Por que o pintor Iliá Répin comia feno?

Comida
MARIA BUNINA
No início do século 20, a sopa de feno era um dos pratos mais discutidos na capital imperial russa.

Os hóspedes da casa de campo do pintor Iliá Répin (1844-1930), localizada a uma curta distância ao norte de São Petersburgo, lembravam-se com perplexidade do menu estranho servido para almoço e jantar. O autor de pinturas famosas, como Rebocadores do VolgaIvan, o Terrível, e o Seu Filho Ivan em 16 de Novembro de 1581, servia a seus convidados bife de oxicoco, sopa de feno e outros pratos vegetarianos incomuns. Na verdade, eles eram todos preparados de acordo com as receitas de sua esposa.

A esposa de Répin, Natália Nordman-Severova, era vegetariana fervorosa e defensora de uma dieta de alimentos crus, o que chocava muitos na época. Em 1911, ela escreveu o Livro de Receita para os Famintos e o dedicou aos “supersatisfeitos”. A sopa de feno, uma das favoritas de Répin, figurava na obra.

A receita desta iguaria é simples: coloca-se o feno em um tacho juntamente com cebola picadinha, louro, pimenta e sal. Tudo isso é preparado em água fervente e, em seguida, usar brevemente um maçarico. Essa sopa, de acordo com Nordman-Severova, não só promove saciedade por 24 horas, como é ótima para os rins e também é adequada para fazer borsch vegetariana.

Em 1912, durante uma palestra sobre os benefícios da dieta vegetariana, Nordman-Severova disse:

“Muitas vezes me perguntam – como é que se come feno e ervas? Ficamos mastigando-os em casa, em uma baia ou em um prado, e quanto? Muitos consideram essa dieta uma piada; alguns até acham ofensivo que as pessoas possam se alimentar de coisas que antes eram dadas apenas para animais”.

O próprio Répin jamais reclamou da dieta. Pelo contrário, em carta a um amigo, escreveu: “Uma sopa de feno, de raízes, de ervas – esse é o elixir da vida. Saciedade total por nove horas. Meu corpo rejuvenesceu e ganhei mais resistência ao caminhar, mais força na ginástica e mais sucesso nas artes”.

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