Segundo Kuzminov, a Escola Superior de Economia, em Moscou, deve migrar seus cursos para a educação digital dentro dos próximos cinco anos. A justificativa é que a nova abordagem poderia aumentar a qualidade da educação no país.
Nas últimas décadas, as universidades russas têm lutado para encontrar um lugar respeitável nos rankings mundiais. No entanto, a escassez de publicações em revistas científicas em inglês, bem como a separação de pesquisas de estudos teóricos, tem sido muitas vezes um obstáculo para alcançar avanços significativos nesses estudos.
O ambicioso Projeto 5-100, financiado pelo governo da Rússia, melhorou ligeiramente a situação; nos últimos anos, algumas universidades russas subiram nas qualificações globais, embora não o suficiente para competir com as melhores instituições de ensino nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Teste educativo
A educação on-line poderia, segundo os autores do projeto, permitir que estudantes estrangeiros tenham acesso à alta qualidade do aprendizado na Rússia. “Os cursos digitais podem aumentar a competitividade e o prestígio das universidades russas no mercado educacional mundial”, justifica um dos representantes do Projeto 5-100.
As melhores universidades dos EUA também vêm usando a educação na internet para aumentar sua popularidade. Um exemplo é o “Psyc 157: Psicologia e a Boa Vida”, oferecido na plataforma de aprendizado on-line Coursera, e que rapidamente se tornou o curso mais popular da Universidade de Yale em seus 316 anos de história.
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De acordo com o Projeto 5-100, algumas universidades russas já aumentaram o número de candidatos internacionais graças à sua presença on-line: este é o caso da Universidade Nacional de Ciência e Tecnologias (MISiS), que recebe hoje alunos de 69 países. A instituição desenvolveu recentemente dois cursos, Ciência e Engenharia de Materiais, e Análise Complexa com Aplicações Físicas, para a plataforma edX.
On-line e em massa
A criação dos MOOCs (sigla em inglês para cursos on-line abertos em massa) remonta a 2001, quando o americano MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) se digitalizou, oferecendo, assim, seus recursos educacionais na internet. Posteriormente, as principais universidades do mundo juntaram-se ao Coursera, estimulando o desenvolvimento do aprendizado on-line.
Na Rússia, surgiram plataformas como Educação Aberta, Universarium e Lektorium. Algumas das principais empresas de e-learning do mundo, como Coursmos,Easy Ten, Preply e iSpring Solutions também foram criadas por fundadores de língua russa.
Neste ano, por exemplo, entre os cursos mais populares do Coursera estão dois desenvolvidos pelo Instituto de Física e Tecnologia de Moscou (MIPT): Programação com Python e Introdução à tecnologia blockchain.
O mercado global da EdTech tem valor estimado em quase 165 bilhões de dólares, de acordo com o Projeto 5-100. O Leste Europeu, com a Rússia na liderança, é uma das regiões que mais crescem nessa área. Acredita-se que a taxa média de crescimento anual do mercado russo de aprendizagem on-line será de 20% nos próximos 5 anos.
Uma decisão difícil
As universidades russas migrarão completamente para a internet em um futuro próximo? Mikhail Kotiukov, ministro russo da Ciência e do Ensino Superior, acredita que o processo deva ser gradual e bem pensado.
“Tudo deve ser feito de uma maneira razoável e cuidadosa, quando apropriado, para melhorar o acesso e a qualidade da educação”, disse Kotiukov.
Com o Projeto 5-100, diversas universidades do país estão se esforçando para aumentar sua presença on-line. Ao longo dos últimos quatro anos, a Escola Superior de Economia, por exemplo, ofereceu mais de 80 cursos no Coursera, em russo e inglês, atraindo mais de 1,2 milhão de estudantes de várias partes do mundo.
A mesma instituição também representou 22% dos cursos on-line na Rússia, de acordo com CourseBurg.ru. A plataforma analisou 420 cursos ministrados por universidades russas e disponíveis em diferentes idiomas no Coursera, Educação Aberta, Universarium, Uniweb, Universality e Lectorium no ano letivo 2016/2017.
Entre os líderes nacionais figuram também a Universidade Politécnica de São Petersburgo, a ITMO (Universidade de São Petersburgo de Tecnologia da Informação, Mecânica e Ótica), a Universidade Federal dos Urais, a Universidade Estatal de Tomsk e a Universidade Federal do Extremo Oriente.
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