Na última segunda-feira (2), o Conselho Empresarial Rússia-Brasil, liderado pelo presidente da empresa química PhosAgro, Andrei Gúriev, e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex-Brasil) assinaram um acordo sobre o apoio mútuo às atividades de exportação e atração de novos investimentos.
A assinatura do memorando ocorreu durante a reunião entre o ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, Onyx Lorenzoni e representantes das empresas russas.
Segundo os participantes do encontro, o memorando facilitará os contatos entre empresas, associações industriais e câmaras de comércio dos dois países e criará condições para o crescimento do volume de negócios.
"O volume de negócios entre a Rússia e o Brasil, que atingiu os US$ 5 bilhões em 2018, tem potencial de crescimento para ser multiplicado. Tenho certeza de que os nossos esforços conjuntos ajudarão a facilitar o acesso de empresas russas ao mercado brasileiro”, disse Guriev à agência Regnum.
“De nossa parte, vamos ajudar os nossos colegas brasileiros em seu trabalho no mercado russo", disse o presidente do Conselho Empresarial Rússia-Brasil.
Segundo ele, os principais beneficiários do acordo assinado são consumidores russos e brasileiros que poderão comprar produtos de alta qualidade a preços acessíveis.
"Durante as reuniões (do Fórum de Conselhos Empresariais Rússia-Brasil) fomos informados pelo lado brasileiro: as empresas privadas e estatais são bem-vindas no Brasil. Podemos nos tornar parceiros comerciais iguais, cujos produtos poderão entrar em uma luta competitiva justa e honesta com os produtos de concorrentes de outros países. Em resposta, as empresas russas manifestaram interesse em participar dos projetos de investimento no Brasil", declarou Guriev, citado pela agência Regnum.
O diretor da Apex-Brasil, Roberto Escoto, expressou confiança de que o acordo ampliará os laços econômicos entre os dois países.
O vice-ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Timur Maksimov, disse que as economias da Rússia e do Brasil “em termos de paridade de poder de compra excedem US$ 8 trilhões”.
Papel dos fertilizantes
Nos últimos cinco anos, as exportações da Rússia para o Brasil aumentaram 33%, e o motor do crescimento é o fornecimento de fertilizantes minerais, segundo Andrei Guriev, que também lidera a Associação Russa de Produtores de Fertilizantes.
Segundo ele, em 2018, participação dos fertilizantes minerais no bolo das exportações russas para o Brasil foi de 73%. A PhosAgro, um dos maiores produtores de fertilizantes russo, vendeu fertilizantes minerais para o Brasil totalizando um valor de US$ 400 milhões.
“A contribuição da indústria de fertilizantes minerais para o comércio bilateral deve-se, em grande parte, à decisão da Câmara de Comércio Exterior do Conselho de Ministros do Brasil, que, em 2014, aboliu o imposto sobre a importação de fertilizantes de alta qualidade e ecologicamente seguros produzidos na Rússia", explicou Guriev à agência Fertilizer Daily.
Segundo o embaixador do Brasil na Rússia, Tovar da Silva Nunes, as economias do Brasil e da Rússia complementam-se com sucesso. “Um bom exemplo: os fosfatos extraídos na região de Murmansk e o potássio extraído nos montes Urais enriquecem as terras brasileiras e retornam à Rússia na forma de soja, carne e outros bens agrícolas produzidos no Brasil. Contamos com o apoio do Conselho Empresarial Rússia-Brasil na expansão da cooperação comercial e econômica entre a Rússia e o Brasil. Seu presidente Andrei Guriev contribuiu significativamente para dar um novo impulso às relações comerciais entre os nossos países”, completou o embaixador.
Segundo ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, Onyx Lorenzoni, a cooperação com Moscou também ajudará a combater corrupção no Brasil. “Estamos muito satisfeitos com o desejo das empresas russas de participar da criação de um novo Brasil realizado pela administração do presidente Jair Bolsonaro, combatendo a corrupção e implementando importantes reformas e programas de desenvolvimento", disse. "Os investidores que vierem ao Brasil terão um lucro muito bom”, completou.
Trata-se do “Programa de Parceria para Investimentos”, que prevê a privatização de empresas estatais brasileiras no valor de mais de US$ 500 bilhões e a implementação de 117 projetos de investimento em diversos setores da economia brasileira, incluindo a indústria de petróleo e gás, eletrônica, mineração, portos e aeroportos, ferrovias e rodovias.