10 fatos sobre o icônico balé ‘O Lago dos Cisnes’ (FOTOS)

Cultura
ALEKSANDRA GÚZEVA
Esta obra de arte já foi encenada em teatros de todos os continentes. Embora a coreografia seja diferente de uma encenação para outra, a música de Piotr Tchaikovsky e a rivalidade de Odette e Odile são elementos constantes.

1. O primeiro balé de Piotr Tchaikovsky

Este é um dos balés mais encenados em todo o mundo. Tchaikovsky o escreveu em 1876 e trata-se de um caleidoscópio de melodias, danças e motivos folclóricos diferentes.

‘O Lago dos Cisnes’ é um dos três balés de Tchaikovsky — o primeiro a ser escrito por ele. Depois vieram os não menos lendários O Quebra-Nozes e A Bela Adormecida.

2. Surgiu de uma apresentação em casa

A ideia de ‘O Lago dos Cisnes’ nasceu de uma performance caseira amadora, encenada pela família do compositor. Tchaikovsky atuou como diretor e coreógrafo, suas irmãs fizeram os papéis dos cisnes, enquanto seu irmão assumiu o papel do príncipe.

O conto de fadas sobre um cisne foi concebido especificamente para o balé, embora, sem dúvida, tenha raízes no folclore e nos contos de fadas dos irmãos Grimm. Acredita-se que Tchaikovsky também teria participado da composição do libreto. O dramaturgo e diretor dos Teatros Imperiais de Moscou, Vladímir Beguitchev, foi o autor principal.

3. Sua primeira encenação foi um fiasco

A estreia do balé aconteceu em 4 de março de 1877, no palco do Teatro Bolshoi de Moscou. A primeira variação da coreografia foi de Vaclav Reisinger. No entanto, o público de Moscou não gostou do balé, acreditando que a narrativa e o significado eram superficiais. Embora a música de Tchaikovsky fosse considerada boa, a encenação como um todo fracassou e logo foi encerrada.

4. Tornou-se icônico após a morte do compositor

Em 1895, dois anos após a morte de Tchaikovsky, o balé teve uma segunda chance — desta vez no palco do Teatro Mariinsky de São Petersburgo.

A versão do mestre do balé Marius Petipa reverberou – sua coreografia é considerada canônica. A ascensão do balé russo está ligada a essa encenação, que o transformou em uma marca hoje conhecida e apreciada.

5. Luta entre o bem e o mal

O núcleo da narrativa é a luta entre as forças do bem e do mal. Um feiticeiro malvado transforma a linda jovem Odette em um cisne, porque ela se recusa a se tornar sua esposa. O príncipe Siegfried conhece a bela cisne Odette; ela conta a ele sua história e explica que só o amor poderia quebrar o feitiço. O príncipe jura seu amor por ela e jura vingá-la. Mas o malvado feiticeiro envia uma gêmea de Odette – Odile – para o baile de Siegfried.

O príncipe não percebe que foi substituída e a apresenta como sua noiva - quebrando seu voto ao fazê-lo. A escuridão se instala sobre o castelo, e o príncipe percebe que foi enganado. Ele então corre para o lago, luta contra os elementos enviados pelo feiticeiro e liberta Odette do feitiço maligno.

Odette e Odile são muitas vezes interpretadas pela mesma bailarina, trocando apenas o vestido branco pelo preto.

6. Maia Plisetskaia foi a principal cisne por 30 anos

Maia Plisetskaia foi uma das bailarinas mais lendárias a interpretar o papel principal neste balé. Ela atuou em ‘O Lago dos Cisnes’ por 30 anos, de 1947 a 1977, apresentando-o nada menos que 800 vezes. A bailarina possuía grande elasticidade e é considerada até hoje a melhor intérprete do papel.

Stálin, Nikita Khruschov e diversos convidados estrangeiros que foram levados para assistir ao balé russo — destaque do país — puderam conferir Plisetskaia em cena no papel de Odette-Odile.

7. A Dança dos Pequenos Cisnes se tornou a mais famosa do mundo

Mesmo que você nunca tenha visto ‘O Lago dos Cisnes’, com certeza já ouviu a música do balé e viu trechos da apresentação. Essa dança, na encenação de Marius Petipa, tornou-se uma espécie de marco do balé russo.

As tantas paródias comprovam a popularidade da dança.

8. Uma nova versão do balé foi feita na URSS por Iúri Grigorovitch

Atualmente, a versão “carro-chefe” do balé apresentada no palco do principal teatro do país – o Teatro Bolshoi — é de autoria do coreógrafo e diretor-produtor soviético Iúri Grigorovitch. Ele utilizou elementos da versão clássica de Petipa, acrescentando sua própria visão da narrativa.

Estreando em 1969, Grigorovitch queria reproduzir a ideia original de Tchaikovsky e adicionar um final trágico, porém o palco soviético exigia um final feliz e a vitória do bem contra o mal. Atualmente, Svetlana Zakharova, uma das mais famosas bailarinas russas, interpreta o papel principal.

9. Virou um símbolo da censura soviética

Todos na URSS sabiam: se passasse ‘O Lago dos Cisnes’ na TV, isso queria dizer que algo trágico havia acontecido no país. O balé foi exibido quando vários líderes soviéticos faleceram — Brejnev, Andropov e Tchernenko.

O diretor de comédia Leonid Gaidai chegou a ridicularizar esse fato. Em seu filme ‘A Prisioneira do Caucaso’ (1967), a apresentação de balé na TV acompanha a cena dos bandidos ameaçando o personagem principal.

Mas o balé virou mesmo um meme após o golpe de agosto de 1991, quando houve uma tentativa frustrada de restaurar a URSS e derrubar Mikhail Gorbatchov. Em vez de reportagens ao vivo do que está ocorrendo, as TVs de qualquer casa transmitiam a ‘Dança dos Pequenos Cisnes’.

10. Tornou-se um campo de experimentação

Este balé praticamente se tornou um elemento da cultura popular, após ser encenado nos principais teatros do mundo, bem como em estúdios infantis e grupos amadores. Ao som da música de Tchaikovsky, vários diretores e mestres de balé experimentam, competindo em originalidade.

Rudolf Nureiev produziu sua própria versão em 1984 em Paris; ele também interpretou o papel de príncipe (e deu mais ênfase a ele do que aos cisnes). Em 1995, a provocativa encenação do coreógrafo Matthew Bourne estreou nos palcos de Londres, trazendo homens nos papéis dos cisnes.

Em 2011, o sueco Fredrik Rydman apresentou a encenação de ‘O Lago dos Cisnes: Reloaded’, em que a coreografia era com dança de rua e o enredo foi transferido para o distrito da luz vermelha.

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