Rússia teme alta nos preços do café brasileiro

Diego Lezama/Global Look Press
País é o maior fornecedor do produto para a Rússia, e especialistas preveem que o frio em São Paulo, Paraná e Minas Gerais pode levar a uma crise nas cafeterias russas. Produto bate o chá em consumo desde 2019.

Na última terça-feira (27), os preços do café arábica nas bolsas de valores internacionais tiveram uma alta recorde desde 2014. O preço dos contratos de futuros (contratos de compra e venda padronizados através dos quais as partes compradora e vendedora se comprometem a comprar e vender determinada quantidade de um ativo financeiro ou "real", em uma data futura, a um preço predeterminado) do café arábica na bolsa ICE ultrapassou os US$ 2 por libra, pela primeira vez desde outubro de 2014, de acordo com o site Trading Economics.

Isso ocorre devido às baixas temperaturas que vêm ocorrendo no Brasil e que podem afetar a safra de 2021 em São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

As consequências maléficas, assim, poderão ser sentidas de longe: a alta nos preços poderá afetar as cafeterias russas, que serão obrigadas a elevar os preços das bebidas, segundo noticiou recentemente o jornal russo Gazeta.ru.

O frio no Brasil sempre afeta o preço do produto. Em 1994, por exemplo, após o frio inverno que abateu a região, os preços de varejo do café subiram a níveis recordes. Já em 2021, os preços de contratos de futuros começaram a subir em abril e, entre junho e agosto, o preço médio do café ao consumidor saltou de US$ 2,60 para US$ 4,48 por libra.

Bebida mais popular entre russos

O café é hoje a bebida mais popular entre os russos, de acordo com Ramaz Chanturia, diretor-geral da associação Rostchaikofe, que reúne os operadores do mercado de café e chá na Rússia. Em 2019, o consumo de café no país ultrapassou o de chá pela primeira vez na história, chegando às 180 mil toneladas por ano — contra as 140 mil toneladas anuais de chá.

O Brasil é o principal fornecedor da commodity para a Rússia e, assim, sua safra afeta diretamente os preços na Rússia. Consequentemente, a alta dos preços afetará o "café comercial", que é importado por cafeterias que atuam no segmento popular de baixo preço. Além disso, os preços do varejo e, consequentemente, os do consumidor final nos supermercados também subirão significativamente, segundo declarou Anna Tsfasman, proprietária da rede de cafés Doublebee e Flip, ao jornal russo Gazeta.Ru.

"Ainda não sabemos se as redes de cafeterias subirão os preços. Muitas cafeterias têm preços fixos e, provavelmente, tentarão mantê-los no mesmo nível, tentando lucrar com outro produto que não o café", disse.

O assessor de imprensa da popular rede de cafeterias "Chokoladnitsa" disse ao jornal Gazeta.Ru que está analisando a situação do mercado, mas não aumentará os preços por enquanto. “Não há problemas de fornecimento, por isso teremos volumes e preços fixos até o final do ano", disse.

O motivo disso, segundo ele, é que a renda dos russos continua a cair devido à crise financeira, e por isso a rede tenta conter uma alta dos preços a todo custo.

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