A lista completa dos vencedores russos do Prêmio Nobel

Aleksandr Kislov
O cientista russo Alexei Ekimov recebeu o prêmio Nobel de Química nesta quarta-feira (4) ao lado de dois colegas estrangeiros. Aproveitando o ensejo, relembremos agora outros russos que foram laureados com um Nobel ao longo dos anos.

Durante o Império Russo

1. Ivan Pavlov - Fisiologia e Medicina, 1904

Famoso por seus experimentos com cães, pioneiro da fisiologia, Ivan Pavlov foi o primeiro russo a receber o Prêmio Nobel. Ele foi premiado por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais e condicionamento na psicologia do comportamento de animais.

A ideia básica do condicionamento clássico criada por Pavlov é que algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, ou seja, são inatas em vez de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas simultâneas ou imediatamente posteriores.

2. Ilyá Méchnikov - Fisiologia e Medicina, 1908

Famoso biólogo e pioneiro em embriologia, Méchnikov também foi chamado de pai da imunidade inata e descobriu a imunidade mediada por células. Se tornou famoso por estudos em imunologia e especialmente do papel representado pelos leucócitos na fagocitose de bactérias. Trabalhou não só na Rússia, mas também na França, no instituto de Louis Pasteur.

Durante o período soviético

3. Ivan Búnin - Literatura, 1933

Ivan Búnin já tinha emigrado para a França quando se tornou o primeiro russo a receber o Nobel de Literatura. Ele foi premiado pelo talento artístico com que recriou o típico personagem russo na prosa literária. Considerado o continuador da tradição literária de Tolstói e Dostoiévski, Búnin escreveu as melhores obras da literatura russa sobre o amor.

Leia mais sobre Ivan Búnin aqui.

4. Nikolai Semionov - Química, 1956

Semionov foi o único ganhador soviético do Nobel de Química. Ele recebeu o prêmio por seus estudos de mecanismo de transformação química, junto com o físico-químico britânico Sir Cyril Norman Hinshelwood.

5. Boris Pasternak - Literatura, 1958

Em 1958, Boris Pasternak publicou sua obra mais conhecida no mundo ocidental: o romance “Doutor Jivago”. O livro não pôde ser publicado na então União Soviética, devido às críticas feitas ao regime comunista na obra, mas foi publicado no Ocidente.

A Academia Sueca o premiou por seu importante feito tanto na poesia lírica contemporânea quanto no campo da grande tradição épica russa. O prêmio causou escândalo na União Soviética e, após uma campanha de intimidação, Pasternak foi forçado a recusar o prêmio.

Leia mais sobre o envolvimento da CIA na primeira publicação em russo do romance de Pasternak aqui.

6. Pável Tcherenkov, Ígor Tamm e Iliá Frank - Física, 1958

Os três físicos soviéticos dividiram o Prêmio Nobel pela descoberta, na década de 1930, da radiação de Tcherenkov, ou efeito Tcherenkov. Pável Tcherenkov percebeu o brilho azul de um reator nuclear subaquático e, em seguida, juntamente com colegas, descreveu e explicou o fenômeno.

7. Lev Landau - Física, 1962

Landau contribuiu para o desenvolvimento da física teórica e é considerado o fundador da chamada "escola de Landau". Ele foi reconhecido por suas teorias sobre matérias condensadas, especialmente o hélio líquido.

8. Aleksandr Prôkhorov e Nikolai Básov - Física, 1964

Os criadores do laser, dois físicos soviéticos talentosos, receberam o prêmio "pelo trabalho fundamental no campo da eletrônica quântica, que levou à construção de osciladores e amplificadores baseados no princípio maser-laser". Eles dividiram o prêmio com o cientista americano Charles H. Townes, que trabalhou na mesma área.

9. Mikhail Chôlokhov - Literatura, 1965

Mikhail Chôlokhov ganhou notoriedade com seu romance épico em quatro volumes “O Don Tranquilo” (1928-1932) sobre os cossacos do Don durante a Primeira Guerra Mundial e a subsequente Guerra Civil.

Ele foi premiado “pela força artística e integridade com que, em sua epopéia do Don, expressou uma fase histórica da vida do povo russo”. Desta vez, o governo soviético reconheceu o prêmio. Leia mais sobre Chôlokhov aqui.

10. Aleksandr Soljenítsin - Literatura, 1970

Aleksandr Soljenítsin é o escritor que testemunhou pessoalmente todos os horrores dos campos de trabalho forçado soviéticos e, em seguida, abriu a verdade sobre o Gulag para os leitores.

