No início da União Soviética, ilustradores talentosos criaram maneiras atraentes e chamativas de persuadir as crianças a se unirem à luta dos trabalhadores...
- “O ouriço bolchevique” (P. Iakovlev, 1925)
Este poema ilustrado narra a luta travada em um bosque entre um "ouriço trabalhador" e um "brutal javali tsarista". O tirânico javali, que impede os companheiros do ouriço de jogar futebol, é punido quando os animais (liderados pelo valente ouriço) marcham pela floresta cantando "Liberdade eterna para o povo selvagem" e depois depõem seu opressor.
- “Primeiro de Maio” (A. Bartó, com ilustrações de A. Deineka, 1930)
Depois de acordar em uma manhã quente e arar com entusiasmo sua fazenda coletiva, os irmãos Fedka e Aliôchka têm a oportunidade de fazer algo com que a maioria das crianças só podia sonhar: ir ao desfile dos trabalhadores no 1º de maio na Praça Vermelha. Seja quanto a trens ou aviões, as crianças expressam o tempo todo sua surpresa com os avanços tecnológicos soviéticos e depois vão conversar com as crianças da Organização Pioneira sobre a vida de Lênin. Ah, a infância!
- “Kolka e Lênin” (I. Moltchanov, com ilustrações de S. Kostin, 1927)
“O que são cidades?”, pensa Kolka, olhando pela janela para os trens que passam. Você sabe que as cidades têm prédios do tamanho de fábricas e bondes que podem resistir a qualquer clima, mas a quem agradecer por tudo isso? "A Lênin, o bom velhinho que nos levou à vitória", lê em seu livro.
Naquela noite, como por mágica, Kolka conhece o velho sábio, que lhe mostra o mundo (ou mais especificamente, o impressionante sistema ferroviário soviético). Mas, em uma reviravolta sombria, Kolka percebe que foi tudo um sonho, quando acorda e lê no jornal: "Lênin morreu". Entende-se, portanto, que as crianças precisarão dar continuidade a sua luta no futuro.
- “A Fazenda Coletiva Judaica” (G. Ríklina, com ilustrações de S. Boim e B. Sujánova, 1931)
Nem todos os heróis usam capas. Na verdade, muitos podem até ser encontrados nos postinhos de saúde local — algo que todos vimos durante a pandemia, aliás.
É assim que o menino Iacha é descrito neste livro dos anos 1930: seus esforços no município para obter uma melhor higiene e sua capacidade de dirigir tratores fazem com que todos os outros meninos queiram ser como ele.
Mas, mais importante, ele, que é judeu, deseja se misturar com os camponeses (algo que os judeus não podiam fazer sob o regime tsarista) e mostrar que os judeus podem usar o arado. Os esforços de Iacha não passam despercebidos, pois suas maçãs e pepinos logo são admirados por todas as fazendas vizinhas!
- “O plano quinquenal” (A. Láptev, 1930)
O primeiro plano quinquenal anos de Stálin é o tema deste livrinho, que concentrou esforços para tornar o projeto o mais esteticamente interessante possível. Com cores brilhantes e gráficos atraentes, o livro glorifica as novas indústrias, fazendo com que tudo pareça simples e emocionante.
- “Como a beterraba vira açúcar” (O. Deineko & A. Trochin, 1930)
Na União Soviética, era importante que as crianças soubessem de onde vinha a comida e conhecessem a extraordinária maquinaria agrícola do país. Não há contos de fadas neste volume: ele é literalmente um relato de como a beterraba é plantada, extraída do solo, transformada em suco e depois em açúcar. Não parece nada de mais — exceto, quiçá, para as crianças da cidade, que imaginam sacos de açúcar nascendo de árvores!
- “Tudo sobre Lênin para crianças” (A. Kravchenko, com ilustrações de B. Kustódieva, 1926)
Esta é mais uma obra enaltecendo a figura de Lênin — e não especificamente explicando os princípios do bolchevismo. Nela, o líder do proletariado compra um barquinho para uma criança, leva comida pessoalmente a um jardim de infância e até redistribui caviar (um produto muito mais popularizado no país) e cacau às crianças merecedoras — basicamente um Papai Noel, mas com barba e bigodes menos bastos.
- “O desfile do Exército Vermelho” (A. Deineka, 1930)
Um dos livros infantis soviéticos mais abstratos, “O desfile do Exército Vermelho” usa vermelhos claros e claros para fazer parecer que a Revolução está em um estado constante de quase verão caribenho. Os participantes do desfile são pombas eternamente abençoadas e sóis radiantes, enquanto a multidão é retratada como um lugar acolhedor, inclusivo e não ameaçador. Certamente uma maneira engenhosa de incutir na mentalidade das crianças a ideia de futuramente se alistar no exército.
- “Subbotnik” (M. Ruderman, com ilustrações de K. Kuznetsov, 1930)
Os dois temas mais comuns da literatura infantil soviética são o realismo e a participação dos leitores. “Subbotnik”, que trata de um assunto aparentemente banal como o funcionamento de uma locomotiva, é um bom exemplo disso, pois torna o leitor participante ativo na construção do comunismo.
Ao final do poema, o protagonista (representado como um menino sem rosto) recebe ordens diretas do patrão, que precisa de uma ajuda extra para descarregar as batatas: “Não olhe para os lados! Ande direito! Peito cheio! Mais alegre!".
Por seu trabalho duro, ele é recompensado podendo chegar em casa a tempo do jantar, onde um grande prato de batatas o espera. Bom trabalho, camarada!
- “80.000 cavalos” (V. Voinov, com ilustrações de B. Pokrovski, 1925)
Nem a Cidade Esmeralda ou o castelo da Bela Adormecida podem competir com a usina hidrelétrica de Volkhovskaia! Ela foi a primeira usina hidrelétrica da Rússia, localizada no rio Nievá, e foi imortalizada por este poema rítmico que, com a ajuda de algum revisionismo histórico, capitaliza a grandeza da usina para mostrar como "Leningrado emergiu da água". O poema “80.000 cavalos” não tem nada a ver com o mundo animal, mas com o poder das turbinas.
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