- Bétula
Uma das árvores mais comuns do país, a bétula inspirou muitas canções, poemas e pinturas. Ela ocupa o coração dos russos desde os tempos antigos. Os eslavos consideravam a alta árvore esbranquiçada como sagrada e a associavam com a primavera, a pureza, a beleza natural e as qualidades femininas.
Enquanto linguistas ligam a origem de seu nome em russo “beriôza” à antiga palavra eslava “berza”, que significa “brilhar, mostrar-se branco”, seu nome também é similar a palavras russas como “béli” (branco) e “beretch” (manter, cuidar).
Os eslavos atribuem à bétula a capacidade de proteger as pessoas dos poderes do mal. Assim, as pessoas pediam à árvore que as ajudasse diretamente ou plantavam uma perto de sua casa.
A bétula e seus subprodutos (como calçados “lapti” ou caixas decoradas que abundam nas lojas de souvenires) foram criadas para afastar as forças do mal.
As pessoas acreditavam (e algumas ainda acreditam) que só de dar um passeio em um bosque de bétulas ou simplesmente tocar uma dessas árvores poderia ajudar a restaurar o equilíbrio emocional, reduzir o estresse e ajudar uma pessoa a continuar feliz.
O vidoeiro também forneceu uma certa alternativa ao papiro egípcio - os russos usavam casca de bétula para escrever quando o papel ainda não era conhecido.
- Carvalho
“À beira do mar há uma árvore de carvalho verde / Uma corrente de ouro amarrada em volta dela / E, na corrente, um gato esperto / Círculos diurnos e noturnos o rodeiam”. Assim se inicia o poema “Ruslan e Ludmila”, de Aleksandr Púchkin.
A grande e poderosa “Árvore do Tsar” provocou admiração entre os eslavos, assim como entre muitos outros povos. Ela era considerada uma árvore de Perun - o deus supremo do panteão eslavo e deus do trovão e do raio – e simbolizava a força, a glória e a energia masculina.
Seguindo o exemplo dos deuses que governavam o mundo de sob a chamada “Árvore do Mundo”, os eslavos também escolheram velhos carvalhos para reuniões, casamentos e rituais, acreditando que tudo o que acontece sob sua sombra era governado pelos deuses.
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Os eslavos também construíram templos e santuários em bosques de carvalhos que, acreditava-se terem poderes de cura e de trazer pessoas de volta do mundo dos mortos.
Rezava a lenda que a árvore atuava como mediadora entre os seres humanos e o universo. É por isso que se pensava que, se um humano estabelecesse contato com um carvalho, isto lhe daria – e também a seus filhos - imensas energias positivas para viver uma vida longa e feliz.
- Sorveira
Louvada nas obras de poetas russos como Marina Tsvetaeva, Aleksandr Púchkin e Anna Akhmátova, a sorveira faz há tempos parte da alma poética do país.
É uma árvore muito russa que era plantada em propriedades nobres, mosteiros e lares comuns. A aparência festiva das árvores e as bagas amargas foram e ainda são associadas à juventude perdida e ao amor e à solidão.
Nas tradições folclóricas que remontam aos eslavos, acreditava-se que a sorveira também tinha poderes mágicos.
Seus ramos com bagas vermelhas brilhantes eram considerados a clava de Perun, que podia proteger o humano de todos os tipos de infelicidade, como, por exemplo, feitiços de bruxa.
Como era com o vidoeiro, acreditava-se que a sorveira trazia felicidade para a casa e era comum usar bagas ou folhas de sorveira para afastar o mal, em remédios, para fazer a comida durar mais tempo e para purificar a água.
O último método citado é usado ainda hoje - um galho de sorveira tem elementos químicos que podem descontaminar a água suja.
- Abeto
O abeto é a principal árvore de Natal e outro tipo de árvore comum nas florestas russas. Também portando significado sagrado a ela conferido pelos eslavos, ela representaria a eternidade da vida e conectaria os vivos com os mortos.
Acreditava-se que os abetos tivessem poderes de cura e a capacidade de proteger a casa de coisas ruins. Seus galhos e cones também eram usados para fins médicos.
Mediador entre os vivos e os mortos, os abetos se tornaram parte importante dos rituais fúnebres eslavos. Hoje, seus galhos ainda são usados como enfeites para sepulturas e sua madeira é matéria-prima para caixões.
5. Bordo
Os russos adoram tirar fotos com folhas de bordo: é uma espécie de ritual do Instagram para marcar o início do outono. Mas, na mitologia eslava, as árvores de bordo têm um significado mais místico.
Então, elas eram consideradas um símbolo da reencarnação e os eslavos acreditavam que cada bordo abrigava uma alma humana esperando por sua próxima reencarnação. As folhas de bordo de “cinco dedos” influenciaram nesta associação humana.
Uma árvore de bordo também tinha um segundo nome - "iavor". A árvore era usada para honrar determinados feriados eslavos e como enfeites.
Na cultura eslava ocidental, acreditava-se que as árvores de bordo podiam mostrar a verdadeira natureza de uma pessoa. Se uma árvore de bordo seco começasse a florescer depois de alguém tocá-la, significava que a pessoa em questão não era tão confiável.