1. “Piquenique na estrada”, dos irmãos Strugátski
Nos anos 1970, diversas Zonas estranhas apareceram na Terra. As leis da física não se aplicam ali e é mais provável que as Zonas tenham sido criadas por uma civilização avançada de outro planeta.
As pessoas não têm permissão para entrar nessas Zonas, mas os chamados “stalkers” – gente fora da lei - entram na Zona e coletam artefatos com características alienígenas, e depois ganham dinheiro vendendo esses objetos no mercado negro. Mas os objetos podem ser perigosos para a humanidade se eles acabarem nas mãos erradas. Os “stalkers” arriscam suas vidas todos os dias, mas também percebem que não podem viver sem a Zona.
Este é provavelmente um dos livros mais famosos escritos pelos mais renomados irmãos da ficção científica, e também serviu de inspiração para o filme Stalker, de Andrêi Tarkóvski. Além disso, a série de videogames, S.T.A.L.K.E.R., é baseada na obra. O livro saiu no Brasil pela editora Aleph.
2. “Metrô 2033”, de Dmítri Glukhóvski
A maioria das grandes cidades globais foi totalmente destruída durante ataques nucleares na Terceira Guerra Mundial. Algumas pessoas sobreviveram e se esconderam no metrô de Moscou, o maior abrigo nuclear do mundo. Os poucos que sobrevivem tentam cultivar alimentos nos túneis do metrô. Alguns corajosos "stalkers" sobem para o perigoso mundo da superfície e trazem remédios e armas.
Este romance trouxe a seu jovem autor uma popularidade fenomenal em 2002, quando o publicou na internet. Não surpreende que ele também tenha escrito várias sequências para a obra, e um jogo de videogame tenha sido criado com base na trama. Além disso, Glukhóvski lançou o “Universo Metrô”, uma série de romances de ficção em que seus fãs é que escrevem, imitando ou dando continuidade a suas tramas originais.
Glukhóvski recentemente escreveu e gravou também um programa de áudio intitulado POST, que trata da Rússia após uma grande guerra e epidemia… Nele, todas as regiões do país estão infectadas, e um posto de guarda no rio Volga tenta não deixar as pessoas infectadas entrarem em Moscou. O programa está disponível (em russo) na plataforma Storytel, que oferece, durante a pandemia de Covid-19, um período gratuito para avaliação de 30 dias.
O livro saiu no Brasil pela editora Planeta.
3. “Slynx”, de Tatiana Tolstáia
Este título de Tatiana Tolstáia, talentosa parente distante do conde escritor, ainda não foi vertido para o português, mas está disponível em francês (“Le Slynx”) e inglês (“Slynx”). O título original em russo, “Kís”, é intraduzível, proveniente de uma palavra inexistente na língua e que remete ao modo de chamar gatos.
A obra traz um mundo pós-apocalíptico onde tudo mudou dramaticamente. Absolutamente tudo o que as pessoas haviam construído e criado foi destruído, inclusive sua língua. Os humanos não existem mais, foram substituídos por criaturas que falam uma língua bizarra.
“Slynx” é um poder sombrio que ninguém viu, mas assusta todos com seu uivo. Também pode matar de repente ou levar embora algum cérebro. A criatura hedionda e repugnante torna a vida na cidade pós-apocalíptica ainda mais difícil.
Tolstáia levou 14 anos para escrever este romance. Ela brinca muito com a língua nele, criando diversos neologismos e usando gírias caricaturais e escolhas obscenas de palavras.
4. “Os guardiões da noite”, de Serguêi Lukianenko
Além do mundo humano comum, existe um mundo dos Outros: bruxos, bruxas e vampiros. Eles se parecem com pessoas e vivem entre nós, mas em Moscou. Os Outros lutam entre si, já que seu mundo está dividido em duas partes: "escura" e "clara".
Após uma grande guerra, eles chegam a um acordo de paz, mas continuam se observando de perto. “Os Guardiões da Noite” é a primeira de uma série de romances, onde os Outros “claros” fazem guarda à noite para garantir que os “escuros” não enlouqueçam e executem seus planos nefastos que prejudicam os seres humanos comuns. Obviamente, nem todo mundo segue as regras, e há incidentes.
Lukianenko é um mestre da fantasia e ficção científica na Rússia e no exterior. Ele começou a publicar suas histórias na década de 1980 e ganhou inúmeros prêmios nesse gênero, escrevendo uma série de livros dos guardiões.
Mas ele alcançou a fama de verdade em 2004, após Timur Bekmambetov adaptar o “Os Guardiões da Noite” para as telas (e outras partes da série também). Aliás, Lukianenko afirma que seu “Os Guadiões da Noite” não tem nada a ver com “As crônicas de gelo e fogo”, de George R. R. Martin.
Os Guardiões da Noite saiu em português pela Editorial Presença, de Portugal.
5. “Vogonzero”, de Iana Vagner
Esta obra ainda não saiu em português, mas se você lê em inglês ou francês, invista nela (em francês, saiu como “Le Lac” e como “Vogonzero” e, em inglês, como “To the Lake” e também “Vogonzero”).
Um surto misterioso e mortal de gripe se espalha por Moscou e toda a cidade é fechada em quarentena (alguma semelhança?). Buscando uma maneira de sobreviver, o personagem principal, Serguêi, leva toda a sua família e tenta fugir para a República da Carélia, no norte da Rússia, onde se instala em uma ilha povoada no lago Vongozero.
Presa em um espaço fechado e isolada, a família deve não apenas se esconder e sobreviver, mas também resolver seus problemas pessoais. Para quem estiver trancado em quarentena em casa, o livro será bastante relevante.
Este romance foi escrito e publicado na internet durante a grande pandemia anterior: a gripe suína de 2011. Foi a estreia literária de Vagner. A partir daí, ela escreveu diversos romances distópicos, e “Vongozero” foi adaptado para uma série de TV, “The Outbreak” - que está disponível (em russo) na Premier, uma plataforma de vídeo que está com acesso gratuito durante o período de isolamento do coronavírus.
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