Ursos grisalhos das Ilhas Curilas podem ser sinal de evolução, sugerem cientistas

Coloração incomum de ursos-pardos ajudaria os animais na caça aos peixes.

Ursos-pardos com pelugem grisalha são avistados há anos nas ilhas de Kunashir e Iturup, no arquipélago das Curilas, no Pacífico norte. Atualmente, não se sabe quantos existem nem há consenso sobre por que eles são diferentes de outros ursos-pardos – mas acredita-se que sua coloração tenha a ver com o instinto de sobrevivência.

Segundo o vice-diretor de pesquisa da Reserva Natural das Curilas, Evguêni Kozlovski, os ursos grisalhos representam cerca de 10% de todos os animais da espécie que habitam a ilha de Kunashir.

Esse tipo de coloração, porém, costuma variar; para alguns, surge apenas na cabeça, enquanto, em outros, no corpo inteiro”, diz Kozlovski.

Além de russos, cientistas dos EUA e do Japão estão envolvidos nessa pesquisa. Em 2013, por exemplo, uma delegação de japoneses esteve na Reserva Natural das Curilas para estudar os ursos. Embora ursos semelhantes possam ser encontrados na ilha japonesa de Hokkaido, a coloração branca é menos vívida e mais heterogênea.

De acordo com a teoria do professor japonês Yoshikazu Sato, da Universidade Rakuno Gakuen, essa coloração distinta se deve a uma mutação que, mais tarde, tornou-se predominante na população local, favorecendo sua capacidade de caçar.

Com base nas descobertas de cientistas canadenses, os ursos grisalhos que vivem ao longo da costa ocidental do Canadá são mais bem-sucedidos ao caçar peixes, porque as presas não conseguiam enxergar os ursos grisalhos contra o fundo do céu azul claro, enquanto os animais de cor escura poderiam ser vistos com mais facilidade. 

“Embora essa coloração mais clara (dourada ou grisalha) possa ser observada em diferentes populações de ursos-pardos, e até mesmo em diferentes tipos de ursos, tal cor resulta de uma mutação em diferentes cromossomos, por isso, a herança ocorre também de forma diferente em todos os lugares”, explica Kozlovski.

Para o cientista russo, apesar de o comportamento desses ursos exóticos não ser diferente do dos ursos-pardos comuns, alguns inspetores da reserva acreditam que eles tendem a ser menos agressivos.

O futuro dos ursos grisalhos, porém, permanece incerto. “Nós os estudamos há pouco tempo, então, é difícil dizer se estão crescendo ou diminuindo em número”, diz Kozlovski. “Nós gostaríamos de acreditar que eles não serão extintos e que vamos ver alguns deles entre os ursos das Curilas. Eles são muito bonitos”, conclui.

Os ursos parecem tranquilos, mas manter-se vigilante é crucial em caminhadas pela natureza russa. Se algum dia tiver essa oportunidade, confira antes nossas dicas.

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