Os 5 filmes russos mais aguardados de 2018

Cultura
IÚLIA CHAMPOROVA
Longas, que devem faturar nas bilheterias em casa e no exterior, vão desde nova adaptação de “Crime e Castigo” a inversão da teoria darwinista. Brasileiros, porém, devem conter animação – nenhum deles ainda têm estreia definida no país.

Dovlatov”, de Aleksêi Guêrman Jr.

Essa biografia dedicada a Serguêi Dovlatov (1941-1990) se concentra no ano de 1971, quando o famoso escritor russo morava em Leningrado (atual São Petersburgo). Segundo o diretor Aleksêi Guêrman Jr., a escolha desse período da vida do escritor se deve ao fato de que, nessa época, tanto Dovlatov quanto o poeta Joseph Brodsky ainda não tinham deixado a União Soviética. O filme retrata a relação próxima dos dois, que acabaram sendo proibidos de escrever e foram forçados a fugir do país.

Dovlatov é interpretado pelo ator sérvio Milan Maric, que guarda uma estranha semelhança com o escritor. Já Guêrman Jr., ganhou muitos elogios, incluindo um Leão de Prata, o segundo prêmio mais importante do Festival de Cinema de Veneza.

The Bottomless Bag” (“Saco sem fundo”), de Rustam Khamdamov 

Rustam Khamdamov compartilhou bastante tempo com grandes cineastas italianos, incluindo o roteirista Tonino Guerra e os diretores Michelangelo Antonioni e Luchino Visconti – por isso, não é surpresa alguma que seus trabalhos tenham um quê europeu. O longa “The Bottomless Bag”, que deverá ser apresentado no Festival Internacional de Cinema de Roterdã deste ano, é baseado no conto de fadas de Ryunosuke Akutagawa chamado “Dentro de um Bosque”, cuja história também foi adaptada pelo diretor japonês Akira Kurosawa em “Rashomon” (1950).

Como, além de diretor, Khamdamov é artista plástico, seus filmes se aproximam de obras-primas como as pinturas de Giorgio Morandi, cujas icônicas garrafas de vidro ganharam vida em “The Bottomless Bag”. O diretor, porém, adaptou a história do Japão para a Rússia imperial sob o comando de Alexandre 2º. As filmagens foram feitas em um palácio abandonado na margem do rio Neva, em São Petersburgo.

Selfie”, de Nikolai Khomeriki

“SoulLess”, do escritor contemporâneo russo Serguêi Minaev, é a espinha dorsal desse filme, que foi incluído na mostra oficial Un Certain Regard, a segunda mais importante do Festival de Cannes. Minaev ficou conhecido por seus romances polêmicos sobre consumismo e corrupção na sociedade moderna, e a expectativa é que “Selfie” seja igualmente chocante. O longa retrata a história de Vladimir Bogdanov, um escritor bem-sucedido, espirituoso e cínico que certo dia perde tudo, depois de ser substituído por um sósia. O estilo de Minaev pode ser comparado com o do escritor francês Fréderic Beigberder e seu famoso romance “$29,99”. 

Crime e Castigo”, de Roman Doronin

Recriar um clássico como o romance atemporal de Fiódor Dostoiévski nunca será fácil, mas Roman Doronin botou para quebrar em seu novo filme – que será exibido no formato 360º. O ator alemão Til Schweiger encarna o personagem principal Rodion Raskólnikov. Há mais de 25 adaptações cinematográficas de “Crime e Castigo”, por isso, encontrar uma maneira nova de apresentar a história é um dos maiores desafios do cinema atual – tarefa cumprida com maestria por Doronin.

Involução”, de Pável Khvaleev

“Involução” é um filme russo-alemão do jovem diretor russo Pável Khvaleev, que inicialmente ganhou fama como DJ. Atualmente, porém, já tem dois outros filmes em seu currículo – “The Random” e “III”; o último foi exibido em mais de 20 festivais de cinema em 2015, nos EUA, na Austrália e na própria Rússia, e conquistou algumas estatuetas ao longo desse trajeto, incluindo o prêmio de Melhor Cinematografia no 9º Festival Internacional de Cinema de Byron Bay. Os críticos esperam que “Involução” siga o exemplo. Nesse longa ambientado no futuro, a teoria da evolução de Darwin é invertida: as pessoas começam a regredir, ameaçando a humanidade e o planeta.


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