A palavra russa tsentralnysignifica central. Na verdade, esse restaurante está localizado bem no coração do distrito governamental de São Petersburgo, a apenas cinco minutos a pé do instituto Smolny, que abrigou a sede bolchevique em 1917 e mais tarde se tornou a principal assembleia da elite política da cidade.
“Há muitas piadas sobre a má qualidade dos alimentos na URSS, mas não acho que sejam justas”, diz o fundador do restaurante, Leonid Garbar. “Tudo foi unificado e era cozido conforme os padrões (estatais) GOST – os mesmos para o serviço público de Kaliningrado a Vladivostok. Quando os chefs seguiam as regras e não economizavam nos produtos, tudo era saudável e saboroso”, acrescenta.
O restaurante oferece pratos soviéticos clássicos, como salada stolichny, vinagrete e kholodets (prato de carne e legumes envoltos em gelatina). “Aqui também revitalizamos algumas receitas locais: rassolnik de Leningrado, e as famosas costeletas Metropol com patê de fígado, que foram servidas no restaurante que recebeu convidados estrangeiros como Ronald Reagan e Jacques Chirac.
Esse local abriga uma confeitaria desde 1903, mas a Sever (que significa Norte) abriu em 1936. Os moradores locais dizem que o sabor de algumas especialidades não mudou nada, e várias receitas datam dos anos 1960 e 1970. Os mais tradicionais são kartochka, biscoito de amêndoa e bolo Sever com creme de chocolate.
“Durante os tempos soviéticos, poucas pessoas podiam comer fora em um restaurante”, diz Garbar. “Mas trazer os filhos para a Sever aos finais de semana era bastante comum.”
“Este é o nosso doce clássico”, diz Elena Borzova, de 34 anos. “Este é o gosto da minha infância, embora não me lembre exatamente do que gostava. Um grande bolo da Sever sempre foi um deleite para a família!”.
Atualmente, existem mais de 50 confeitarias Sever na cidade. Para muitos moscovitas, levar algumas de suas saborosas sobremesas para casa é uma lembrança perfeita de São Petersburgo.
Este aconchegante café celebrou seu 60º aniversário em novembro passado. Fundado como sorveteria, hoje serve pratos da culinária soviética como arenque sob casaco de pele e solianka. Os locais frequentam o café para shots rápidos de vodca ou sua especialidade – ‘chá com bálsamo’ (com teor alcoólico de 40%), que ajuda os clientes a sobreviverem aos invernos escuros e com ventos em São Petersburgo.
A clientela é formada principalmente com moradores do lado de Petrogrado da cidade (o distrito de São Petersburgo ao norte da Fortaleza de São Pedro e São Paulo), incluindo atores e cineastas dos estúdios da Lenfilm, que estão situados nas proximidades. O artista Vladímir Remenets esteve no Snejinka pela primeira vez há 20 anos e chegou a retratá-lo em uma de suas pinturas: “Eu e meus amigos fomos atraídos por suas enormes janelas panorâmicas. Nós morávamos em distritos diferentes e corríamos para esse lugar confortável para nos encontrarmos. A recepção calorosa dos funcionários, a comida deliciosa e o interior agradável tornam esse lugar o mais querido para mim”, disse Vladimir.
Embora seja chamado de café, esse lugar é mais parecido com um bar tipo riumotchnaia, para shots de vodca, encontrado especificamente em Leningrado.
Bancos de madeira simples, retratos de Lênin e Karl Marx, garçonetes mal-humoradas e um telefone retrô que promete ligações gratuitas para o revolucionário navio de guerra “Aurora” – tudo isso confere ao Mayak uma atmosfera especial.
A jornalista holandês-italiana Francesca Visser, que mora em São Petersburgo há dois anos, incluiu esse estabelecimento em sua resenha da cultura local de bebidas.
“Encontrei-o no site do [jornal britânico] Guardian e imediatamente me apaixonei. Fiquei impressionada com o poder das mulheres mais velhas que trabalham lá; quando querem fechar, apenas desligam a música, dizem a todos para sair, e ninguém se atreve a ficar mais nem um minuto”, descreveu Francesca.
O café está situado na rua Myakovskaya, que recebeu o nome em homenagem ao poeta soviético Vladímir Mayakovsky. Francesca observa que, embora a área esteja se tornando cada vez mais moderna, Mayak consegue manter sua autenticidade. O público é muito heterogêneo: de estudantes e torcedores de futebol a casais com seus 70 anos de idade, que podem morar em um apartamento comunal nas proximidades. “Parece-me que as pessoas que vão lá não se aproximam para conversar besteiras, as conversas sempre começam com uma questão ideológica mais profunda e depois as pessoas continuam falando sobre política, história e etc.”, continuou a jornalista.
Importante: não há menu em inglês, então, será útil convidar um amigo ou contratar um tradutor russo caso não fale o idioma.
Este café é uma reconstrução delicada de uma kvartira soviética, que significa apartamento em russo. É recheado de itens que toda família soviética tinha: um carpete na parede, um gramofone e um enorme armário com porcelana e vidro.
O suíço Maximilian Gassmann, que se apaixonou por São Petersburgo há quatro anos, durante um intercâmbio, levou sua namorada espanhola, Carla, para jantar no local. “Comemos frango Kiev, suco de bétula e arenque sob casaco de pele. A comida estava excelente, e a atmosfera, com toalhas de mesa quadriculadas e filmes de época em uma TV soviética, só a tornava melhor. Segundo Carla, foi até romântico.”
Enquanto esperam por seus pedidos, os visitantes podem se divertir com jogos de mesa populares como dominó. Dois restaurantes da cadeia estão situados em pitorescas zonas de pedestres e outro na Nevsky Prospekt – a principal rua comercial no centro de São Petersburgo.
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