O Brasil planeja produzir mensalmente cerca de oito milhões de doses da vacina russa Sputnik V, que poderá ser exportada para países latino-americanos, segundo informou o embaixador do Brasil na Rússia, Tovar da Silva Nunes, a repórteres no último sábado (5).
“Como vocês sabem, já iniciamos a produção da Sputnik V no Brasil, então, acho que poderemos usar no Brasil nas quantidades permitidas, mas também fornecer para outros países como exportação. Por exemplo, existe uma área onde o Brasil poderia vender, que é a América Latina”, disse o diplomata. “Assim que a produção for impulsionada em junho e julho, como acho que teremos, conforme ouvi da União Química [farmacêutica brasileira], pelo menos oito milhões de doses por mês que serão colocadas à disposição do mercado.”
Inicialmente, a vacina poderá será aplicada em 1% da população de cada estado solicitante do Nordeste. Relatórios sobre a vacinação e seus resultados serão regularmente encaminhados à Anvisa, contribuindo assim para a decisão de futuros suprimentos.
O ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Queiroga, assim como os governadores dos estados e os responsáveis pelas vacinas, terão de assinar um termo de compromisso com as seguintes restrições: vacinação apenas de pessoas de 18 a 60 anos, que não sejam gestantes ou tenham dado à luz recentemente; não tenham comorbidades; não tenham recebido transfusão de sangue nos últimos três meses nem tenham feito tratamento contra câncer nos últimos três anos.
A Rússia foi a primeira nação do mundo a registrar uma vacina contra o novo coronavírus, em 11 de agosto de 2020. Com a recente autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Brasil se torna a 67ª nação a liberar o uso emergencial do imunizante.
Também no último sábado, o presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), Kirill Dmitriev, anunciou que o primeiro lote da Sputnik V será entregue ao Brasil em julho.
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Cooperação na pandemia e além
Ainda segundo o embaixador, o Brasil espera ampliar a cooperação com a Rússia no combate à pandemia, mas também em outras áreas.
“Estamos muito satisfeitos com este resultado e esperamos fortalecer e aprofundar essa cooperação não apenas em medicina e saneamento, mas também em outras áreas”, disse Nunes, ao destacar a experiência acumulada pela Rússia no campo da imunização.
Questionado sobre a confiança dos brasileiros no imunizante russo, o embaixador citou a ausência de pesquisas de opinião pública acerca do assunto, mas disse que alguns brasileiros chegaram a entrar em contato com a embaixada perguntando quando será possível ir à Rússia para se vacinar. “Eu diria, com base na minha experiência e na experiência do pessoal da embaixada, que todos estão muito felizes com a Sputnik V.”
O diplomata negou que tivesse ocorrido qualquer interferência política na demora para aprovação da vacina russa pela Anvisa.
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