Ele foi premiado por sua obra "O Arquipélago Gulag" e “pela força ética com que seguiu as tradições indispensáveis da literatura russa”. Desta vez, os soviéticos iniciaram uma campanha de propaganda contra Soljenítsin, e ele só conseguiu receber o prêmio oito anos depois. Leia mais sobre Soljenítsin aqui.

11. Leonid Kantorôvitch - Ciências Econômicas, 1975

Este matemático e economista soviético foi o fundador da programação linear. Ele dividiu o prêmio “pelas contribuições para a teoria da alocação ótima de recursos” com o holandês-americano Tjalling C. Koopmans.

12. Andrêi Sákharov - Prêmio da Paz, 1975

Um dos criadores das armas termonucleares, dissidente e ativista dos direitos humanos, Sâkharov foi premiado “por sua luta pelos direitos humanos na União Soviética, pelo desarmamento e pela cooperação entre todas as nações”.

Cinco anos depois, ele foi obrigado a deixar a URSS por seu ativismo político e pela campanha contra a guerra no Afeganistão. Leia mais sobre Andrêi Sákharov aqui.

13. Piotr Kapitsa - Física, 1978

Um dos mais famosos físicos russos e fundador do Instituto de Problemas Físicos, Piotr Kapitsa foi premiado “por suas invenções e descobertas básicas na área da física de baixa temperatura”.

14. Joseph Brodsky - Literatura, 1987

O poeta russo Joseph Brodsky emigrou para os Estados Unidos em 1972. Professor de literatura russa em universidades americanas foi premiado com o Nobel de Literatura e considerado como o poeta que definiu o desenvolvimento da língua russa no final do século 20.

15. Mikhail Gorbatchov - Prêmio da Paz, 1990

O último líder soviético, famoso por suas reformas políticas da Glasnost e pela Perestroika, organizou e realizou a queda do Muro de Berlim. Ele foi premiado “pelo papel que desempenhou nas mudanças radicais nas relações Leste-Oeste”. Leia mais sobre Mikhail Gorbatchov aqui.

Durante a Rússia pós-soviética

16. Jores Alferov - Física, 2000

Outro vencedor do Nobel de Física, Jores Alferov se envolveu na corrida do laser que se desenrolou entre a União Soviética e os Estados Unidos em 1968. Ele foi o primeiro a inventar a tecnologia que mais tarde possibilitou a produção de CD players, telefones celulares, baterias solares, bisturis a laser, fibra óptica (sem a qual não haveria internet) e muitas tecnologias espaciais.

17. Aleksêi Abrikosov, Vitáli Ginzburg - Física, 2003

Vitáli Ginzburg participou do trabalho dos vencedores do Prêmio Nobel anteriores - Tcherenkov e Landau, e foi um dos autores da teoria da supercondutividade Ginzburg-Landau.

Seu colega Abrikosov o ajudou a descobrir um fluxon chamado "vórtice de Abrikosov". Desde o início dos anos 1990, ele vive nos Estados Unidos. Os dois grandes cientistas dividiram o prêmio com o físico britânico-americano Sir Anthony James Leggett “pelas contribuições à teoria dos supercondutores e superfluidos”.

18. Konstantin Novosiolov - Física, 2010

O cientista Novosiolov deixou a Rússia na década de 1990 e, na Holanda, conheceu outro físico russo, Andre Geim. Eles começaram a trabalhar juntos e depois se mudaram para o Reino Unido, onde estudaram o grafeno. Eles compartilharam o Prêmio Nobel "por experimentos inovadores com o material bidimensional grafeno".

19. Dmítri Murátov - o Prêmio da Paz, 2021

O editor-chefe da Novaya Gazeta foi premiado junto com a jornalista filipina Maria Ressa “por seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e uma paz duradoura”.

É simbólico que Murátov tenha recebido o prêmio no 15º aniversário da morte de Anna Politkóvskaia, jornalista da Novaya Gazeta que foi assassinada por suas matérias jornalísticas, que revelavam abusos dos direitos humanos na Tchetchênia. Leia mais sobre Dmítri Muratov aqui.

20. Alexei Ekimov – Química, 2023

Em 2023, Alexei Ekimov(também grafado como Aleksêi Ekimov) e os seus colegas americano Moungi G. Bawendi e francês Louis E. Brus venceram o Prêmio Nobel de Química “pela descoberta e síntese de pontos quânticos”, isto é, nanopartículas tão pequenas que o seu tamanho determina as suas propriedades. Nascido em 1945 em Leningrado (atual São Petersburgo), Ekimov pesquisou semicondutores durante toda a vida e percebeu pela primeira vez que o tamanho das partículas é importante e até mesmo sua luminescência e cor nos efeitos quânticos ainda na década de 1980.

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