Petrolífera russa Rosneft deixará a Venezuela

Economia
VASSÍLI KRILOV
Para que as sanções financeiras dos Estados Unidos sejam levantadas, a maior petrolífera russa vende seus ativos a uma empresa estatal russa em troca de suas próprias ações.

Devido ao aumento da pressão financeira dos Estados Unidos sobre a Rosneft, a maior petrolífera russa decidiu vender seus cinco projetos de produção de petróleo na Venezuela a uma "estrutura governamental" russa. Em troca, uma das subsidiárias da Rosneft recebeu 9,6% das ações da própria companhia petrolífera. 

Segundo os economistas, os 9,6% das ações da Rosneft valem cerca de 308 bilhões de rublos, ou seja, US$ 3,9 bilhões na Bolsa de Valores de Moscou.

A assessoria de imprensa da Rosneft confirmou ao jornal econômico russo Kommersant que a empresa está se livrando de todos os ativos no país latino-americano e já vendeu todas as ações das empresas petrolíferas Petromonagas, Petroperija, Boqueron, Petromiranda e Petrovictoria.

Todos esse ativos foram adquiridos por uma empresa 100% estatal cujo nome não foi divulgado pela Rosneft.

Saindo pelo levantamento das sanções

Segundo os economistas, a Rosneft decidiu sair da Venezuela para que se levantem as restrições financeiras impostas pelos Estados Unidos sobre a empresa russa.

"Fizemos de tudo para que as promessas públicas dos Estados Unidos de levantar as sanções sejam cumpridas", disse o porta-voz da Rosneft, Mikhail Leôntiev, ao Kommersant. 

A Rosneft entrou no mercado petrolífero da Venezuela no final dos anos 2010, quando o país era liderado por Hugo Chávez e o agora diretor da petrolífera russa, Ígor Sêtchin, ocupava o posto de vice-premiê russo.

Apesar das sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela, a petrolífera russa continuava a negociar o petróleo sul-americano.

Em fevereiro de 2020, o Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções sobre a Rosneft Trading, braço suíço da Rosneft, e sobre o seu presidente, Didier Casimiro, por comercializar petróleo venezuelano. A Rosneft caraterizou as sanções como um "ato de arbitrariedade legal", e rejeitou as acusações de "busca de objetivos políticos" na Venezuela. 

"As atividades da empresa na Venezuela estão associadas à implementação de projetos de produção e comercialização por contratos assinados antes da introdução das sanções e têm como objetivo garantir o retorno de investimentos anteriores e interesses comerciais de longo prazo", declarou a petrolífera russa.

O economista Dmítri Marintchenko, da agência Fitch, disse ao Kommersant que a Rosneft quer excluir o risco de maiores sanções que poderiam ser provocadas pelas operações financeiras com a Venezuela. 

"Tais sanções teriam um impacto extremamente negativo sobre a Rosneft e sobre a economia russa em geral, uma vez que a petrolífera é a maior exportadora de petróleo russo", explica Marintchenko. 

"De qualquer forma, no cenário político e econômico atual, os ativos da Rosneft na Venezuela não têm grande valor, mas podem se tornar fonte de sérios problemas", completa.

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