Iglus
Iglus são casas feitas de gelo e neve, construídas tradicionalmente por povos esquimós. Na Rússia, há apenas cerca de 2.000 esquimós, que vivem principalmente na região do Tchikotka.
Os esquimós passam a maior parte do ano sob inverno intenso, por isso, aprenderam a construir suas casas de neve. Elas têm de dois a quatro metros de diâmetro e dois de altura, e são feitas de blocos de neve.
A entrada do iglu fica sob a terra para assegurar que sempre se mantenha o ar quente no interior e o pesado monóxido de carbono flua para fora do cômodo.
Dentro, o chão e as paredes são cobertas de tecido ou pele de animais. A iluminação é provida por queimadores, e é bastante seco lá dentro, porque a neve absorve qualquer umidade imediatamente.
Às vezes, os esquimós constroem aldeias inteiras de iglus, com iglus separados conectados por passagens subterrâneas.
Em 2016, foi inaugurado no Kamtchatka um hotel de iglus. O blogueiro russo Aleksandr Kameniuk passou uma noite no hotel e reportou a experiência.
“O interior dos iglus é decorado com imagens em relevo de caçadores e animais do Kamtchatka. A temperatura lá dentro não cai abaixo dos 3 graus Celsius negativos, não importa quão frio esteja lá fora. Dormir em sacos de dormir é quente, mas é frio demais para se despir dentro de um iglu. Então é melhor dar um mergulho em água termal e correr rápido para dentro do saco de dormir”, conta.
Fortalezas de neve
Uma brincadeira tradicional russa é a que consiste em capturar uma fortaleza de neve, que ocorre normalmente durante o Ano Novo ou Máslenitsa, imediatamente antes da Quaresma.
A fortaleza é construída no dia anterior à “batalha”. A captura, por sua vez, transforma-se em um feroz combate com bolas de neve.
Infelizmente, porém, tem sido impossível construir um forte sólido de neve nas regiões centrais da Rússia recentemente, já que a neve anda muito seca.
Palácios de gelo
Um dos edifícios de gelo mais famosos da Rússia foi a Casa de Gelo construída em 1740 a bel-prazer da imperatriz Anna (1693-1740). Desta vez, ela decidiu organizar um casamento de brincadeira.
O noivo era o príncipe Mikhaíl Golítsin, que, como punição por se converter ao catolicismo, foi humilhado e transformado em bobo da corte. A noiva era uma mulher da Kalmíquia chamada Avdótia, também boba da corte, renomada por sua feiura. O casamento foi mesclado com um desfile para diversos povos indígenas da Rússia.
O enviado francês, Marquês de La Chétardie, relatou a sua corte que “povos sami, samoied, kalmik, kazak, todos apareceram em roupas mascaradas, formando uma procissão de mais de 200 pessoas seguindo ou antecedendo os recém-casados, que foram confinados em uma jaula sobre as costas de um elefante. Alguns dos ‘povos indígenas’ estavam montados em carrinhos atrelados a bois, outros, em carroças puxadas por javalis, porcos, cabras e cachorros. Os povos sami e samoied estavam memoráveis por suas roupas, feitas de peles de animais e seus trenós puxados por renas. Após a refeição, houve um pequeno baile, onde cada tribo dançou suas danças. Depois disso, o casal foi levado à Casa de Gelo, onde ficou até as 8 horas da manhã...”
A Casa de Gelo foi construída para o casamento, e com pompa: foi contratado para tanto o arquiteto Piôtr Eropkin, cuja reputação adveio da reconstrução de São Petersburgo após a morte de Pedro, o Grande.
A casa tinha 20 metros de altura e 50 de largura: um verdadeiro palácio! O jardim era cheio de árvores de gelo, o interior decorado com móveis de gelo, e havia até roupas de cama de gelo e louças de gelo.
Georg Kraft, matemático que participou do planejamento da Casa de Gelo, descreveu que “na frente da casa, foram colocados seis canhões de gelo que dispararam diversas vezes... Além disso, dois golfinhos de gelo... que com ajuda de bombas soltavam fogo de óleo queimado pelas bocas, o que proporcionavam uma visão esplêndida à noite...”
Ele escreveu ainda que havia até um elefante de gelo, “que estava vazio dentro, e foi feito com tanta habilidade que, durante o dia, podia funcionar como uma fonte de água, que passava por canos, e, à noite, enchia os olhos dos espectadores soltando fogo proveniente de óleo queimado. Além disso tudo, ele podia trombetear como um elefante de verdade, com o som produzido por um homem escondido dentro com um trompete”.
O “casal” foi forçado a passar a noite dentro do quarto sob guarda, sobrevivendo apenas porque a noiva conseguiu subornar um dos soldados e conseguir um casaco de pele de carneiro.
A construção derreteu no verão seguinte, mas tornou-se conhecida do público no século 19, quando Ivan Lajétchnikov escreveu seu romance “Casa de Gelo” (1835).
Esculturas
Esculturas de gelo e neve não são algo exclusivamente russo, mas em um país tão cheio de neve, sempre foram populares. A Rússia é palco, todos os anos, de uma competição anual de esculturas de neve e gelo apoiada pelo Ministério da Cultura.
Também há um festival siberiano de esculturas de neve em Novossibirsk. Ele é especial, já que os participantes não podem utilizar ferramentas elétricas, como as motosserras, que aceleram a criação dessas esculturas.
Além disso, competições de escultura no gelo ocorrem em Moscou, Perm, Salekhard e outras inúmeras cidades.
Geladeiras
Naturalmente, os russos aprenderam a estocar comida resfriada muito antes da invenção da geladeira. A geladeira russa dos tempos remotos se chamava “ledník” (proveniente da palavra “liôd”, que significa “gelo” em russo) e é citada em registros russos do século 17 e até antes (a tecnologia em si não é russa, e é usada desde, pelo menos, o ano 1.800 antes de Cristo).
O “ledník” mais simples é uma caixa com paredes duplas, entre as quais se deposita gelo. Na Rússia rural, os “ledník” eram feitos durante o inverno com gelo cortado dos rios congelados.
Se instalado em um celeiro profundo, o “ledník” podia manter a temperatura baixa por até seis meses. Este aparelho era usado na manutenção da residência do tsar e da nobreza também.
“Amaciador” de bebedeira
Muitos russos, sobretudo homens, já comeram neve, literalmente! Eles a usam como uma espécie de bebida mais fraca para “amaciar” a ingestão de um destilado mais forte.
Claro que menores de idade não podem beber – nem na Rússia! Mas muitos garotos costumam esvaziar garrafas de vodca nas ruas, atrás de garagens ou jardins, escondidos dos pais e vizinhos. Nessas condições, a neve fresca frequentemente serve para “amaciar” a descida da vodca, na falta de outra bebida mais fraca, refrescando a garganta e o destilado.
PS: O Russia Beyond recomenda fortemente que você não ingira bebidas alcoólicas - ou neve - se for menor. Mesmo que você seja secretamente russo. Afora os males do álcool, ingerindo neve, você pode pegar um resfriado, uma amigdalite grave ou até intoxicação no sangue, já que a neve absorve toda a poluição do ar e impurezas nas grandes cidades. Se for totalmente necessário ingerir neve por alguma razão, mantenha esta dieta restrita aos cristais de gelo do seu freezer, pelo menos.
Clique aqui para saber se os russos imunes ao frio.