Tchukotka: a natureza etérea da região mais distante da Rússia

Viagem
ANNA SORÔKINA
A região mais oriental da Rússia parece outro planeta. Confira uma seleção de cenários “marcianos”, tundra colorida vista do alto e vida selvagem intocada, porém vizinha de seres humanos há séculos.

A Região Autônoma de Tchukotka é a mais oriental da Rússia e da Eurásia. E é muito diferente de todas as outras regiões do país. Trata-se de uma península coberta de tundra e permafrost, localizada entre os mares de Tchuktchi e Bering. Como sua maior parte fica acima do Círculo Ártico, é constantemente fria, chuvosa e com muito vento. Mas compensa com paisagens pitorescas que não são encontradas em nenhum outro lugar.

Ao contrário de quem imagina a tundra como planície chata e monótona, esse bioma conta com colinas, rios e muita flora. Somente 50.000 pessoas vivem nesta vasta área do tamanho de vários países europeus, sobretudo perto da costa – e pastores de renas nômades.

Um rio congelado correndo entre as colinas na tundra com pântanos e lagos nos entornos.

O Mar de Bering em meio ao nevoeiro. Este mar frio e turbulento separa os continentes da Ásia e da América do Norte. Suas águas só são vistas no verão; no resto do tempo, fica coberto de gelo.

Morsas enormes são as habitantes do Mar de Bering e têm até lugares favoritos onde se reúnem em grupos e rugem, papeando umas com as outras. É difícil chamar esses locais de viveiros, porque ficam bem na água.

O Mar de Tchuktchi, que banha a península no nordeste e deságua no Oceano Ártico, é ainda mais frio que o Mar de Bering. O gelo não derrete nem no verão, mas os ursos polares não se importam.

Tchukotka também abriga o ponto mais oriental da Rússia (e da Ásia), o chamado Cabo Dejnev – que foi assim nomeado em homenagem ao descobridor cossaco Semion Dejnev. 

Por incrível que pareça, no meio da tundra e do permafrost existem fontes subterrâneas de água fervente. Elas estão localizadas a 15 quilômetros da vila de Lorino, no leste da Península de Tchuktchi. As duas nascentes ficam próximas uma da outra, mas apresentam temperaturas diferentes, que variam de 40 a 60 graus Celsius.

A Ilha Wrangel, no nordeste de Tchukotka, está situada entre os hemisférios ocidental e oriental. O meridiano 180 passa por ela, convencionalmente dividindo o tempo entre hoje e amanhã (oficialmente, a linha foi movida por conveniência para a fronteira marítima Rússia-Estados Unidos). Mas não é possível atravessar a ilha a pé, pois ela é desabitada. Não é à toa que Wrangel foi apelidada de “a ilha dos ursos polares”.

O meridiano 180 também passa no território de Tchukotka neste exato ponto.

Eis um leito de rio seco ao longo das colinas perto do meridiano 180.

Colinas de Tchukotka na tundra vistas de um helicóptero.

Este é o Beco dos Ossos de Baleia na Ilha Ittigran, no Mar de Bering. O local está coberto com restos de mandíbulas de baleias cinzentas e baleias-da-groenlândia. Descoberto em 1976, o beco remonta aos séculos 14 a 16 e é considerado um antigo santuário esquimó. 

Esta é a estrada para a aldeia abandonada de Iultin, que atravessa o Círculo Polar. Na década de 1930, foi descoberto ali um dos maiores depósitos de estanho, volfrâmio e molibdênio do mundo. Nos anos 1990, devido à crise desencadeada após a queda da URSS, a produção industrial cessou, as empresas faliram e a população abandonou a vila.

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