foi posteriormente transferido para Wuhan para estudar o vírus, onde ele teria aprendido a vencer a covid-19. Os posts afirmavam que o vírus morre em temperaturas de 26-27 graus Celsius, por isso, o médico fictício recomendava beber mais água quente e, tendo estado em contato com uma pessoa infectada, lavar as coisas com detergente comum e secar as roupas ao sol.

2. Outra recomendação amplamente difundida contra o coronavírus, compartilhada nas redes sociais russas, era usar um medicamento antiviral popular, comer gengibre e inalar vapor de vodca. As pessoas ficaram particularmente atraídas pela crença no poder medicinal do gengibre - tanto que, em meados de 2020, a demanda disparou e os preços triplicaram.

3. As máscaras, que se tornaram obrigatórias em locais públicos para conter a propagação da infecção, também foram alvos de teorias da conspiração. Surgiram várias postagens alegando que o objeto de proteção continha nanovermes capazes de penetrar na pele e danificar o corpo todo. Um vídeo mostrando os vermes inexistentes foi amplamente compartilhado no WhatsApp. Na realidade, o que se via eram fibras comuns que se moviam com o calor, a eletricidade estática e as vibrações do ar.

4. Assim como em outras partes do mundo, incluindo Brasil, os russos ficaram particularmente revoltados com a China, culpando o país vizinho pela origem do novo coronavírus. Em Vladivostok, os usuários de internet compartilharam falsos rumores de que os chineses estavam supostamente infectando pessoas com coronavírus usando um “pó branco” especial, ou que estavam fornecendo bananas infectadas para a Rússia, e que encomendas de lojas on-line chinesas, como o AliExpress, também chegavam contaminadas.

5. Nem mesmo a vacinação passou ilesa pelas fake news. Muitos divulgavam informações e imagens falsas, alegando que a injeção contra o coronavírus poderia resultar em infertilidade ou que, por meio da vacinação, as pessoas teriam chips implantados para que o governo pudesse controlar as pessoas e, se necessário, matá-las. Toda a trama foi atribuída a Bill Gates, que investiu dezenas de milhares de dólares no desenvolvimento de um imunizante.

Além disso, na região do Volga e em Rostov-no-Don, circularam rumores de que médicos locais estavam registrando falsos diagnósticos de coronavírus.

“As fake news mais duradouras estão relacionadas à vacinação, e o interesse por elas permaneceu alto praticamente desde o início da pandemia na Rússia. Outras informações falsas tendem a ganhar e perder impacto com o tempo: por exemplo, o interesse por medicina alternativa e conselhos pseudomédicos eram mais prevalentes um pouco antes e durante a primeira e segunda ondas de coronavírus”, diz o relatório.

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