Por que o nome do novo projeto de Elon Musk, ‘Pravda’, é pura ironia

Reuters
Título, que significa “Verdade” em português, remete ao jornal soviético homônimo conhecido por disseminar propaganda – e inverdades – a mando do Partido Comunista.

Quando os jornalistas do Russia Beyond viram o tuíte de Elon Musk anunciando que ele criaria um site chamado Pravda, “onde o público pode avaliar o teor verídico de qualquer artigo e rastrear a credibilidade de cada jornalista, editor e publicação ao longo do tempo”, pareceu brincadeira. No entanto, ele, de fato, registrou a Pravda Corp em 2017.

O que chama atenção, porém, é o nome do projeto: Pravda, que significa “verdade” em russo. Já existe um jornal russo chamado “Pravda”, que foi porta-voz do Partido Comunista durante a URSS. Criado em 1921 por Vladímir Lênin, o veículo foi simbolicamente publicado pela primeira vez no aniversário de Karl Marx, em 5 de maio. Lênin, Lev Kamenev, Viatcheslav Molotov e Ióssef Stálin, entre outros bolcheviques, escreviam e editavam o jornal, que cobria eventos sob um viés parcial.

Lênin lendo “Pravda”

O que os editores chamavam de “Pravda” era essencialmente propaganda disseminada para todas as pessoas da URSS. Se alguém era elogiado no jornal como um proletário e um bom trabalhador, era uma pessoa de sorte. Mas, se alguém fosse ridicularizado, o medo de ser colocada em um carro preto e levada diretamente para um gulag era grande.

Os escritórios e instalações de impressão do “Pravda” eram tão grandes que ocupavam alguns quarteirões na rua homônima. Hoje em dia, o antigo jornal está confinado a algumas salas em um dos andares de seu antigo prédio – atualmente ocupado por outras agências de notícias, agências de viagens e até serviços de massagem.

No entanto, o espírito do comunismo persiste, e a sala de redação do “Pravda”, embora redimensionada, ainda é adornada com clássicas toalhas de mesa verdes soviéticas, e um grande busto de Lênin ocupa o andar térreo do edifício. O jornal, no entanto, não tem o mesmo nível de popularidade dos tempos soviéticos; conta agora com uma circulação de cerca de 100 mil exemplares, e é publicado três vezes por semana.

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