Cientistas russos criam ratos fluorescentes para testar medicamentos e consequências da covid-19

Friso Gentsch/dpa/Global Look Press
Proteína verde GFP facilita a detecção de células e tecidos suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2 em ratos transgênicos.

Cientistas da Universidade Estatal de Pesquisa de Bélgorod e do Instituto de Biologia Genética da Academia das Ciências da Rússia criaram um novo tipo de ratos “humanizados” suscetíveis à infecção por coronavírus SARS-CoV-2.

De acordo com os autores do estudo, esses animais transgênicos ajudarão no estudo da patogênese e na realização de testes pré-clínicos de novas vacinas e medicamentos contra a covid-19. Os resultados do trabalho foram publicados na revista Transgenic Research.

A falta de animais de laboratório suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2 é o principal fator que limita o desenvolvimento de vacinas e medicamentos contra a covid-19, segundo os autores da pesquisa. Para resolver este problema, os cientistas russos conseguiram criar ratos transgênicos através da introdução de um gene que codifica o receptor humano para a entrada do SARS-CoV-2 na célula (ACE2) .

"O ACE2 humano está incorporado no genoma do rato como parte de uma estrutura complexa que permite a ativação transgênica em vários tecidos 'sob demanda'", afirmam os cientistas.

Segundo a agência de notícias russa Ria, isso permitirá estudar os mecanismos de danos a órgãos individuais, já que, após a ativação, somente os tecidos selecionados serão sensíveis ao vírus, e não o organismo inteiro. Além disso, essa abordagem torna possível regular a sensibilidade à covid-19, enquanto o modelo permanece biologicamente seguro, já que, antes da ativação, os ratos transgênicos são imunes ao SARS-CoV-2.

"O truque é que a construção transgênica é 'silenciada' antes de ser cruzada com ativadores especiais, os chamados de Cre-ratos. Eles podem ser usados para ativar a expressão do ACE2, ou seja, abrir as portas para o SARS-CoV-2, tanto em todo o corpo, como seletivamente em vários tecidos, incluindo os pulmões, rins ou cérebro", disse o diretor do centro de tecnologia genética Universidade Estatal de Pesquisa de Bélgorod, Aleksêi Deikin, à agência Ria.

Como parte do estudo, os cientistas também introduziram a proteína fluorescente verde GFP, que está localizada no receptor ACE2 humano e facilita a detecção de células e tecidos suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2.

Os especialistas acreditam que o novo tipo de ratos transgênicos permitirá acelerar o desenvolvimento de vacinas e medicamentos contra o coronavírus e ajudará a estudar o papel de vários órgãos na infecção por SARS-CoV-2 e no desenvolvimento de complicações associadas à doença.

Hoje, os ratos transgênicos estão sendo usados para pesquisas no Centro Nacional de Pesquisas de Virologia e Biotecnologia "Vektor" que pertence à agência de vigilância sanitária russa Rospotrebnadzor.

Os autores da pesquisa também declararam que pretendem avaliar o efeito do SARS-CoV-2 sobre a infertilidade masculina. Para isso, os cientistas pretendem infectar os ratos com o vírus após a ativação prévia do transgene em órgãos do sistema reprodutor masculino.

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