Neste verão, representantes das comunidades de seguidores dos “Velhos Ritualistas” ou “Velhos Crentes” - uma corrente religiosa cristã de tradição ortodoxa - que vivem no Uruguai, Bolívia e Brasil visitarão o Extremo Oriente russo para avaliar as condições para possível reassentamento no local, segundo o portal Sakhalin.info.
O acordo foi alcançado durante visita dos representantes do Ministério do Desenvolvimento do Extremo Oriente da Rússia e da Agência de Desenvolvimento de Capital Humano aos países da América do Sul.
“Hoje, apenas no Brasil, no Uruguai e na Bolívia residem quase três mil russos seguidores dos Velhos Crentes. Muitos deles estão estudando a possibilidade de retornar à Rússia, especialmente ao Extremo Oriente russo", disse o diretor do departamento de desenvolvimento de capital humano do Ministério de Desenvolvimento do Extremo Oriente, Grigóri Smolia, ao portal Sakhalin.info.
Segundo ele, muitos são inspirados pela experiência positiva dos primeiros Velhos Crentes que já voltaram e moram na região de Amur e de Primórie.
O governo russo está disposto a alocar gratuitamente até 300 hectares de terra para imigrantes na região de Primôrie, caso o território seja usado para construção de fazendas.
Os Velhos Crentes poderão receber doações para instalações agrícolas, apoio pessoal e adaptação, além de 240 mil rublos (R$ 13,5 mil) para cada participante do programa de reassentamento e 120 mil rublos (R$ 6,7 mil) para cada membro da família.
A política demográfica aprovada pelo governo para o Extremo Oriente russo até 2025 prevê a criação de condições adicionais e incentivos para o reassentamento de compatriotas que vivem no exterior, incluindo os Velhos Crentes, que podem voltar à região para a residência permanente.
"O Extremo Oriente oferece novas oportunidades para os compatriotas. Eles poderão receber seu hectare gratuito na fase de registro de cidadania, onde poderão construir uma casa e fazer negócios, inclusive no setor agrícola. É uma decisão importante para apoiar aqueles que querem voltar para casa", disse o ministro do Desenvolvimento do Extremo Oriente, Aleksandr Galushka.
Hoje, 130 famílias de Velhos Crentes que voltaram da América do Sul moram nas regiões de Amur e Primôrie e recebem subsídios estatais.
"O Serviço de Adaptação dos Velhos Crentes usa todos os mecanismos mais inovadores de reassentamento dos compatriotas, que, no futuro, serão empregados para ajudar todos os russos que quiserem voltar para casa", disse o vice-diretor da Agência do Desenvolvimento do Capital Humano, Denis Kúzin.
Hoje, diversas famílias de Velhos Crentes já estão prontas para se mudar para o Extremo Oriente. O Consulado Geral da Rússia em São Paulo está fornecendo apoio na preparação dos documentos necessários para essas famílias.
"Entendemos que este bem-sucedido processo será um exemplo para dezenas de milhares de compatriotas nossos que vivem no exterior", completa Galushka.
Na Rússia, a maioria dos Velhos Crentes moram na região de Níjni Novgorod (a 461 quilômetros de Moscou). Existem grandes comunidades também em seis grandes cidades russas.
A vida do grupo é muito fechada: eles preferem manter os negócios em família e não tomam empréstimos em bancos. Os Velhos Crentes se educam seguindo regras rígidas, tanto na religião, como no dia a dia. A vida dos Velhos Crentes gira em torno da Igreja, fechada na comunidade e no templo.
De acordo com o Ministério da Justiça, há 336 organizações religiosas de Velhos Crentes registradas na Rússia.
Quer saber mais? Leia “Como os Velhos Crentes mantêm suas tradições no mundo moderno”.
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