6 livros que são prova viva de que Liudmila Ulítskaia já é um clássico moderno

Liudmila Ulítskaia.

Liudmila Ulítskaia.

Legion Media
A extraordinária prosaísta, que completa 75 anos nesta quarta-feira (21), abrirá todo um novo horizonte literário em sua vida!

Imagine se todos os grandes escritores clássicos do passado reencarnassem em uma inteligente mulher... Seus romances mais vendidos retratam o amor e a morte, pessoas em diferentes empregos e idades, assim como as realidades soviética e russa moderna.

Os surpreendentes títulos de Liudmila Ulítskaia foram traduzidos para 25 idiomas - inclusive o protuguês. Ela recebeu inúmeros prêmios literários de prestígio, foi nomeada para o Prêmio International Booker e tornou-se Oficial da Legião de Honra francesa.

Completando 75 anos nesta quarta-feira (21), Ulítskaia já adquiriu o direito de ser qualificada como uma lenda viva da literatura! Confira aqui alguns de seus romances mais proeminentes:

1. “Caso Kukótski”

O doutor Pável Kukótski tem o dom da visão de raio-X e dedicou toda sua vida a ajudar milhares de mulheres a engravidar e a parir. Ele chegou até a se arriscar a praticar abortos ilegais quando isto era proibido.

O drama principal do livro, no entanto, centra-se no fato de que ele não pode nem ajudar a própria esposa e a filha. Este ótimo romance é um olhar sobre três gerações de moscovitas soviéticos, e pondera sobre os grandes problemas da vida e da morte.

Em português, foi publicado pela Relógio d’Água.

2. “Daniel Stein, intérprete”

Baseado em uma história real, este romance ocorre durante a ocupação nazista. Ulítskaia descreve a incrível vida de um judeu polonês, Daniel Stein, que ajuda outros judeus a escaparem do gueto e depois escapa ele mesmo.

Com habilidade destacada em línguas, ele serviu como intérprete para a polícia da Bielorrússia, a Gestapo alemã e depois o NKVD soviético.

"O romance de Ulítskaia pode ser considerado pós-moderno em estilo: suas páginas são uma colagem de cartas e entradas de diários, relatórios e transcrições, mas seus temas são os enigmas atemporais da vida e da morte, ou seja, como ser verdadeiro consigo mesmo, sobreviver à brutalidade, desafiar a hipocrisia e ter compaixão", escreveu a crítica literária Phoebe Taplin.

Em português, o título saiu pela pela Alba Editorial.

3. “Funeral Divertido”

Este romance é ambientado em Nova York e celebra a vida dos emigrantes russos. No início da década de 1990, um artista, Alik, morria de câncer, e ouvia as notícias sobre o golpe dos comunistas em Moscou, passando a lembrar os velhos tempos em que morava na União Soviética.

O processo de morrer, que deve ser dramaticamente triste, transforma-se então em uma festa. Alik é visitado por suas ex-amantes, amigos judeus, o sacerdote ortodoxo local e um grupo incrivelmente heterogêneo.

No final das contas, parece que sua vida não está terminando, mas borbulhando, cheia de uma nova energia.

Em português, “Funeral Divertido” saiu pela editora Relógio D’água.

4. “Sônetchka: Um Romance e Contos”

Ainda sem tradução para o português, esta trama envolve o leitor na vida da protagonista, Sônetchka, e das dificuldades vivenciadas na União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. Sônetchka, que não é uma mulher atraente, foge dos problemas cotidianos para o mundo imaginário dos livros que lê.

Seu casamento e o nascimento de uma filha parecem ser apenas uma fuga temporária desse mundo.

O conto foi publicado pela primeira vez em 1992 na revista literária Nôvi Mir (Mundo Novo), lançando Ulítskaia à fama instantânea.

A história chegou a ser indicado ao Prêmio Booker em 1993, e geralmente é publicado em uma coleção com outros contos tão atraentes quanto ele.

5. “Medea e seus filhos”

Também fora das prateleiras lusófonas, o livro conta a história de Medea, uma mulher que compartilha do mesmo nome de uma princesa da mitologia grega e vive no pitoresco litoral da Crimeia.

Ela é a única descendente viva de Taurida - o antigo nome da Crimeia quando os antigos gregos ainda viviam ali. Ao contrário de sua irmã mitológica, porém, Medea não destrói a família, mas, pelo contrário, é a raiz que une todos seus parentes sob o mesmo teto.

Esta é outra saga de família que mostra não só vidas privadas em detalhes, mas também retrata toda uma geração e um período. Lendo este título pode-se sentir o sopro do mar e uma vontade louca de comprar passagens para a Crimeia em busca da inexprimível atmosfera que o romance captura.

6. “A grande tenda verde”

O romance é está ambientado no período entre as mortes de dois "Ióssif": Stálin (1953) e Brodsky (1996, que após deixar a URSS é mais conhecido por Joseph).

Ulítskaia estruturou o livro como uma colcha de retalhos de episódios que, à primeira vista, parecem não ter qualquer relação. Mais tarde, vemos que os personagens em diferentes partes do livro se encontram de alguma forma: seus caminhos se cruzam ou eles leem o mesmo livro, mas em momentos diferentes.

"Considerei meu dever escrever um romance sobre a geração normalmente denominada como 'chestidesiátniki', ou seja, as pessoas da década de 1960. Percebi, em muitas conversas, que os jovens de hoje culpam a geração da década de 1960 pelo estado atual das coisas. E o processo de 'estalinização' que observo diariamente demonstra que as lições do domínio soviético e suas repressões cruéis não foram completamente aprendidas", disse Ulítskaia em entrevista ao Russia Beyond em 2013.

O livro ainda não foi vertido ao português.

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