5 livros russos para ler na quarentena (uma seleção do Russia Beyond)

Legion Media
Se você ainda não devorou estas obras-primas, é chegada a hora!

Estes livros são uma boa para qualquer momento. Então aproveite para desempoeirá-los entre uma limpeza de cozinha e outra de banheiro, uma troca de fralda real-e-oficial e uma conferência virtual com seu chefe!

1. “O Capote”, de Nikolai Gógol

Pensando bem, “O Capote” tem ligações estreitas com nossa situação atual. Ele conta a história de um modesto funcionário público que trabalha em uma chancelaria estatal e se ocupa com o interminável passar a limpo de documentos oficiais.

Ele ama seu trabalho, por isso, mesmo quando voltar para casa, ficou animado em reescrever documentos oficiais, apreciando a beleza da tinta fresca e de sua própria caligrafia.

Seu estilo de vida sempre foi o mesmo e, como ele era introvertido, não saía. Ele ficava constantemente contrariado com o pensamento de que os colegas de trabalho riam dele e, assim, encontrou consolo em ficar em casa.

Certo dia, porém, ele caiu em uma sinuca de bico: o alfaiate lhe disse que seu velho casaco não podia mais ser consertado e ele precisava mandar fazer um novo. Aliás, a peça era extremamente cara.

Mas nosso funcionário público, determinado a comprar um novo capote, economizou copeque por copeque, trabalhou mais e mais, e, finalmente, adquiriu o novo capote dos sonhos. Com ele, tomou coragem e deixou seu velho estilo de vida de lado: saiu para uma festa. O que acontece depois é um verdadeiro filme de terror... mas não damos spoilers aqui!

Qual a moral dessa história? É melhor que você #fiqueemcasa!

2. “Os Irmãos Karamázov”, de Fiódor Dostoiévski

Esta história policial de um dos maiores escritores da Rússia é baseada em crimes reais de sua época. Três irmãos que têm personalidades e estilos de vida completamente diversos se reúnem na casa do pai, mesmo sem falar com ele já há muito.

Certa noite, o pai é morto e um dos filhos é suspeito de ser o assassino. Acontece que havia ciúmes envolvido na história dos irmãos e do pai por causa de uma mulher e, além disso, desapareceu dinheiro do pai na mesma noite em que um dos filhos gastou os tubos em uma suntuosa festa.

Dostoiévski mantém seus leitores alertas e mostra uma cena no tribunal em que se revelam os segredos e mentiras da família. Mas quem realmente matou o pai? É difícil descobrir quem foi o assassino, mas cada personagem é retratado com uma psicologia muito profunda.

3. “Anna Karênina”, de Lev Tolstói

Este livro provavelmente não precise de apresentação: a história é cheia de um amor apaixonado, desejo e cenas da alta sociedade. Anna não é feliz no casamento, mas conhece um belo e jovem oficial, e os dois se apaixonam. O marido, porém, não aceita o divórcio e, assim, ela precisa deixar o filho pequeno para ficar com seu amado.

À medida que a paranoia de Anna cresce, ela suspeita que belo oficial não a ama tanto quanto ela o ama. Depois de dar à luz uma filha, ela sofre de depressão pós-parto. Por fim, ela não consegue mais lidar com a própria vida e... Bem, você provavelmente sabe o que acontece a seguir, mas não vamos estragar tudo!

Este romance vai além dos dramas de Anna: ele também tem uma variedade de personagens extraordinários e profundos. Vemos a descrição de Tolstói do amor materno, assim como a satisfação proveniente do trabalho físico. Aliás, Tolstói se autodescreveu, em partes, em um dos personagens. Você consegue adivinhar qual é ele?

4. “Minhas Universidades”, de Maksím Górki

Esta é a terceira parte de uma trilogia autobiográfica sobre a complicada e aventureira vida de Górki. Ele deixou a casa dos pais ainda jovem e depois partiu para a cidade de Kazan, que abriga uma das primeiras universidades russas. Mas ele não conseguiu entrar na universidade e teve que trabalhar como carregador nos navios do rio Volga para sobreviver.

Foi assim que ele se familiarizou com as vidas e histórias de ladrões e outros criminosos. Ali ele também fez amizade com um estudante pobre que estava envolvido em atividades revolucionárias e que acabou preso e exilado.

Górki leu muitos livros que expressavam os valores do humanismo, mas nunca tinha visto esses valores aplicados à vida real. Na verdade, o que ele viu foi o oposto: onde quer que olhasse, via apenas privação, crime e falta de liberdade.

Górki foi o principal escritor proletário soviético e um dos primeiros a saudar a Revolução Russa. Este livro captura suas primeiras opiniões sobre o povo russo, os comerciantes e os camponeses, e aqueles que acabaram por levá-lo a adotar o ideário revolucionário.

5. “Nós”, de Evguêni Zamiátin

As pessoas mais sensíveis provavelmente não devam alimentar seus medos com romances distópicos, mas Zamiátin é uma boa opção se você achar que é hora certa para esse tipo de ficção (e verá que as coisas certamente poderiam estar piores, pelo menos na imaginação do autor).

Antes mais nada, é preciso dizer que Orwell e Huxley se inspiraram fortemente em Zamiátin e seu romance “Nós” surgiu ainda antes de “1984” e no “Admirável Mundo Novo”.

“Nós” retrata um país fictício em que não existe nenhum "Eu", mas apenas "Nós". As pessoas vivem suas vidas de acordo com um programa rígido. Eles trabalham, andam, comem e fazem sexo seguindo esse cronograma. O personagem principal, D-503, é um cidadão-modelo que acredita no sistema.

Mas um dia ele se apaixona...

Este livro foi escrito em 1920 e, claro, é inspirado pelo incipiente sistema soviético na Rússia. Não é, portanto, de surpreender que o romance tenha sido proibido na União Soviética. E uma coisa é certa: a URSS nunca proibiu livros ruins!

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